Supremo Tribunal Federal e Supremo Tribunal da Justiça negam pedido de
recurso da senadora Kátia Abreu para ação sobre danos morais.
Em 2009, três ativistas do Greenpeace foram detidos no Senado
após
tentarem entregar à senadora Kátia Abreu (DEM-TO) uma
faixa de Miss
Desmatamento. (©Felipe Barra/Greenpeace)
“Miss Desmatamento”. Esta menção (pouco) honrosa estampada em uma
faixa preta e amarela rendeu, em 2009, uma ação na Justiça por danos
morais por parte da senadora Kátia Abreu ao Greenpeace Brasil. Na semana
passada, o Supremo Tribunal Federal não aceitou o pedido de Kátia de
revisão da decisão do Tribunal de Justiça do Distrito Federal que foi
favorável à organização.
Já no ano passado, o Tribunal de Justiça havia afirmado que não houve
“abuso quanto ao exercício da liberdade de manifestação do pensamento,
uma vez que o movimento promovido pelo Greenpeace (aprovação da MP da
Amazônia) versa tão somente sobre fatos de indiscutível interesse
público.”
Há cinco anos, três ativistas do Greenpeace tentaram entregar à
senadora Katia Abreu a faixa de "Miss Desmatamento". Na época, ela era
relatora da MP 458 (Medida Provisória), conhecida como "MP da Grilagem"
por permitir a legalização da invasão de terras na Amazônia. A senadora e
presidente da CNA (Confederação Nacional da Agricultura), principal
órgão representativo do agronegócio brasileiro, ingressou então com uma
ação na Justiça pedindo indenização por danos morais.
De lá pra cá, a ação passou pelo Tribunal de Justiça do Distrito
Federal e a senadora Kátia pediu revisão da decisão ao Superior Tribunal
de Justiça e ao Supremo Tribunal Federal. Ambos negaram os recursos.
Em tempos em que o Brasil de Brasília, onde abundam os interesses
obscuros, se contrapõe ao Brasil das ruas, em que a população clama pelo
melhor uso de seus recursos, uma decisão como essa lembra a todos que a
liberdade de expressão é uma das ferramentas mais poderosas dos
cidadãos para questionarem o que está errado. Para o Greenpeace, Kátia
Abreu protagoniza a defesa de um modelo de produção predatório e
não-sustentável que estimula o desmatamento.
“A decisão da Justiça é histórica porque entende que, como senadora,
Kátia Abreu precisa dar satisfação de sua atuação pública, podendo ser
questionada por isso”, disse Cristiane Mazzetti, da campanha da Amazônia
do Greenpeace. “Trata-se de uma decisão que vai além do Greenpeace, é
uma decisão sobre democracia.”
O Greenpeace é uma organização não-governamental independente, que
atua em defesa do meio ambiente e da justiça social por meio de ações
não-violentas como forma de jogar luz sobre questões que colocam em
risco o interesse da sociedade brasileira e o bem-estar comum. É essa
independência que permite cumprir a missão de expor crimes ambientais e
de realizar denúncias.
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