Em nota, Caixa é omissa e se esquiva de responsabilidade sobre as denúncias que relacionam o programa Construcard com a destruição da Amazônia
Atividade do Greenpeace em frente à Caixa Econômica Federal
para
denunciar a conexão do Construcard com a exploração ilegal
de madeira na
Amazônia (Greenpeace/Wenderson Araujo)
Após protesto de ativistas realizado ontem em frente à Caixa Econômica Federal, a
Caixa divulgou um comunicado, através da sua assessoria de imprensa,
para tentar esclarecer as denúncias de conexão do seu programa
Construcard com empresas envolvidas na exploração ilegal de madeira na
Amazônia, apresentadas pelo Greenpeace.
Na nota, a Caixa esclarece que compete aos órgãos ambientais a
fiscalização de irregularidades na aquisição de madeiras e outros
recursos naturais: “Uma vez constatada irregularidade por parte das
empresas conveniadas, a Caixa adota as medidas cabíveis, a partir da
apuração dos fatos junto aos órgãos competentes”.
É fato que a fiscalização da produção e comercialização da madeira e
outros produtos florestais compete aos órgãos ambientais. Mas, como
“maior agente financeiro da habitação”, a Caixa é responsável pelas
atividades que financia – direta ou indiretamente. Além disso, em sua
missão, ela própria diz ser um parceiro estratégico para políticas
públicas e afirma que a responsabilidade ambiental deve fazer parte do
negócio.
Desde maio de 2014, estamos denunciando que, por conta das falhas no
sistema de controle, grande parte da madeira extraída ilegalmente na
Amazônia chega ao mercado com documentação oficial. Em vez de enfrentar o
“X” da questão e assumir um compromisso verdadeiro com a proteção das
nossas florestas, a Caixa prefere se esconder atrás apenas da
verificação dos documentos oficiais, mesmo sabendo que os papéis do
governo NÃO são suficientes para garantir a origem e legalidade da
madeira e, portanto, a exploração sustentável da floresta.
Além disso, a Caixa – e apenas a Caixa – é responsável pela política
de credenciamento das lojas do programa Construcard. Ao optar em nada
fazer em relação às denúncias apresentadas, ela continua sendo parte do
problema, tornando os beneficiários do programa Construcard cúmplices
involuntários da destruição da Amazônia.
Na mesma nota, enviada ao Greenpeace por e-mail, a Caixa cita o
Programa Construção Sustentável, “que envolve um conjunto de medidas
para atendimento às normas e legislações que visa induzir as boas
práticas de construção, a exemplo do Selo Casa Azul, que certifica
projetos habitacionais”. O que a Caixa não diz é que, além de ser
voluntário, este selo não envolve os produtos por ela financiados.
Como instituição financeira pública, ligada ao governo federal, a
Caixa precisa dar uma sinalização imediata pela proteção das nossas
florestas, descredenciando as lojas conveniadas ao Construcard que
receberam madeira de planos de manejo denunciados pelo Greenpeace ou já
condenados por envolvimento com exploração ilegal e predatória de
madeira. Além disso, a Caixa precisa reformular sua política de
credenciamento de lojas para o programa Construcard, com a adoção de
garantias adicionais ao DOF (documento gerado a partir do sistema de
controle de madeira) para assegurar a origem e legalidade da madeira
Amazônica.
Em suas premissas, a Caixa se compromete a definir um método que
permita verificar a origem e a cadeia de produção dos insumos
madeireiros e florestais. Sendo assim, Caixa: chega de blábláblá, chega
de madeira ilegal. Se quiser passar a imagem de que está em dia com a
floresta e o meio ambiente, chegou a hora de agir e mostrar que, para o
programa ser legal, a madeira não será ilegal.
Veja a nota da Caixa:
Em relação às denúncias apresentadas de venda de madeira com
suposta origem ilegal por empresas de material de construção conveniadas
com o Construcard, a CAIXA esclarece que compete aos órgãos ambientais a
fiscalização de irregularidades na aquisição de madeiras e outros
recursos naturais. Uma vez constatada irregularidade por parte das
empresas conveniadas, a CAIXA adota as medidas cabíveis, a partir da
apuração dos fatos junto aos órgãos competentes.
O Construcard é uma linha de crédito para pessoa física adquirir
material de construção. A CAIXA tem mais de 60.000 empresas conveniadas
para vender material de construção por meio do Construcard, as quais
devem observar todas as normas e legislação aplicáveis aos fornecedores e
produtos oferecidos.
A CAIXA reforça seu compromisso com o desenvolvimento sustentável
e na adoção as melhores práticas de responsabilidade socioambiental no
crédito e na sua relação com sua cadeia de valor – clientes,
fornecedores, governos e comunidades. Como maior agente financeiro da
habitação, a CAIXA criou o Programa Construção Sustentável, que envolve
um conjunto de medidas para atendimento às normas e legislações e para
induzir as boas práticas de construção, a exemplo do Selo Casa Azul, que
certifica projetos habitacionais, a eficiência energética e
disseminação das energias renováveis, avaliação de terrenos suspeitos de
contaminação e a Ação Madeira Legal. A Ação Madeira Legal é um conjunto
de medidas articuladas entre CAIXA, IBAMA e Ministério do Meio Ambiente
para monitorar a origem das madeiras utilizadas em obras.
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