Durante Fórum de Agribusiness, diretor-executivo do Greenpeace
Internacional, Kumi Naidoo, fala sobre mudanças climáticas e segurança
alimentar
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, participou de debate sobre como o clima afeta a agricultura (©Paulo Pereira/Greenpeace)
“É possível que um país cresça, distribua sua riqueza e, ao mesmo tempo, preserve e proteja o meio ambiente. Com agroecologia é possível produzir alimentos orgânicos de qualidade.” Essa foi a frase que o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, pegou emprestada da presidenta Dilma Roussef para falar sobre segurança alimentar e desenvolvimento agrícola durante o debate “Clima afetando a geografia da agricultura” no Global Agribusiness Forum 2014.
Naidoo reforçou a importância de se falar dos impactos climáticos na agricultura e daqueles que são os mais afetados: as populações mais pobres nos países em desenvolvimento. Ainda ressaltou que enquanto a proposta do debate era discutir os efeitos das mudanças climáticas, a pergunta que na verdade deveria ser feita era “qual tipo de modelo de agricultura temos que adotar para evitá-las?”
Hoje, a forma como o Brasil produz alimentos é baseada em uso intensivo de químicos que degradam os recursos naturais dos quais os agricultores dependem – solo, água e biodiversidade – e é extremamente dependente de combustíveis fósseis que produzem os pesticidas e os fertilizantes. “Trata-se de um modelo mais vulnerável”, afirmou Naidoo durante sua apresentação.
Sobre modelos de agricultura, ele ainda disse que “hoje, há dois modelos paralelos. Um que é baseado em monoculturas que usam químicos de forma intensiva, enquanto há outro mais saudável para a população e para o planeta que é o de agricultura familiar ecológica”. E continuou afirmando que “o Brasil tem um papel único a desempenhar na escolha e adoção desse segundo modelo, mais apropriado para lidar com as mudanças climática.”
A agroecologia é uma forma do Brasil avançar na construção deste novo modelo de agricultura, ajudando a alcançar mitigação e adaptação das mudanças climáticas. Uma medida que poderia ser implementada imediatamente é a assinatura do decreto que estabelece o CAR (Cadastro Ambiental Rural).
Os outros participantes – da Embrapa, do Ministério de Meio Ambiente e do Climate Policy Initiative - abordaram as soluções tecnológicas para lidar com as incertezas climáticas, as políticas públicas nacionais e internacionais que já estão sendo colocadas em prática e a necessidade de alterações no modo de produção brasileiro e de vontade política para agir em relação às mudanças climáticas.
Falando para uma plateia que estava repleta de representantes do agronegócio, o diretor-executivo terminou sua fala com uma provocação. “A situação no Brasil ilustra os problemas e falhas do nosso sistema alimentar. A monocultura representa perda de diversidade na dieta nacional, o que por sua vez afeta a saúde pública. Acho que está claro que precisamos repensar o modelo de produção”, concluiu Naidoo.
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