Carregamento surpreendido pelo Greenpeace na Holanda na semana passada deve ser investigado pelas autoridades belgas
Ativistas holandeses surpreendem navio suspeito de carregar
madeira ilegal (© Greenpeace/Bas Beentjes)
Na quinta-feira passada, ativistas do Greenpeace surpreenderam um navio que se aproximava do Porto de Roterdã, na Holanda, com madeira exportada pela serraria Rainbow Trading, denunciada por receber e comercializar madeira ilegal.
A madeira será inspecionada pela alfândega de acordo com a Cites
(Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da
Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção), que controla o comércio de
espécies ameaçadas entre países signatários, como o Mogno e algumas
espécies de Cedro. No entanto, não é competência da alfândega avaliar a
origem da madeira.
Como o destino final dessa madeira é Antuérpia, na Bélgica, as
autoridades competentes holandesas alegam não ser de sua
responsabilidade realizar uma investigação, mas garantiram ao Greenpeace
que irão entrar em contato com as autoridades belgas para assegurar que
elas obtenham as informações necessárias sobre o carregamento para que
possam acompanhar a chegada da madeira e aplicar a EUTR (European Union
Timber Regulation) – legislação que proíbe a importação de madeira
ilegal para o mercado europeu. As autoridades competentes holandesas
disseram também que irão colaborar com as autoridades brasileiras para
que tomem atitudes.
Ainda não foi possível confirmar os resultados sobre a inspeção da
alfândega no Porto de Roterdã. No entanto, ela não traduz toda a
preocupação do Greenpeace em relação à origem da madeira, mesmo esta não
sendo espécie ameaçada. Apenas uma verificação no âmbito da EUTR
poderia ter algum efeito para apreensão e investigação dessa madeira.
Segundo nossas investigações, o navio carregava containers com Ipê,
madeira nobre da Amazônia, para ser descarregada na Bélgica. Esse foi o
terceiro carregamento indo da Rainbow para a Europa no ultimo mês.
“As empresas são obrigadas por lei a manter a madeira de alto risco
fora do mercado da União Europeia. Comprar madeira de serrarias como a
Rainbow Trading é o mesmo que descumprir a lei, já que sua origem foi
contaminada por madeira ilegal. Essa madeira deve ser apreendida e
investigada, e não vendida direto no mercado. As autoridades belgas
devem assumir as suas responsabilidades e as empresas devem ter pleno
controle de suas cadeias de abastecimento”, afirma Marina Lacôrte, da
Campanha da Amazônia do Greenpeace.
As empresas europeias que estão comprando madeira amazônica da
Rainbow Trading foram avisadas pelo Greenpeace de que estavam arriscando
comprar madeira ilegal – independentemente da pilha de documentação
oficial e papelada que acompanha essa madeira. Como o Greenpeace tem
mostrado desde maio na Campanha Chega de Madeira Ilegal,
a documentação oficial usada por madeireiros na Amazônia não serve para
assegurar a origem da madeira e não garante sua legalidade. Embora
oficias, esses documentos estão sendo usados para esquentar madeira
ilegal.
Ativistas protestam em Israel
Ativistas do Greenpeace ocuparam hoje, em Tel Aviv, a Home Center,
maior loja varejista do tipo “faça você mesmo” no país, que vende
madeira de origem amazônica para decks. Eles se acorrentaram dentro da
loja com faixas em que estava escrito: Salve a Amazônia e Pare a
extração de madeira ilegal. 11 ativistas foram presos e em seguida
liberados.
No início deste ano, a Home Center afirmou que todos os seus
fornecedores são “verdes”, e que eles estão usando um método que permite
que as árvores voltem a crescer depois de terem sido extraídas. No
entanto, isso não existe. A Home Center continua a vender madeira da
floresta amazônica, apesar de todas as denúncias sobre a exploração
madeireira ilegal na região. Hoje, a empresa pediu uma reunião com o
Greenpeace para discutir essa questão.
A investigação do Greenpeace de maio de 2014 revelou que a Home
Center está vendendo madeira da Amazônia, em especial o Ipê, que se
tornou uma das espécies mas usadas para a construção de decks. Segundo
a investigação, o Ipê está sendo importado para o Home Center pela
empresa Botvin, que tem dois principais fornecedores no Brasil: Ditzel e
SM Maderias. Ambas essas empresas estão extraindo madeira do estado do
Pará, onde quase 80 % de toda a exploração madeireira é ilegal. Além
disso, em 2014, pelo menos seis dos fornecedores da Ditzels no Pará
foram multados por comercializar madeira ilegal e tiveram sua atividade
comercial suspensa.
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