Últimos dados do sistema de alerta Deter confirmam tendência de crescimento do desmatamento da Amazônia
Flagra de área desmatada próxima a Santarém, no Pará.
(Imagem: ©Otavio Almeida/Greenpeace)
O que foi má notícia no ano passado se anuncia antecipadamente como
pesadelo para 2015: o aumento no desmatamento da Amazônia, depois de
vários anos de queda, deve se confirmar com tendência em 2014 (assim que
a taxa oficial anual da derrubada de árvores na região este ano for
divulgada). Hoje, o INPE informou que os alertas de desmatamento na
região aumentaram 122% em agosto e setembro, comparados com o mesmo
período do ano passado. Segundo o Deter, foram desmatados 1.626 km² de
florestas nesse período.
Agosto e setembro são os dois primeiros meses que comporão a taxa
oficial de desmatamento em 2015. Por razões técnicas, o INPE (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais) monitora desmatamento entre agosto de
um ano e julho do próximo, – o chamado “ano fiscal do desmatamento”. Os
alertas são baseados em imagens de satélite que permitem análise rápida
por serem mais leves, dada a baixa resolução das imagens, e compõem o
Deter – o sistema de monitoramento em tempo real passado ao Ibama para
auxiliar no combate a ilegalidades na floresta. Sendo assim, os meses de
agosto e setembro de 2014 comporão os dois primeiros do “ano fiscal” de
2015.
Apesar de o sistema Deter ter um grau de imprecisão na medição, o
crescimento nesses dois primeiros meses de apuração da taxa de
desmatamento a ser considerada em 2015 é motivo para séria preocupação,
explica Paulo Adario, estrategista sênior do Greenpeace para florestas.
“O aumento dos números do Deter confirma uma tendência já apontada pelos
dados da ONG Imazon e acende a luz vermelha. Não há mais dúvidas: o
dragão do desmatamento acordou.”
“Essa é uma má notícia para o governo, que vinha se beneficiando da
imagem positiva criada pela queda no desmatamento, mas é acima de tudo
um pesadelo para a Amazônia e para o mundo. O desmatamento da Amazônia é
a principal contribuição do Brasil para a mudança climática. A floresta
perde cada vez mais cobertura e nós sentimos a consequência dessa
destruição para muito além das fronteiras da Amazônia, como na forte
estiagem que seca as torneiras no Sudeste.”
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