Ativista que participou de protesto na sede da PEMEX no México pode
pegar até 10 anos de prisão por supostamente ter quebrado uma lâmpada
enquanto escalava o edifício.
Banner do presidente Enrique Peña Nieto, aberto no edifício da PEMEX em Vera Cruz, no México.
No início deste mês, seis ativistas do Greenpeace foram detidos pela secretaria da Marinha do México no porto de Veracruz,
um dos mais movimentados do mundo devido à sua localização estratégica.
Eles abriram um banner gigante após escalar o edifício sede da PEMEX, a
petrolífera do país, em protesto que pedia uma inclusão mais
representativa de energias renováveis na lei local de reforma
energética.
A imagem do banner fazia alusão a uma das capas da revista Time, que
trazia o presidente mexicano Enrique Peña Nieto com a afirmativa
‘salvando o México’. Na versão estilizada para a mensagem do Greenpeace,
foi acrescentada uma interrogação na frase, e o presidente aparecia com
o corpo e roupas manchadas de óleo.
O que seria apenas mais um procedimento comum, nos 20 anos de atividades
no país, porém, está se tornando mais um caso sem precedentes em tempos
de repressão velada e coerção de governos e empresas ao direito de se
manifestar de forma pacífica e criativa, chamando a atenção para
questões de interesse público.
Veja como foi a ação no vídeo abaixo:
Depois da novela russa com os 30 do Ártico, permeada de procedimentos
questionáveis – da abordagem às acusações e confinamento solitário dos
ativistas por 3 meses – agora é a Pemex que formaliza acusação
desproporcional, especialmente contra uma das ativistas que participou
do protesto.
Ativistas sendo conduzidos por viatura após ação (© Sara Escobar / Greenpeace).
Após encarar 28 horas de prisão no departamento da polícia federal
mexicana, Rosina González e os outros cinco ativistas foram soltos
mediante pagamento de fiança para acompanhar o desenrolar do processo em
liberdade. Todos foram acusados de "burglary in house", algo
como “arrombamento doméstico”, em tradução literal. Mas Rosina ganhou
uma acusação a mais. Por ter supostamente quebrado uma lâmpada durante a
escalada, a PEMEX decidiu apresentar contra ela acusação por “danos” no
prédio.
O Greenpeace reitera que ambas as acusações não fazem sentido e são
completamente desproporcionais à realidade dos fatos. Mas as autoridades
mexicanas não têm demonstrado disposição em retirá-las. A mais extrema é
a de danos ao patrimônio, já que na lei local ela é comparada com crime
de roubo. Por isso Rosina, se considerada culpada, pode ser sentenciada
com 4 a 10 anos de prisão. Por ter participado de um protesto pacífico,
e mais uma vez, supostamente quebrado uma lâmpada enquanto escalava o
edifício.
Fica claro que a PEMEX está querendo legitimizar um dano irreal e,
com essa acusação injusta, literalmente criminalizar uma manifestação
social. Aqui no Brasil, a violenta repressão policial às manifestações e
projetos legislativos como a “lei do terrorismo” pode nos levar a um
caminho ainda mais perigoso, onde ativistas e movimentos sociais são
tratados pelo governo como criminosos de alta periculosidade. Pior, como
terroristas. Por isso, também fomos às ruas, na última quinta-feira, pelo direito de estar na rua defendendo direitos.
No caso dos seis ativistas mexicanos e em especial de Rosina, já
existe uma reclamação formal contra a PEMEX e a Polícia Federal do
México protocolada na Comissão Nacional de Direitos Humanos. Também
promovemos uma ação online para que colaboradores e o público em geral
peça a retirada da acusação contra Rosina diretamente ao presidente da
PEMEX.
Clique aqui para enviar também a sua mensagem de apoio e pedir a retirada da acusação de danos formalizada contra Rosina.
Celebridades já estão ajudando a fazer mais pressão pelas redes
sociais. Durante os próximos dias, vamos precisar de muita ajuda para
criar pressão internacional e mudar os rumos do processo tal qual se
apresenta hoje. Por agora, pedimos ajuda para espalhar entre conhecidos e
familiares mais este atentado à liberdade de expressão, compartilhando o pedido ao CEO da PEMEX pela retirada das acusações contra Rosina.
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