Ativista que participou de protesto na sede da PEMEX no México pode
pegar até 10 anos de prisão por supostamente ter quebrado uma lâmpada
enquanto escalava o edifício.
Banner do presidente Enrique Peña Nieto, aberto no edifício da PEMEX em Vera Cruz, no México.
No início deste mês, seis ativistas do Greenpeace foram detidos pela secretaria da Marinha do México no porto de Veracruz,
um dos mais movimentados do mundo devido à sua localização estratégica.
Eles abriram um banner gigante após escalar o edifício sede da PEMEX, a
petrolífera do país, em protesto que pedia uma inclusão mais
representativa de energias renováveis na lei local de reforma
energética.
A imagem do banner fazia alusão a uma das capas da revista Time, que
trazia o presidente mexicano Enrique Peña Nieto com a afirmativa
‘salvando o México’. Na versão estilizada para a mensagem do Greenpeace,
foi acrescentada uma interrogação na frase, e o presidente aparecia com
o corpo e roupas manchadas de óleo.
O que seria apenas mais um procedimento comum, nos 20 anos de atividades
no país, porém, está se tornando mais um caso sem precedentes em tempos
de repressão velada e coerção de governos e empresas ao direito de se
manifestar de forma pacífica e criativa, chamando a atenção para
questões de interesse público.
Veja como foi a ação no vídeo abaixo:
Depois da novela russa com os 30 do Ártico, permeada de procedimentos
questionáveis – da abordagem às acusações e confinamento solitário dos
ativistas por 3 meses – agora é a Pemex que formaliza acusação
desproporcional, especialmente contra uma das ativistas que participou
do protesto.
Ativistas sendo conduzidos por viatura após ação (© Sara Escobar / Greenpeace).
Após encarar 28 horas de prisão no departamento da polícia federal
mexicana, Rosina González e os outros cinco ativistas foram soltos
mediante pagamento de fiança para acompanhar o desenrolar do processo em
liberdade. Todos foram acusados de "burglary in house", algo
como “arrombamento doméstico”, em tradução literal. Mas Rosina ganhou
uma acusação a mais. Por ter supostamente quebrado uma lâmpada durante a
escalada, a PEMEX decidiu apresentar contra ela acusação por “danos” no
prédio.
O Greenpeace reitera que ambas as acusações não fazem sentido e são
completamente desproporcionais à realidade dos fatos. Mas as autoridades
mexicanas não têm demonstrado disposição em retirá-las. A mais extrema é
a de danos ao patrimônio, já que na lei local ela é comparada com crime
de roubo. Por isso Rosina, se considerada culpada, pode ser sentenciada
com 4 a 10 anos de prisão. Por ter participado de um protesto pacífico,
e mais uma vez, supostamente quebrado uma lâmpada enquanto escalava o
edifício.
Fica claro que a PEMEX está querendo legitimizar um dano irreal e,
com essa acusação injusta, literalmente criminalizar uma manifestação
social. Aqui no Brasil, a violenta repressão policial às manifestações e
projetos legislativos como a “lei do terrorismo” pode nos levar a um
caminho ainda mais perigoso, onde ativistas e movimentos sociais são
tratados pelo governo como criminosos de alta periculosidade. Pior, como
terroristas. Por isso, também fomos às ruas, na última quinta-feira, pelo direito de estar na rua defendendo direitos.
No caso dos seis ativistas mexicanos e em especial de Rosina, já
existe uma reclamação formal contra a PEMEX e a Polícia Federal do
México protocolada na Comissão Nacional de Direitos Humanos. Também
promovemos uma ação online para que colaboradores e o público em geral
peça a retirada da acusação contra Rosina diretamente ao presidente da
PEMEX.
Clique aqui para enviar também a sua mensagem de apoio e pedir a retirada da acusação de danos formalizada contra Rosina.
Celebridades já estão ajudando a fazer mais pressão pelas redes
sociais. Durante os próximos dias, vamos precisar de muita ajuda para
criar pressão internacional e mudar os rumos do processo tal qual se
apresenta hoje. Por agora, pedimos ajuda para espalhar entre conhecidos e
familiares mais este atentado à liberdade de expressão, compartilhando o pedido ao CEO da PEMEX pela retirada das acusações contra Rosina.
xat
Monday, March 31, 2014
Mais proteção às baleias
CIJ suspende o programa de caça de baleias no Japão. (©Scott Portelli/Greenpeace)
Os juízes da CIJ (Corte Internacional de Justiça) declararam, hoje, a suspensão imediata do programa de caça às baleias, subsidiado pelo governo japonês. Conhecido como “Programa Científico de Baleias”, o projeto usava o nome como pretexto para, na verdade, caçar baleias na costa pacífica.
Além de contribuir para a extinção dos animais, o programa é prejudicial aos oceanos. A indústria da carne de baleia está entrando em colapso no Japão. Estatísticas apresentadas pelo Greenpeace, em pesquisa realizada no Japão, mostram que 80% dos entrevistados são contra a existência de navios baleeiros e 85% não sabiam que espécies raras de baleias eram alvos de navios japoneses no Oceano Antártico.
A historia da caça de baleias é desastrosa. De acordo com a pesquisa apresentada pela Austrália, o Japão caçou 10 mil baleias entre1987 e 2009. O ato já havia sido denunciado pelo Greenpeace, por grupos de ambientalistas e por governos ao redor do mundo, porém o Japão continuou com o programa, sob o pretexto de um projeto científico.
Em 2010, a Austrália, primeiro país a abraçar a causa, entrou com um processo na CIJ, denunciando o Japão sobre a prática de caça à baleia em escala comercial e de acobertá-la como um programa de investigação científica. Com apelo internacional e milhares de petições assinadas, a Corte Internacional proibiu a caça de baleias no país.
Diante da notícia, Tom Ganderton, da campanha de Oceanos do Greenpeace Austrália, disse que “precisamos dar um fim a caça comercial de baleias, para que possamos conservarmos as últimas populações de baleias do mundo que são atingidas pelo aquecimento global e pela pesca predatória”.
Com a suspenção do projeto japonês, a causa pela proteção das baleias ganha um grande aliado, a lei. “O Greenpeace continuará trabalhando ao redor do mundo defendendo as baleias e os oceanos. Hoje, temos que compartilhar esta boa notícia pelos seis continentes”, completou Ganderton.
Os juízes da CIJ (Corte Internacional de Justiça) declararam, hoje, a suspensão imediata do programa de caça às baleias, subsidiado pelo governo japonês. Conhecido como “Programa Científico de Baleias”, o projeto usava o nome como pretexto para, na verdade, caçar baleias na costa pacífica.
Além de contribuir para a extinção dos animais, o programa é prejudicial aos oceanos. A indústria da carne de baleia está entrando em colapso no Japão. Estatísticas apresentadas pelo Greenpeace, em pesquisa realizada no Japão, mostram que 80% dos entrevistados são contra a existência de navios baleeiros e 85% não sabiam que espécies raras de baleias eram alvos de navios japoneses no Oceano Antártico.
A historia da caça de baleias é desastrosa. De acordo com a pesquisa apresentada pela Austrália, o Japão caçou 10 mil baleias entre1987 e 2009. O ato já havia sido denunciado pelo Greenpeace, por grupos de ambientalistas e por governos ao redor do mundo, porém o Japão continuou com o programa, sob o pretexto de um projeto científico.
Em 2010, a Austrália, primeiro país a abraçar a causa, entrou com um processo na CIJ, denunciando o Japão sobre a prática de caça à baleia em escala comercial e de acobertá-la como um programa de investigação científica. Com apelo internacional e milhares de petições assinadas, a Corte Internacional proibiu a caça de baleias no país.
Diante da notícia, Tom Ganderton, da campanha de Oceanos do Greenpeace Austrália, disse que “precisamos dar um fim a caça comercial de baleias, para que possamos conservarmos as últimas populações de baleias do mundo que são atingidas pelo aquecimento global e pela pesca predatória”.
Com a suspenção do projeto japonês, a causa pela proteção das baleias ganha um grande aliado, a lei. “O Greenpeace continuará trabalhando ao redor do mundo defendendo as baleias e os oceanos. Hoje, temos que compartilhar esta boa notícia pelos seis continentes”, completou Ganderton.
Milhares de rugidos indignados para a P&G: Pelas florestas da Indonésia!
Imagens enviadas por ativistas, colaboradores e voluntários
do Greenpeace em ação, pedindo por produtos livres de desmatamento em 13
países.
A Procter & Gamble estava bem assustada com a mobilização mundial que aconteceu no último final de semana.
Acabamos de ter acesso à carta que a P&G enviou para seus parceiros (em inglês) na semana passada, alertando sobre nosso dia de ação global:
“...ao que parece o Greenpeace vai continuar com seus protestos. Alguns manifestantes já ensaiaram e executaram pequenas ações em locais públicos de diversos países e também engajaram colaboradores a enviar e-mails, fazer ligações e mandar cartas com reclamações para alguns de nossos clientes, fornecedores e parceiros.”
Bom, não há dúvidas que estamos causando uma mudança e todos que de alguma forma participaram são parte dessa vitória.
...Vamos parar somente quando a P&G tiver condições de garantir que seus produtos estão finalmente livres de desmatamento.
Uma solução real significa se comprometer com uma política realista e detalhada de não desmatamento, o quanto antes, seguindo os passos já dados pela Nestlé, L’Oreal, Colgate-Palmolive e tantas outras que se comprometeram publicamente a limpar suas cadeias produtivas.
Continue pressionando. Faça parte do movimento pelas florestas da Indonésia e diga para a P&G, a dona do Head & Shoulders, livrar seus produtos de desmatamento. E enquanto isso, fique atento às novidades e desdobramentos da campanha!
Cristiane Mazzeti é da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.
A Procter & Gamble estava bem assustada com a mobilização mundial que aconteceu no último final de semana.
Acabamos de ter acesso à carta que a P&G enviou para seus parceiros (em inglês) na semana passada, alertando sobre nosso dia de ação global:
“...ao que parece o Greenpeace vai continuar com seus protestos. Alguns manifestantes já ensaiaram e executaram pequenas ações em locais públicos de diversos países e também engajaram colaboradores a enviar e-mails, fazer ligações e mandar cartas com reclamações para alguns de nossos clientes, fornecedores e parceiros.”
Bom, não há dúvidas que estamos causando uma mudança e todos que de alguma forma participaram são parte dessa vitória.
Ativista vestido de tigre-de-sumatra abre faixa com recado
para a PG em frente a uma das sedes da empresa (© Jimmy Domingo /
Greenpeace).
Milhares de ativistas do Greenpeace em 13 países diferentes partiram para a ação, online e pelas ruas de suas cidades para exigir que a Procter & Gamble deixe de ser parte da destruição das florestas na Indonésia ao comprar óleo de palma de fornecedores questionáveis. Os ativistas contaram com o apoio de mais de 13 mil pessoas que participaram da nossa ação online #TigerRoar!
No Brasil realizamos atividades em 24 supermercados distribuídos em 8 capitais (Manaus, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Porto Alegre). O recado para consumidores e para a P&G foi claro: chega de desmatamento.
Praticamente 400 mil pessoas mandaram e-mails para o presidente da P&G cobrando comprometimento da empresa com a proteção das florestas. E ainda estão esperando uma resposta...
Milhares de ativistas do Greenpeace em 13 países diferentes partiram para a ação, online e pelas ruas de suas cidades para exigir que a Procter & Gamble deixe de ser parte da destruição das florestas na Indonésia ao comprar óleo de palma de fornecedores questionáveis. Os ativistas contaram com o apoio de mais de 13 mil pessoas que participaram da nossa ação online #TigerRoar!
No Brasil realizamos atividades em 24 supermercados distribuídos em 8 capitais (Manaus, Recife, Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Porto Alegre). O recado para consumidores e para a P&G foi claro: chega de desmatamento.
Praticamente 400 mil pessoas mandaram e-mails para o presidente da P&G cobrando comprometimento da empresa com a proteção das florestas. E ainda estão esperando uma resposta...
Uma solução real significa se comprometer com uma política realista e detalhada de não desmatamento, o quanto antes, seguindo os passos já dados pela Nestlé, L’Oreal, Colgate-Palmolive e tantas outras que se comprometeram publicamente a limpar suas cadeias produtivas.
Continue pressionando. Faça parte do movimento pelas florestas da Indonésia e diga para a P&G, a dona do Head & Shoulders, livrar seus produtos de desmatamento. E enquanto isso, fique atento às novidades e desdobramentos da campanha!
Cristiane Mazzeti é da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.
É hora da virada
Relatório do IPCC dá o alerta sobre impactos das mudanças climáticas. Nem precisava: os eventos extremos já estão aí. No Brasil, o setor de transportes virou grande emissor.
Representantes de ONG's pedem que políticos ajam imediatamente contra as mudanças climáticas durante publicação da segunda parte do relatório do IPCC (©Jeremie Souteyrat/Greenpeace)
Reunidos no Japão, centenas de cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgaram, hoje, o relatório “Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade”. O documento mostra o que muita gente ao redor do mundo já está sentindo na pele: as alterações no clima podem devastar territórios, acabar com vidas e deixar prejuízos que chegam a bilhões de dólares.
Se as consequências climáticas não têm fronteiras, as emissões de gases que provocam o aquecimento global também não. E o Brasil também tem sua cota de responsabilidade. Enquanto as emissões originadas do desmatamento reduziram substancialmente nos últimos anos, o setor de energia seguiu a rota oposta: de 1990 a 2012, houve um aumento de 126% nessas emissões. Uma das principais explicações para isso está no sistema de transportes do país. Pouco eficiente e alimentado largamente por combustíveis fósseis, as emissões do setor de transportes subiram 143% no mesmo período. É dali, aliás, que vêm 47% das emissões de energia.
“Os protestos que tomaram as ruas do país deixaram claro que os brasileiros não toleram mais um sistema de transporte público decadente. Essa demanda é necessária por uma questão social mas também ambiental. Investir em transportes de massa é a saída mais inteligente para resolver essas duas questões latentes”, diz Cristina Amorim, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
No entanto, há uma outra face da moeda nessa questão. Nas próximas décadas, a estimativa é que a frota de veículos no Brasil continue crescendo. Portanto, a indústria de automóveis também não pode se isentar da responsabilidade que tem no agravamento das mudanças climáticas. Se vários países têm adotado metas avançadas de eficiência energética, o Brasil continua produzindo carros com tecnologia antiga. “Estamos colocando nas ruas veículos que consomem mais combustível e emitem mais gases do efeito estufa. A indústria automobilística precisa investir mais em eficiência e, principalmente, na pesquisa e no desenvolvimento de carros elétricos”, defende Amorim.
Sobre desmatamento, apesar de sua significativa redução, a história está longe do fim. Todo ano, mais de quatro mil km2 de floresta são derrubados e toneladas de carbono vão parar na atmosfera. Além disso, pouco foi feito para que o país se adapte às mudanças climáticas, como é visto quando enchentes e secas acontecem e ameaçam a segurança energética nacional.
É o que temos visto recentemente. No Norte do Brasil, o rio Madeira transborda, e as enchentes impactam milhares de pessoas. No Sudeste, os reservatórios secam e o governo da maior cidade do Brasil liga o alerta. O cenário de desequilíbrio se repete, simultaneamente, em outros pontos do globo: cheias e estiagens recordes assolam Reino Unido, Califórnia e Austrália. Um inverno rigoroso chega aos Estados Unidos e um tufão varre as Filipinas. Tudo nos últimos meses.
“Atravessamos uma séria crise global e, assim como nossas escolhas nos levaram a esse cenário, são elas também que podem evitar estragos maiores”, afirma Cristina Amorim, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace. “Insistir em fontes sujas de energia, como petróleo e carvão, é receita para mais eventos climáticos extremos e perigosos. Precisamos investir agora em fontes limpas e renováveis, para controlar as mudanças climáticas e dar segurança para esta e as futuras gerações."
Os desafios, portanto, não são poucos. Mas são necessários e viáveis. “O Brasil tem um imenso potencial para ser pioneiro em uma revolução nas políticas energética e florestal. A crise climática já não é algo distante. Ela está aí, batendo à porta. Precisamos fazer as escolhas certas para definir o futuro que a gente quer deixar para os nossos filhos e netos”, diz Cristina.
Representantes de ONG's pedem que políticos ajam imediatamente contra as mudanças climáticas durante publicação da segunda parte do relatório do IPCC (©Jeremie Souteyrat/Greenpeace)
Reunidos no Japão, centenas de cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) divulgaram, hoje, o relatório “Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade”. O documento mostra o que muita gente ao redor do mundo já está sentindo na pele: as alterações no clima podem devastar territórios, acabar com vidas e deixar prejuízos que chegam a bilhões de dólares.
Se as consequências climáticas não têm fronteiras, as emissões de gases que provocam o aquecimento global também não. E o Brasil também tem sua cota de responsabilidade. Enquanto as emissões originadas do desmatamento reduziram substancialmente nos últimos anos, o setor de energia seguiu a rota oposta: de 1990 a 2012, houve um aumento de 126% nessas emissões. Uma das principais explicações para isso está no sistema de transportes do país. Pouco eficiente e alimentado largamente por combustíveis fósseis, as emissões do setor de transportes subiram 143% no mesmo período. É dali, aliás, que vêm 47% das emissões de energia.
“Os protestos que tomaram as ruas do país deixaram claro que os brasileiros não toleram mais um sistema de transporte público decadente. Essa demanda é necessária por uma questão social mas também ambiental. Investir em transportes de massa é a saída mais inteligente para resolver essas duas questões latentes”, diz Cristina Amorim, coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
No entanto, há uma outra face da moeda nessa questão. Nas próximas décadas, a estimativa é que a frota de veículos no Brasil continue crescendo. Portanto, a indústria de automóveis também não pode se isentar da responsabilidade que tem no agravamento das mudanças climáticas. Se vários países têm adotado metas avançadas de eficiência energética, o Brasil continua produzindo carros com tecnologia antiga. “Estamos colocando nas ruas veículos que consomem mais combustível e emitem mais gases do efeito estufa. A indústria automobilística precisa investir mais em eficiência e, principalmente, na pesquisa e no desenvolvimento de carros elétricos”, defende Amorim.
Sobre desmatamento, apesar de sua significativa redução, a história está longe do fim. Todo ano, mais de quatro mil km2 de floresta são derrubados e toneladas de carbono vão parar na atmosfera. Além disso, pouco foi feito para que o país se adapte às mudanças climáticas, como é visto quando enchentes e secas acontecem e ameaçam a segurança energética nacional.
É o que temos visto recentemente. No Norte do Brasil, o rio Madeira transborda, e as enchentes impactam milhares de pessoas. No Sudeste, os reservatórios secam e o governo da maior cidade do Brasil liga o alerta. O cenário de desequilíbrio se repete, simultaneamente, em outros pontos do globo: cheias e estiagens recordes assolam Reino Unido, Califórnia e Austrália. Um inverno rigoroso chega aos Estados Unidos e um tufão varre as Filipinas. Tudo nos últimos meses.
“Atravessamos uma séria crise global e, assim como nossas escolhas nos levaram a esse cenário, são elas também que podem evitar estragos maiores”, afirma Cristina Amorim, coordenadora da Campanha de Clima do Greenpeace. “Insistir em fontes sujas de energia, como petróleo e carvão, é receita para mais eventos climáticos extremos e perigosos. Precisamos investir agora em fontes limpas e renováveis, para controlar as mudanças climáticas e dar segurança para esta e as futuras gerações."
Os desafios, portanto, não são poucos. Mas são necessários e viáveis. “O Brasil tem um imenso potencial para ser pioneiro em uma revolução nas políticas energética e florestal. A crise climática já não é algo distante. Ela está aí, batendo à porta. Precisamos fazer as escolhas certas para definir o futuro que a gente quer deixar para os nossos filhos e netos”, diz Cristina.
Saturday, March 29, 2014
Dia de ação global pelas florestas da Indonésia
Hoje é o dia de ação global pelas florestas da Indonésia. A mobilização mundial está acontecendo em 13 países,
com diferentes ações pelas ruas e atividades online. O pedido é para
que a Procter & Gamble, dona de marcas famosas como o Head & Shoulders, pare de utilizar em seus produtos óleo de palma que causa desmatamento.
Quer participar, fazer parte deste movimento? Então compartilhe nas redes sociais, usando a hashtag #TigerRoar, a humilde e descontraída homenagem que fizemos para pressionar a P&G e seus executivos a mudarem de postura. O vídeo-paródia do shampoo ‘namber uãm em desmateichon in de uordi’:
Voluntários do Greenpeace Brasil estão fazendo atividades em supermercados de algumas capitais brasileiras (Manaus, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Porto Alegre) para informar os consumidores de um segredinho: que estão sendo feitos de cúmplices da destruição florestal. Além de enviar um recado claro e direto à P&G: Chega de desmatamento.
Confira também fotos de apoiadores e de outras atividades que aconteceram pelo mundo. Clique aqui
O problema entre a P&G e as florestas da Indonésia
Praticamente metade dos produtos que você encontra no supermercado contém óleo de palma, que é um ingrediente comum em detergentes, shampoos, cosméticos e outros produtos que a P&G fabrica.
O problema não é a sua utilização, mas sim as práticas predatórias utilizadas por fornecedores de óleo de palma da Procter & Gamble que estão destruindo as florestas da Indonésia, casa de animais raros e ameaçados como o tigre-de-sumatra.
Mais de 400 mil pessoas já enviaram mensagens para o presidente da Procter & Gamble, pedindo que a empresa se comprometa verdadeiramente com a proteção das florestas. No entanto, ao contrário de marcas como a Nestlé, Unilever, Colgate e L’oreal, que assumiram um compromisso para eliminar o desmatamento de seus produtos, a P&G continua ignorando o pedido de milhares de consumidores.
Por isso continuamos fazendo pressão até que a eles deixem de ser parte do problema do desmatamento na Indonésia. E hoje é um dia muito importante para isso.
Quer participar?
Veja algumas atitudes práticas e eficientes que você pode tomar para fortalecer o movimento hoje:
- Compartilhe o vídeo paródia da P&G – Singing Desmateition. Não esqueça de colocar a hashtag #TigerRoar
- Envie sua mensagem para o presidente da P&G pedindo produtos livres de desmatamento. Acesse: www.greenpeace.org.br/segredo-sujo
- Confira aqui as fotos das atividades mundiais, muitas pessoas estão tirando suas fotos e postando com a hashtag como forma de protesto. Faça a sua também!
Só a partir da mobilização de milhares de pessoas é que teremos chances reais de mudar essa situação e proteger nossas florestas e aqueles que delas vivem e dependem. Seja parte dela, participe!
O Greenpeace atua para acabar com o desmatamento nas principais florestas tropicais do mundo no Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo. Clique aqui para saber mais sobre a campanha brasileira.
Cristiane Mazzeti é da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.
Quer participar, fazer parte deste movimento? Então compartilhe nas redes sociais, usando a hashtag #TigerRoar, a humilde e descontraída homenagem que fizemos para pressionar a P&G e seus executivos a mudarem de postura. O vídeo-paródia do shampoo ‘namber uãm em desmateichon in de uordi’:
Voluntários do Greenpeace Brasil estão fazendo atividades em supermercados de algumas capitais brasileiras (Manaus, Recife, Salvador, Belo Horizonte, Brasília, São Paulo e Porto Alegre) para informar os consumidores de um segredinho: que estão sendo feitos de cúmplices da destruição florestal. Além de enviar um recado claro e direto à P&G: Chega de desmatamento.
Confira também fotos de apoiadores e de outras atividades que aconteceram pelo mundo. Clique aqui
O problema entre a P&G e as florestas da Indonésia
Praticamente metade dos produtos que você encontra no supermercado contém óleo de palma, que é um ingrediente comum em detergentes, shampoos, cosméticos e outros produtos que a P&G fabrica.
Ativista do Greenpeace e líder comunitário local seguram
banner dentro de concessão de fornecedora de óleo de palma da Procter
& Gamble na Indonésia, em protesto contra a destruição das florestas
tropicais (© Ardiles Rante / Greenpeace).
O problema não é a sua utilização, mas sim as práticas predatórias utilizadas por fornecedores de óleo de palma da Procter & Gamble que estão destruindo as florestas da Indonésia, casa de animais raros e ameaçados como o tigre-de-sumatra.
Mais de 400 mil pessoas já enviaram mensagens para o presidente da Procter & Gamble, pedindo que a empresa se comprometa verdadeiramente com a proteção das florestas. No entanto, ao contrário de marcas como a Nestlé, Unilever, Colgate e L’oreal, que assumiram um compromisso para eliminar o desmatamento de seus produtos, a P&G continua ignorando o pedido de milhares de consumidores.
Por isso continuamos fazendo pressão até que a eles deixem de ser parte do problema do desmatamento na Indonésia. E hoje é um dia muito importante para isso.
Quer participar?
Veja algumas atitudes práticas e eficientes que você pode tomar para fortalecer o movimento hoje:
- Compartilhe o vídeo paródia da P&G – Singing Desmateition. Não esqueça de colocar a hashtag #TigerRoar
- Envie sua mensagem para o presidente da P&G pedindo produtos livres de desmatamento. Acesse: www.greenpeace.org.br/segredo-sujo
- Confira aqui as fotos das atividades mundiais, muitas pessoas estão tirando suas fotos e postando com a hashtag como forma de protesto. Faça a sua também!
Só a partir da mobilização de milhares de pessoas é que teremos chances reais de mudar essa situação e proteger nossas florestas e aqueles que delas vivem e dependem. Seja parte dela, participe!
O Greenpeace atua para acabar com o desmatamento nas principais florestas tropicais do mundo no Brasil, Indonésia e República Democrática do Congo. Clique aqui para saber mais sobre a campanha brasileira.
Cristiane Mazzeti é da campanha de florestas do Greenpeace Brasil.
Friday, March 28, 2014
Brasil é criticado na OEA por abuso de direitos
Josias Munduruku, Alaíde Silva e Eduardo Baker, da Amazon
Watch, criticam uso da suspensão de segurança em audiência na OEA.
Na semana em que o Brasil lembra os 50 anos do golpe de 1964, o Estado brasileiro foi questionado publicamente nesta sexta-feira (28), na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre o uso de uma legislação que marcou a Ditadura Militar. Representantes de organizações da sociedade civil e lideranças indígenas estiveram presentes na audiênia, em Washington (EUA), para denunciar a chamada “suspensão de segurança”, instrumento que hoje vem atropelando direitos conquistados constitucionalmente, em especial de populações indígenas e tradicionais e relativos ao meio ambiente, para defender grandes interesses econômicos.
Instados pelo governo e grandes empresas, presidentes de tribunais vêm lançando mão da medida, pela qual podem suspender unilateralmente decisões de instâncias inferiores diante de um suposto risco de “ocorrência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas”. Em suma, esse instrumento permite cassar decisões que esses presidentes julguem impertinentes, mesmo que elas não façam mais do que aplicar a lei em vigor no país.
O uso notório dessa medida se dá principalmente para suspender decisões dos tribunais sobre a ilegalidade de grandes empreendimentos. A suspensão de segurança foi usada, por exemplo, contra os direitos de comunidades afetadas pelas hidrelétricas de Belo Monte (PA) e Teles Pires (MT), e pela estrada de ferro de Carajás (PA/MA).
Entretanto, artigos da Constituição e tratados internacionais referendados pelo Brasil têm sido descumpridos pelo uso desse instrumento. Um dos mais importantes deles é a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que dita que qualquer medida administrativa ou empreendimento que afete territórios indígenas e tradicionais exige a consulta prévia, livre e informada às comunidades atingidas.
O líder indígena Josias Munduruku (PA), Alaíde Silva, morador de Buriticupu (MA), município atravessado pela estrada de ferro de Carajás, e a juíza federal Célia Bernardes, da Associação Juízes pela Democracia, foram alguns dos representantes de organizações civis e vítimas diretas da suspensão de segurança que estiveram na comissão para denunciar esse instrumento autoritário como uma ameaça ao Estado de Direito no Brasil.
“Sofremos com as consequências das barragens que estão sendo construídas em cinco de nossos rios. Só na minha aldeia, 250 famílias serão afetadas”, lembrou Josias, que representa os 13 mil indígenas do povo Munduruku, distribuídos por 118 aldeias ao longo do rio Tapajós.
“O Ministério Publico Federal apresentou uma ação na Justiça para parar as obras no Tapajós, mas o governo derruba tudo, usando a Suspensão de Segurança. As obras continuam. O governo não fez consulta prévia aos índios. Nossas famílias nunca foram consultadas e isso, para nós, é quase uma declaração de guerra. Não queremos barragem e queremos ser consultados sobre o que nos afeta. Queremos ver preservados os nossos rios e santuários sagrados. Fazemos protestos para reconhecerem nossos direitos, mas o governo segue sem reconhecer nossos líderes e nossas reivindicações”, completou.
Uma decisão proferida pela Juiza Célia Bernardes sobre a necessidade de consulta prévia ao povos indígenas Munduruku, Kayabi e Apiaká, no caso da usina hidrelétrica de Teles Pires, foi suspensa unilateralmente pelo Presidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1), com seus efeitos se mantendo até o trânsito em julgado, conforme lembrado em seu depoimento.
Quanto à obra de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, Alaíde Silva declarou: "Mesmo sendo uma nova ferrovia de quase 900km, não foi feito EIA-RIMA [Estudo de Impacto Ambiental], nem audiências públicas. Tive que sair de Buriticupu e viajar a três cidades diferentes, para finalmente poder falar por três minutos em uma das poucas reuniões que o Ibama fez sobre a obra. Graças a essa tal de suspensão de segurança, a licença foi liberada logo depois e tudo o que as pessoas como eu falaram foi ignorado."
Leia aqui o documento apresentado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
O exemplo de Belo Monte
Um dos grandes exemplos do uso dessa medida é o controverso projeto da usina de Belo Monte (PA). A suspensão de segurança foi várias vezes aplicada pela presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) sob o argumento de que paralisar Belo Monte poderia ameaçar a segurança econômica do país.
Nesta quarta (26), a 5ª turma do TRF-1 julgou a apelação do Ministério Público Federal referente à Ação Civil Pública que apontou uma série de irregularidades no processo de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e da concessão da Licença Previa (LP) da usina de Belo Monte, que permitiu que o projeto fosse à leilão em 2010.
A decisão final dos desembargadores foi o estabelececimento de um prazo de 10 dias (a partir da publicação oficial da decisão) para que o Ibama, como órgão fiscalizador e licenciador, determine ao consorcio Norte Energia que realize novo EIA, considerando todas as contribuições das audiências publicas, sob pena de invalidar a Licença Prévia.
O Greenpeace considera este um exempo claro de como a suspensão de segurança tem sido usada para atropelar o processo de licenciamento e fazer passar, a qualquer custo, empreendimentos de interesse estritamente econômicos sem o devido respeito aos estudos de impacto ambiental e aos direitos das populações diretamente atingidas.
Na semana em que o Brasil lembra os 50 anos do golpe de 1964, o Estado brasileiro foi questionado publicamente nesta sexta-feira (28), na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), sobre o uso de uma legislação que marcou a Ditadura Militar. Representantes de organizações da sociedade civil e lideranças indígenas estiveram presentes na audiênia, em Washington (EUA), para denunciar a chamada “suspensão de segurança”, instrumento que hoje vem atropelando direitos conquistados constitucionalmente, em especial de populações indígenas e tradicionais e relativos ao meio ambiente, para defender grandes interesses econômicos.
Instados pelo governo e grandes empresas, presidentes de tribunais vêm lançando mão da medida, pela qual podem suspender unilateralmente decisões de instâncias inferiores diante de um suposto risco de “ocorrência de grave lesão à ordem, à saúde, à segurança e à economia públicas”. Em suma, esse instrumento permite cassar decisões que esses presidentes julguem impertinentes, mesmo que elas não façam mais do que aplicar a lei em vigor no país.
O uso notório dessa medida se dá principalmente para suspender decisões dos tribunais sobre a ilegalidade de grandes empreendimentos. A suspensão de segurança foi usada, por exemplo, contra os direitos de comunidades afetadas pelas hidrelétricas de Belo Monte (PA) e Teles Pires (MT), e pela estrada de ferro de Carajás (PA/MA).
Entretanto, artigos da Constituição e tratados internacionais referendados pelo Brasil têm sido descumpridos pelo uso desse instrumento. Um dos mais importantes deles é a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que dita que qualquer medida administrativa ou empreendimento que afete territórios indígenas e tradicionais exige a consulta prévia, livre e informada às comunidades atingidas.
O líder indígena Josias Munduruku (PA), Alaíde Silva, morador de Buriticupu (MA), município atravessado pela estrada de ferro de Carajás, e a juíza federal Célia Bernardes, da Associação Juízes pela Democracia, foram alguns dos representantes de organizações civis e vítimas diretas da suspensão de segurança que estiveram na comissão para denunciar esse instrumento autoritário como uma ameaça ao Estado de Direito no Brasil.
“Sofremos com as consequências das barragens que estão sendo construídas em cinco de nossos rios. Só na minha aldeia, 250 famílias serão afetadas”, lembrou Josias, que representa os 13 mil indígenas do povo Munduruku, distribuídos por 118 aldeias ao longo do rio Tapajós.
“O Ministério Publico Federal apresentou uma ação na Justiça para parar as obras no Tapajós, mas o governo derruba tudo, usando a Suspensão de Segurança. As obras continuam. O governo não fez consulta prévia aos índios. Nossas famílias nunca foram consultadas e isso, para nós, é quase uma declaração de guerra. Não queremos barragem e queremos ser consultados sobre o que nos afeta. Queremos ver preservados os nossos rios e santuários sagrados. Fazemos protestos para reconhecerem nossos direitos, mas o governo segue sem reconhecer nossos líderes e nossas reivindicações”, completou.
Uma decisão proferida pela Juiza Célia Bernardes sobre a necessidade de consulta prévia ao povos indígenas Munduruku, Kayabi e Apiaká, no caso da usina hidrelétrica de Teles Pires, foi suspensa unilateralmente pelo Presidente do Tribunal Regional Federal da 1a Região (TRF-1), com seus efeitos se mantendo até o trânsito em julgado, conforme lembrado em seu depoimento.
Quanto à obra de duplicação da Estrada de Ferro Carajás, Alaíde Silva declarou: "Mesmo sendo uma nova ferrovia de quase 900km, não foi feito EIA-RIMA [Estudo de Impacto Ambiental], nem audiências públicas. Tive que sair de Buriticupu e viajar a três cidades diferentes, para finalmente poder falar por três minutos em uma das poucas reuniões que o Ibama fez sobre a obra. Graças a essa tal de suspensão de segurança, a licença foi liberada logo depois e tudo o que as pessoas como eu falaram foi ignorado."
Leia aqui o documento apresentado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
O exemplo de Belo Monte
Um dos grandes exemplos do uso dessa medida é o controverso projeto da usina de Belo Monte (PA). A suspensão de segurança foi várias vezes aplicada pela presidência do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) sob o argumento de que paralisar Belo Monte poderia ameaçar a segurança econômica do país.
Nesta quarta (26), a 5ª turma do TRF-1 julgou a apelação do Ministério Público Federal referente à Ação Civil Pública que apontou uma série de irregularidades no processo de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e da concessão da Licença Previa (LP) da usina de Belo Monte, que permitiu que o projeto fosse à leilão em 2010.
A decisão final dos desembargadores foi o estabelececimento de um prazo de 10 dias (a partir da publicação oficial da decisão) para que o Ibama, como órgão fiscalizador e licenciador, determine ao consorcio Norte Energia que realize novo EIA, considerando todas as contribuições das audiências publicas, sob pena de invalidar a Licença Prévia.
O Greenpeace considera este um exempo claro de como a suspensão de segurança tem sido usada para atropelar o processo de licenciamento e fazer passar, a qualquer custo, empreendimentos de interesse estritamente econômicos sem o devido respeito aos estudos de impacto ambiental e aos direitos das populações diretamente atingidas.
Brasil é questionado sobre direito de manifestar
Em manifestação contra a Copa, em São Paulo, Greenpeace
esteve presente defendendo o direito de se manifestar por direitos e de
forma pacífica (©Brunno Marchetii/Greenpeace)
Em audiência pública organizada pela OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a atuação do Brasil nas manifestações de rua, o governo esteve frente a frente com a sociedade civil – representada por organizações de direitos humanos como Conectas, Justiça Global, Artigo 19, entre outras – e foi questionado sobre casos de violência policial, criminalização dos manifestantes, leis de exceção e repressão a jornalistas e a advogados.
A audiência começou com as organizações defendendo a liberdade de expressão, pedra fundamental da existência de um regime democrático, e cobrando do Estado a defesa e a promoção do mesmo. Foram expostas as violações de direitos humanos, a repressão policial e a criminalização dos manifestantes durante os protestos que tem ocorrido desde junho de 2013 em todo o Brasil.
Dentre os principais instrumentos utilizados pelo Estado na tentativa de suprimir o exercício da liberdade de expressão estão não apenas a violência, mas a condução ou detenção para averiguação ou por desacato, flagrantes forjados, quebra de sigilo, espionagem através das redes sociais, entre tantos outros.
A fala das organizações terminou com recomendações para o governo como necessidade de posicionamento em relação a desmilitarização da polícia, identificação clara e visível à distância dos policiais durante manifestação, e a existência de órgãos independentes de monitoramento da segurança pública.
Os representantes do governo brasileiro responderam afirmando enxergar os protestos como parte do processo de construção da democracia e das mudanças sociais. “Ouvimos e compreendemos as vozes das ruas que exigiam mais direitos, mais participação e mais conquistas sociais”, afirmou o embaixador Carlos Paranhos.
Ainda segundo o embaixador, a resposta aos pedidos da sociedade veio em forma de cinco pactos – pela corrupção, pela reforma política, mobilidade urbana e transporte público, reforma urbana, educação e saúde, pela responsabilidade fiscal –, demonstrando o compromisso do governo com a sociedade civil e debatendo e aceitando suas contribuições.
A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) ouviu ambas as partes, questionou-as sobre pontos que não haviam sido esclarecidos e encerrou a audiência. O documento que foi entregue pelas organizações à Comissão estará disponível para o público em breve.
Em audiência pública organizada pela OEA (Organização dos Estados Americanos) sobre a atuação do Brasil nas manifestações de rua, o governo esteve frente a frente com a sociedade civil – representada por organizações de direitos humanos como Conectas, Justiça Global, Artigo 19, entre outras – e foi questionado sobre casos de violência policial, criminalização dos manifestantes, leis de exceção e repressão a jornalistas e a advogados.
A audiência começou com as organizações defendendo a liberdade de expressão, pedra fundamental da existência de um regime democrático, e cobrando do Estado a defesa e a promoção do mesmo. Foram expostas as violações de direitos humanos, a repressão policial e a criminalização dos manifestantes durante os protestos que tem ocorrido desde junho de 2013 em todo o Brasil.
Dentre os principais instrumentos utilizados pelo Estado na tentativa de suprimir o exercício da liberdade de expressão estão não apenas a violência, mas a condução ou detenção para averiguação ou por desacato, flagrantes forjados, quebra de sigilo, espionagem através das redes sociais, entre tantos outros.
A fala das organizações terminou com recomendações para o governo como necessidade de posicionamento em relação a desmilitarização da polícia, identificação clara e visível à distância dos policiais durante manifestação, e a existência de órgãos independentes de monitoramento da segurança pública.
Os representantes do governo brasileiro responderam afirmando enxergar os protestos como parte do processo de construção da democracia e das mudanças sociais. “Ouvimos e compreendemos as vozes das ruas que exigiam mais direitos, mais participação e mais conquistas sociais”, afirmou o embaixador Carlos Paranhos.
Ainda segundo o embaixador, a resposta aos pedidos da sociedade veio em forma de cinco pactos – pela corrupção, pela reforma política, mobilidade urbana e transporte público, reforma urbana, educação e saúde, pela responsabilidade fiscal –, demonstrando o compromisso do governo com a sociedade civil e debatendo e aceitando suas contribuições.
A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos) ouviu ambas as partes, questionou-as sobre pontos que não haviam sido esclarecidos e encerrou a audiência. O documento que foi entregue pelas organizações à Comissão estará disponível para o público em breve.
Thursday, March 27, 2014
Entre consumo e sustentabilidade
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional,
em debate sobre consumo sustentável no Instituto Alana (©Renata
Franco/Instituto Alana)
O desafio de equilibrar consumo e sustentabilidade. Esse foi o tema da conversa entre Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, e Marcelo Sodré, membro do Conselho do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana. Com a sala lotada, Kumi explicou a importância de se discutir as questões ambientais e a relação destas com os atuais padrões de consumo.
Hoje, consume-se 1,5 vezes o que o planeta tem para oferecer. E se o atual modelo de consumo não for repensado, a expectativa é de que até 2030 estejamos consumindo dois planetas Terra. Para agravar, a distribuição dos recursos acontece de maneira desigual fazendo com que mesmo com todo o hiperconsumo ainda exista uma elevada porcentagem da população sem acesso à recursos básicos.
“Não podemos lidar com nossos problemas ambientais se não considerarmos consumo e crescimento populacional. São duas faces de uma mesma moeda”, disse Naidoo. O diretor-executivo do Greenpeace Internacional continuou afirmando que “precisamos equilibrar produção e consumo e isso é uma tarefa difícil porque exige mudança de comportamento. Claro que a tecnologia oferece algumas maneiras de eficientizar o consumo, mas ela também tem custos e não é uma solução por si só.”
O debate ainda tocou sobre questões essenciais como a legitimidade do desejo de consumo, exclusão social, cidadania, publicidade e liberdade de expressão. Ao final, Sodré perguntou “você se considera otimista?”, ao que Naidoo respondeu que apesar de enxergar de forma crítica muitos dos problemas socioambientais contemporâneos e a falta de ação política tão necessária para promover mudanças, “acredito que ainda podemos vencer uma vez que esta é a única escolha que podemos fazer. Como indivíduos, temos que agira para preservar nossos filhos e neto nos comprometendo e fazendo o máximo que podemos.”
O desafio de equilibrar consumo e sustentabilidade. Esse foi o tema da conversa entre Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, e Marcelo Sodré, membro do Conselho do Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana. Com a sala lotada, Kumi explicou a importância de se discutir as questões ambientais e a relação destas com os atuais padrões de consumo.
Hoje, consume-se 1,5 vezes o que o planeta tem para oferecer. E se o atual modelo de consumo não for repensado, a expectativa é de que até 2030 estejamos consumindo dois planetas Terra. Para agravar, a distribuição dos recursos acontece de maneira desigual fazendo com que mesmo com todo o hiperconsumo ainda exista uma elevada porcentagem da população sem acesso à recursos básicos.
“Não podemos lidar com nossos problemas ambientais se não considerarmos consumo e crescimento populacional. São duas faces de uma mesma moeda”, disse Naidoo. O diretor-executivo do Greenpeace Internacional continuou afirmando que “precisamos equilibrar produção e consumo e isso é uma tarefa difícil porque exige mudança de comportamento. Claro que a tecnologia oferece algumas maneiras de eficientizar o consumo, mas ela também tem custos e não é uma solução por si só.”
O debate ainda tocou sobre questões essenciais como a legitimidade do desejo de consumo, exclusão social, cidadania, publicidade e liberdade de expressão. Ao final, Sodré perguntou “você se considera otimista?”, ao que Naidoo respondeu que apesar de enxergar de forma crítica muitos dos problemas socioambientais contemporâneos e a falta de ação política tão necessária para promover mudanças, “acredito que ainda podemos vencer uma vez que esta é a única escolha que podemos fazer. Como indivíduos, temos que agira para preservar nossos filhos e neto nos comprometendo e fazendo o máximo que podemos.”
Pelo direito de estar na rua defendendo direitos
Greenpeace vai às ruas hoje para defender o direito de se manifestar e
demandar direitos, a não-violência e o diálogo democrático
Em sinal de paz, manifestante ocupa av. Paulista com rosas brancas nas mãos, pedindo redução no preço da tafira de metrô e ônibus. (foto: Brunno Marchetti)
Como organização fundada sob os princípios do ativismo e da não-violência, o Greenpeace participa, hoje, de duas atividades para defender o direito de se manifestar por direitos. Participaremos do 9º debate sobre “Militarização e Lei Anti-Terror”, organizado pelo Comitê Popular da Copa de São Paulo e estaremos no 4º Grande Ato Contra Copa em São Paulo.
O Greenpeace não se opõe à Copa do Mundo em si - nem ao futebol e à seleção brasileira -, mas não concorda com o modo como os preparativos para a Copa vem sendo conduzidos. O montante de recursos destinado para as obras e infraestrutura do evento é um insulto à população brasileira quando comparado com a verba destinada aos direitos básicos como transporte, saúde, educação, moradia, entre tantos outros.
Como se o inegável déficit social do governo em relação à população não fosse suficiente, a Copa ainda tem sido justificativa para repressão policial e aprovação de leis que criminalizam manifestantes.
Diante dos pedidos da população brasileira que revelam o desejo de mais participação nas decisões políticas e de diálogo, o governo tem dado a indicação de que irá na direção contrária. O que tem sido visto é o endurecimento da legislação e o uso desta como ferramenta para a repressão, além do cerceamento do direito à manifestação e à liberdade de expressão.
Mesmo assim, milhões de brasileiros foram e continuam indo às ruas pelo direito de expressar seus anseios por mudanças e também para condenar qualquer tentativa de criminalização dos movimentos sociais. O que se espera por parte do Estado é o diálogo democrático e não o uso de violência para lidar com as manifestações.
Nesse contexto de recrudescimento da repressão estatal como o que estamos vivendo, o Greenpeace acredita que faz parte de sua missão estar nas ruas ao lado de pessoas, movimentos e coletivos que estão há muito tempo reivindicando seus direitos. E, principalmente, estar nas ruas reivindicando o direito de ir às ruas - sem medo, como prevê nossa Constituição – e afirmando a não-violência, um dos valores da organização que define a forma como atua.
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, diz que “a raiva, a frustração e a descrença no atual modelo político são perfeitamente compreensíveis. No entanto, a não-violência é a melhor tática e estratégia. A violência é eticamente, taticamente e estrategicamente falha uma vez que se queremos criar uma sociedade diferente, essa sociedade deve ser construída no diálogo, no amor e no respeito. E se não pudermos controlar a nossa raiva, por mais legítima que ela seja, significa que estaremos dando munição àqueles que não desejam a mudança para que digam que não somos legítimos.”
Atos isolados de manifestantes não podem ser usados para justificar o recrudescimento da repressão policial contra todos.
Pela defesa dos direitos sociais. Pelo direito de ir para as ruas, sem medo.
Em sinal de paz, manifestante ocupa av. Paulista com rosas brancas nas mãos, pedindo redução no preço da tafira de metrô e ônibus. (foto: Brunno Marchetti)
Como organização fundada sob os princípios do ativismo e da não-violência, o Greenpeace participa, hoje, de duas atividades para defender o direito de se manifestar por direitos. Participaremos do 9º debate sobre “Militarização e Lei Anti-Terror”, organizado pelo Comitê Popular da Copa de São Paulo e estaremos no 4º Grande Ato Contra Copa em São Paulo.
O Greenpeace não se opõe à Copa do Mundo em si - nem ao futebol e à seleção brasileira -, mas não concorda com o modo como os preparativos para a Copa vem sendo conduzidos. O montante de recursos destinado para as obras e infraestrutura do evento é um insulto à população brasileira quando comparado com a verba destinada aos direitos básicos como transporte, saúde, educação, moradia, entre tantos outros.
Como se o inegável déficit social do governo em relação à população não fosse suficiente, a Copa ainda tem sido justificativa para repressão policial e aprovação de leis que criminalizam manifestantes.
Diante dos pedidos da população brasileira que revelam o desejo de mais participação nas decisões políticas e de diálogo, o governo tem dado a indicação de que irá na direção contrária. O que tem sido visto é o endurecimento da legislação e o uso desta como ferramenta para a repressão, além do cerceamento do direito à manifestação e à liberdade de expressão.
Mesmo assim, milhões de brasileiros foram e continuam indo às ruas pelo direito de expressar seus anseios por mudanças e também para condenar qualquer tentativa de criminalização dos movimentos sociais. O que se espera por parte do Estado é o diálogo democrático e não o uso de violência para lidar com as manifestações.
Nesse contexto de recrudescimento da repressão estatal como o que estamos vivendo, o Greenpeace acredita que faz parte de sua missão estar nas ruas ao lado de pessoas, movimentos e coletivos que estão há muito tempo reivindicando seus direitos. E, principalmente, estar nas ruas reivindicando o direito de ir às ruas - sem medo, como prevê nossa Constituição – e afirmando a não-violência, um dos valores da organização que define a forma como atua.
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, diz que “a raiva, a frustração e a descrença no atual modelo político são perfeitamente compreensíveis. No entanto, a não-violência é a melhor tática e estratégia. A violência é eticamente, taticamente e estrategicamente falha uma vez que se queremos criar uma sociedade diferente, essa sociedade deve ser construída no diálogo, no amor e no respeito. E se não pudermos controlar a nossa raiva, por mais legítima que ela seja, significa que estaremos dando munição àqueles que não desejam a mudança para que digam que não somos legítimos.”
Atos isolados de manifestantes não podem ser usados para justificar o recrudescimento da repressão policial contra todos.
Pela defesa dos direitos sociais. Pelo direito de ir para as ruas, sem medo.
Desmatamento: o componente perfeito para uma catástrofe climática
De anos em anos vários dos mais renomados cientistas do clima
trabalham juntos no chamado Painel Intergovernamental de Mudanças
Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), com o intuito de expor para a
sociedade as mais recentes avaliações e análises científicas sobre os
avanços de medidas adotadas para a proteção do planeta e das gerações
futuras. Essa semana eles estão finalizando as últimas análises sobre
impactos das mudanças climáticas no Japão.
E você já deve ter pensado: ‘não estamos fazendo muito progresso nos anos recentes’. De fato, o alerta da comunidade científica nunca foi tão claro. Se nós queremos qualquer chance, minimamente realista de frear e parar as mudanças climáticas nós não apenas precisamos abandonar progressivamente os combustíveis fósseis, mas temos também que proteger as florestas remanescentes pelo mundo.
Os motivos para termos chegado nessa situação são relativamente simples – desmatamento, junto com mudanças climáticas formam um coquetel explosivo para o planeta. Por quê? A ciência mostra que as mudanças climáticas podem gerar períodos mais longos e intensos de seca, tornando florestas tropicais ainda mais vulneráveis à queimadas. Acrescente as diversas formas de desmatamento antes ou após uma grande queimada e você tem uma receita pronta para o desastre. A derrubada de árvores fragmenta as florestas sobreviventes, e estes ‘pedaços’ de floresta acabam virando alvos fáceis de queimadas induzidas pelas secas.
Clique aqui para acessar o relatório da unidade de pesquisas do Greenpeace internacional sobre a fragmentação de florestas tropicais (em inglês).
As queimadas, por sua vez, acabam liberando grande quantidade de carbono, acelerando ainda mais o processo de mudança climática. As queimadas de grandes proporções que encobriram o céu da Indonésia e países vizinhos no ano passado e levaram cinzas e poluição para os grandes centros urbanos da região devem servir como exemplo de como pode ser o ar que estaremos respirando em um futuro próximo, caso não sejamos capazes de acabar com o desmatamento até o fim dessa década.
E você já deve ter pensado: ‘não estamos fazendo muito progresso nos anos recentes’. De fato, o alerta da comunidade científica nunca foi tão claro. Se nós queremos qualquer chance, minimamente realista de frear e parar as mudanças climáticas nós não apenas precisamos abandonar progressivamente os combustíveis fósseis, mas temos também que proteger as florestas remanescentes pelo mundo.
Os motivos para termos chegado nessa situação são relativamente simples – desmatamento, junto com mudanças climáticas formam um coquetel explosivo para o planeta. Por quê? A ciência mostra que as mudanças climáticas podem gerar períodos mais longos e intensos de seca, tornando florestas tropicais ainda mais vulneráveis à queimadas. Acrescente as diversas formas de desmatamento antes ou após uma grande queimada e você tem uma receita pronta para o desastre. A derrubada de árvores fragmenta as florestas sobreviventes, e estes ‘pedaços’ de floresta acabam virando alvos fáceis de queimadas induzidas pelas secas.
Clique aqui para acessar o relatório da unidade de pesquisas do Greenpeace internacional sobre a fragmentação de florestas tropicais (em inglês).
As queimadas, por sua vez, acabam liberando grande quantidade de carbono, acelerando ainda mais o processo de mudança climática. As queimadas de grandes proporções que encobriram o céu da Indonésia e países vizinhos no ano passado e levaram cinzas e poluição para os grandes centros urbanos da região devem servir como exemplo de como pode ser o ar que estaremos respirando em um futuro próximo, caso não sejamos capazes de acabar com o desmatamento até o fim dessa década.
Colaborar do Greenpeace observa grande área de floresta
afetada por queimadas na Indonésia (© Ulet Infansasti / Greenpece).
Este ‘coquetel explosivo’ se torna ainda mais perigoso para a maior das florestas tropicais remanescentes, a Amazônia. Na região, existe um risco de que todo esse processo de fragmentação, vulnerabilidade e queimadas levem a floresta para um ponto de inflexão, com consequências desastrosas e irreversíveis.
A fórmula alterações climáticas + desmatamento pode transformar rapidamente a floresta em savana, perdendo assim grande parte de sua biodiversidade e, ao mesmo tempo liberando grande quantidade de carbono. Entretanto, isso não precisa acontecer. Os cientistas hoje também nos deixaram com uma ponta de esperança (ou com um grande sinal de alerta, a depender do ponto de vista).
Por mais preocupante que este ponto de inflexão possa ser, nós temos chances reais de evitar esse processo se formos capazes de manter o aumento das temperaturas abaixo dos 2 graus celsius e prevenir a fragmentação da floresta amazônica. Manter as florestas tropicais intactas e sem fragmentações permite que elas mantenham sua resiliência natural às mudanças climáticas.
Portanto, além de reduzir gradualmente as emissões por uso de combustíveis fósseis, é preciso combater o desmatamento e conservar as florestas tropicais primárias para que as próximas gerações também tenham o privilégio de conviver com todas essas paisagens e vida selvagem de tirar o fôlego que conhecemos hoje.
A nova evidência que pode ser incluída na análise do IPCC não apenas descreve os já esperados impactos que a mudança climática terá nas florestas, mas também destaca o que já estamos vivenciando. Um clima em alteração coloca pressão adicional nas florestas e em seus ecossistemas.
Mudanças climáticas e queimadas não estão ameaçando apenas as florestas tropicais da Indonésia e a Amazônia nos anos recentes. A onda de calor na Rússia, em 2010, fez com que mais de 1 milhão de hectares de floresta boreal fossem devastadas. De acordo com o Banco Mundial, eventos extremos como esse, e suas consequências dramáticas para as florestas do planeta podem se tornar rotineiros, se não conseguirmos parar com as alterações no clima.
Este ‘coquetel explosivo’ se torna ainda mais perigoso para a maior das florestas tropicais remanescentes, a Amazônia. Na região, existe um risco de que todo esse processo de fragmentação, vulnerabilidade e queimadas levem a floresta para um ponto de inflexão, com consequências desastrosas e irreversíveis.
A fórmula alterações climáticas + desmatamento pode transformar rapidamente a floresta em savana, perdendo assim grande parte de sua biodiversidade e, ao mesmo tempo liberando grande quantidade de carbono. Entretanto, isso não precisa acontecer. Os cientistas hoje também nos deixaram com uma ponta de esperança (ou com um grande sinal de alerta, a depender do ponto de vista).
Por mais preocupante que este ponto de inflexão possa ser, nós temos chances reais de evitar esse processo se formos capazes de manter o aumento das temperaturas abaixo dos 2 graus celsius e prevenir a fragmentação da floresta amazônica. Manter as florestas tropicais intactas e sem fragmentações permite que elas mantenham sua resiliência natural às mudanças climáticas.
Portanto, além de reduzir gradualmente as emissões por uso de combustíveis fósseis, é preciso combater o desmatamento e conservar as florestas tropicais primárias para que as próximas gerações também tenham o privilégio de conviver com todas essas paisagens e vida selvagem de tirar o fôlego que conhecemos hoje.
A nova evidência que pode ser incluída na análise do IPCC não apenas descreve os já esperados impactos que a mudança climática terá nas florestas, mas também destaca o que já estamos vivenciando. Um clima em alteração coloca pressão adicional nas florestas e em seus ecossistemas.
Mudanças climáticas e queimadas não estão ameaçando apenas as florestas tropicais da Indonésia e a Amazônia nos anos recentes. A onda de calor na Rússia, em 2010, fez com que mais de 1 milhão de hectares de floresta boreal fossem devastadas. De acordo com o Banco Mundial, eventos extremos como esse, e suas consequências dramáticas para as florestas do planeta podem se tornar rotineiros, se não conseguirmos parar com as alterações no clima.
Queimada atingindo floresta tropical na Indonésia (© Ulet Infansasti / Greenpece).
Para colocar as coisas sob uma perspectiva global, é importante lembrar que o desmatamento é responsável por cerca de 12% do total de emissões de gases do efeito estufa promovidas pelo homem. Em outras palavras, o desmatamento causa emissões equivalentes a todos os carros, aviões, navios e trens do planeta, todos juntos.
Então, as florestas são um bom negócio. E fazem muito mais do que emitir gases na atmosfera: elas também absorvem parte dos gases emitidos pelos humanos. Isso quer dizer que desmatamento implica em prejuízo dobrado – liberação de gases do efeito estufa na atmosfera (principalmente dióxido de carbono) e redução da capacidade de absorção desses gases emitidos por outras atividades humanas.
Mas a história não acaba aqui. Enquanto a proteção das florestas é importante para a redução das emissões e no controle das mudanças climáticas, as florestas também exercem um papel crucial ao permitir que o mundo se adapte às consequências das mudanças que já aconteceram e/ou vão acontecer, inevitavelmente.
Precisamos de florestas porque elas nos prestam serviços essenciais como alimentos e matéria-prima, ou mesmo a regulação do fluxo de água das chuvas. Nós precisamos disso tudo para nos adaptarmos a um clima em alteração. Manter florestas intactas é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para tornar as diversas espécies capazes de se adaptar e sobreviver junto com elas (dica: somos uma delas!).
O caminho que temos pela frente é um tanto óbvio. A ciência fez o alerta sobre os fatos, em alto e bom som. Mas somos nós que devemos agir: Somente se formos capazes de deixar o que sobrou dos combustíveis fósseis debaixo da terra e ao mesmo tempo convencer governos e empresas como a Procter & Gamble a parar de destruir as florestas tropicais remanescentes se comprometendo com políticas de combate ao desmatamento, teremos chances de salvar nosso clima e nosso planeta.
*Dra. Janet Cotter é cientista sênior da Unidade de Ciências do Greenpeace Internacional
*Sebastian Bock é consultor de políticas para florestas e clima, Você pode acompanhá-lo pelo twitter @sebastianbock
Para colocar as coisas sob uma perspectiva global, é importante lembrar que o desmatamento é responsável por cerca de 12% do total de emissões de gases do efeito estufa promovidas pelo homem. Em outras palavras, o desmatamento causa emissões equivalentes a todos os carros, aviões, navios e trens do planeta, todos juntos.
Então, as florestas são um bom negócio. E fazem muito mais do que emitir gases na atmosfera: elas também absorvem parte dos gases emitidos pelos humanos. Isso quer dizer que desmatamento implica em prejuízo dobrado – liberação de gases do efeito estufa na atmosfera (principalmente dióxido de carbono) e redução da capacidade de absorção desses gases emitidos por outras atividades humanas.
Mas a história não acaba aqui. Enquanto a proteção das florestas é importante para a redução das emissões e no controle das mudanças climáticas, as florestas também exercem um papel crucial ao permitir que o mundo se adapte às consequências das mudanças que já aconteceram e/ou vão acontecer, inevitavelmente.
Precisamos de florestas porque elas nos prestam serviços essenciais como alimentos e matéria-prima, ou mesmo a regulação do fluxo de água das chuvas. Nós precisamos disso tudo para nos adaptarmos a um clima em alteração. Manter florestas intactas é uma das coisas mais importantes que podemos fazer para tornar as diversas espécies capazes de se adaptar e sobreviver junto com elas (dica: somos uma delas!).
O caminho que temos pela frente é um tanto óbvio. A ciência fez o alerta sobre os fatos, em alto e bom som. Mas somos nós que devemos agir: Somente se formos capazes de deixar o que sobrou dos combustíveis fósseis debaixo da terra e ao mesmo tempo convencer governos e empresas como a Procter & Gamble a parar de destruir as florestas tropicais remanescentes se comprometendo com políticas de combate ao desmatamento, teremos chances de salvar nosso clima e nosso planeta.
*Dra. Janet Cotter é cientista sênior da Unidade de Ciências do Greenpeace Internacional
*Sebastian Bock é consultor de políticas para florestas e clima, Você pode acompanhá-lo pelo twitter @sebastianbock
Metas de mobilidade em SP: como estamos?
Os gritos das ruas estão chegando ao poder público. Foto: Greenpeace/Alexandre Cappi
Há exato um ano, o recém-empossado prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, botou na rua seu Plano de Metas. O documento traz 123 ações para melhorar a cidade, que ele promete tirar do papel ao longo de sua gestão. Desse total, 13 medidas têm a ver com a mobilidade urbana.
Fizemos um apanhado (logo abaixo) do que está sendo levado adiante e do que ficou na promessa no quesito mobilidade urbana. As notícias não são lá tão ruins: todas as ações planejadas já estão, pelo menos, em andamento. A voz do povo, portanto, está chegando onde deve.
A onda de protestos que desde o ano passado vem tomando as ruas do Brasil deixou muita interrogação no ar. Mas trouxe também algumas certezas. Uma delas é de que as pessoas querem de volta o direito à cidade. Querem que os espaços públicos, ora, sejam públicos. E isso tem tudo a ver com mobilidade. Afinal, o acesso aos serviços que a cidade oferece só é possível se tivermos uma mobilidade que nos leve a eles.
Mas a gente sabe que, além de reivindicar, é preciso acompanhar o poder público para que os processos tenham participação popular efetiva. E, claro, para que nossas demandas não sejam deixadas de lado. A cada seis meses, a prefeitura de São Paulo deve apresentar um balanço do Plano de Metas. O primeiro deles veio com atraso de quatro meses, vindo a público só no último mês de janeiro. Estamos de olho. Porque transparência também tem a ver com a cidade que a gente quer.
Vamos às metas:
Meta 50: Tornar acessíveis 850 mil m² de passeios públicos.
Status: Em andamento: 150,5 mil m² implementados, sendo 4,5 mil m² nas rotas turísticas e 108 mil m² em passeios públicos da cidade.
Meta 51: Ampliar a acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida, garantindo 100% da frota acessível.
Status: Em andamento: A reposição da frota atual de ônibus e micro-ônibus permitiu que a acessibilidade física alcançasse 71% do total da frota.
Meta 93: Projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir 150km de corredores de ônibus
Status: Em andamento: 1) Obras iniciadas em 36,6 km de corredores (Inajar de Souza, M Boi/Santo Amaro, Berrini) e no Terminal Itaquera; 2) 44 km licitados (Capão, Leste Radial trechos 1 e 2, Leste Itaquera e Viário Jd. Ângela); 3) 138km em licitação; 4) Assinados os termos de compromisso para o programa de Mobilidade Urbana, viabilizando financiamento federal para 126 km de corredores nas zonas sul, leste e norte, além do Terminal Itaquera
Meta 94: Implantar as novas modalidades temporais de Bilhete Único (Diária, Semanal e Mensal).
Status: Em andamento: Entregue bilhete único mensal, incluindo integração com metrô e CPTM, com 201.314 mil pessoas cadastradas em 2013.
OBS.: As modalidades semanal e diária não foram entregues. No entanto, constam como ‘Concluídas’ no relatório da Prefeitura.
Meta 95: Implantar funcionamento 24h no transporte público municipal;
Status: Em andamento: Finalizado diagnóstico e a concepção de linhas do transporte 24h.
Meta 96: Implantar 150 km de faixas exclusivas de ônibus
Status: Concluída: Cerca de 300km de faixas já foram implantadas, distribuídas entre as várias regiões da cidade.
Meta 97: Implantar uma rede de 400km de vias cicláveis.
Status: Em andamento: 49,3km de ciclovias em obras (conclusão prevista entre fevereiro e setembro de 2014).
Meta 98: Modernizar a rede semafórica.
Status: Em andamento: Redução da possibilidade de queima dos semáforos em períodos de chuva em 2 mil cruzamentos reformados, com 440 nobreaks instalados.
Meta 99: Projetar, licitar, licenciar e garantir a fonte de financiamento para a execução do Plano Viário Sul.
Status: Em andamento: Viabilização financeira, através de recursos federais, de 26km de corredores do Viário Sul, com obras de melhorias viárias. Em obras: Ponte do Rio Embu-Guaçu.
Meta 100: Concluir as obras do complexo Nova Radial.
Status: Em andamento: Viaduto Itaquera entregue em nov/2013; Passagem Inajar Guaçu em obras; Licenciamento ambiental concluído.
Meta 101: Projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir a ponte Raimundo Pereira de Magalhães.
Status: Em andamento: Projeto funcional (estudo de alternativa) em andamento.
Meta 102: Ampliar o Programa de Proteção ao Pedestre atingindo 18 novas grandes avenidas e 14 locais de intensa circulação de pedestres.
Status: Em andamento: Ações preventivas realizadas durante 2013 em 14 grandes avenidas e 11 locais de concentração de pedestres, com 700 operadores/mês em média; Redução de 10% dos atropelamentos entre 2012 e 2013.
Meta 103: Construir a Alça do Aricanduva.
Status: Em andamento: Projeto Básico/ Executivo em andamento
Há exato um ano, o recém-empossado prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, botou na rua seu Plano de Metas. O documento traz 123 ações para melhorar a cidade, que ele promete tirar do papel ao longo de sua gestão. Desse total, 13 medidas têm a ver com a mobilidade urbana.
Fizemos um apanhado (logo abaixo) do que está sendo levado adiante e do que ficou na promessa no quesito mobilidade urbana. As notícias não são lá tão ruins: todas as ações planejadas já estão, pelo menos, em andamento. A voz do povo, portanto, está chegando onde deve.
A onda de protestos que desde o ano passado vem tomando as ruas do Brasil deixou muita interrogação no ar. Mas trouxe também algumas certezas. Uma delas é de que as pessoas querem de volta o direito à cidade. Querem que os espaços públicos, ora, sejam públicos. E isso tem tudo a ver com mobilidade. Afinal, o acesso aos serviços que a cidade oferece só é possível se tivermos uma mobilidade que nos leve a eles.
Mas a gente sabe que, além de reivindicar, é preciso acompanhar o poder público para que os processos tenham participação popular efetiva. E, claro, para que nossas demandas não sejam deixadas de lado. A cada seis meses, a prefeitura de São Paulo deve apresentar um balanço do Plano de Metas. O primeiro deles veio com atraso de quatro meses, vindo a público só no último mês de janeiro. Estamos de olho. Porque transparência também tem a ver com a cidade que a gente quer.
Vamos às metas:
Meta 50: Tornar acessíveis 850 mil m² de passeios públicos.
Status: Em andamento: 150,5 mil m² implementados, sendo 4,5 mil m² nas rotas turísticas e 108 mil m² em passeios públicos da cidade.
Meta 51: Ampliar a acessibilidade para as pessoas com mobilidade reduzida, garantindo 100% da frota acessível.
Status: Em andamento: A reposição da frota atual de ônibus e micro-ônibus permitiu que a acessibilidade física alcançasse 71% do total da frota.
Meta 93: Projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir 150km de corredores de ônibus
Status: Em andamento: 1) Obras iniciadas em 36,6 km de corredores (Inajar de Souza, M Boi/Santo Amaro, Berrini) e no Terminal Itaquera; 2) 44 km licitados (Capão, Leste Radial trechos 1 e 2, Leste Itaquera e Viário Jd. Ângela); 3) 138km em licitação; 4) Assinados os termos de compromisso para o programa de Mobilidade Urbana, viabilizando financiamento federal para 126 km de corredores nas zonas sul, leste e norte, além do Terminal Itaquera
Meta 94: Implantar as novas modalidades temporais de Bilhete Único (Diária, Semanal e Mensal).
Status: Em andamento: Entregue bilhete único mensal, incluindo integração com metrô e CPTM, com 201.314 mil pessoas cadastradas em 2013.
OBS.: As modalidades semanal e diária não foram entregues. No entanto, constam como ‘Concluídas’ no relatório da Prefeitura.
Meta 95: Implantar funcionamento 24h no transporte público municipal;
Status: Em andamento: Finalizado diagnóstico e a concepção de linhas do transporte 24h.
Meta 96: Implantar 150 km de faixas exclusivas de ônibus
Status: Concluída: Cerca de 300km de faixas já foram implantadas, distribuídas entre as várias regiões da cidade.
Meta 97: Implantar uma rede de 400km de vias cicláveis.
Status: Em andamento: 49,3km de ciclovias em obras (conclusão prevista entre fevereiro e setembro de 2014).
Meta 98: Modernizar a rede semafórica.
Status: Em andamento: Redução da possibilidade de queima dos semáforos em períodos de chuva em 2 mil cruzamentos reformados, com 440 nobreaks instalados.
Meta 99: Projetar, licitar, licenciar e garantir a fonte de financiamento para a execução do Plano Viário Sul.
Status: Em andamento: Viabilização financeira, através de recursos federais, de 26km de corredores do Viário Sul, com obras de melhorias viárias. Em obras: Ponte do Rio Embu-Guaçu.
Meta 100: Concluir as obras do complexo Nova Radial.
Status: Em andamento: Viaduto Itaquera entregue em nov/2013; Passagem Inajar Guaçu em obras; Licenciamento ambiental concluído.
Meta 101: Projetar, licitar, licenciar, garantir a fonte de financiamento e construir a ponte Raimundo Pereira de Magalhães.
Status: Em andamento: Projeto funcional (estudo de alternativa) em andamento.
Meta 102: Ampliar o Programa de Proteção ao Pedestre atingindo 18 novas grandes avenidas e 14 locais de intensa circulação de pedestres.
Status: Em andamento: Ações preventivas realizadas durante 2013 em 14 grandes avenidas e 11 locais de concentração de pedestres, com 700 operadores/mês em média; Redução de 10% dos atropelamentos entre 2012 e 2013.
Meta 103: Construir a Alça do Aricanduva.
Status: Em andamento: Projeto Básico/ Executivo em andamento
Mais alguns recados diretos para a P&G: desmatar não é “sustentável”
A P&G continua ignorando os cerca de 400 mil consumidores que enviaram mensagens para o presidente da companhia, Sr. Alan G. Lafley. E pior, segue alegando que é “comprometida com a produção sustentável do óleo de palma”.
Mas hoje fizemos algo que eles não podem simplesmente ignorar. Levamos nossa mensagem para a porta da P&G. A empresa dona de marcas como Head & Shoulders foi confrontada hoje com protestos realizados em cinco diferentes países e novas evidências que escancaram o tamanho do precipício entre palavras e comunicados oficiais da empresa e a situação real da companhia e de seus fornecedores.
Clique aqui para conferir o relatório com as novas evidências (em inglês).
Na Indonésia 20 ativistas abriram um banner gigante do teto do escritório da P&G em Jacarta e outros ensaiaram uma performance com muita cor e explicações sobre a situação nas ruas da capital, para exigir produtos sem óleo de palma proveniente de desmatamento. Os diretores da companhia se recusaram a receber o Greenpeace.
Na Índia um tapete vermelho batizado de “caminho da vergonha” foi desenrolado em frente aos estúdios Wella em Nova Déli, enquanto tigres explicavam para os transeuntes o que acontecia e de que forma a P&G (que também é dona dos shampoos Wella) está contribuindo com a destruição de florestas tropicais.
Mas hoje fizemos algo que eles não podem simplesmente ignorar. Levamos nossa mensagem para a porta da P&G. A empresa dona de marcas como Head & Shoulders foi confrontada hoje com protestos realizados em cinco diferentes países e novas evidências que escancaram o tamanho do precipício entre palavras e comunicados oficiais da empresa e a situação real da companhia e de seus fornecedores.
Clique aqui para conferir o relatório com as novas evidências (em inglês).
(© Ardiles Rante / Greenpeace)
Na Indonésia 20 ativistas abriram um banner gigante do teto do escritório da P&G em Jacarta e outros ensaiaram uma performance com muita cor e explicações sobre a situação nas ruas da capital, para exigir produtos sem óleo de palma proveniente de desmatamento. Os diretores da companhia se recusaram a receber o Greenpeace.
(© Jimmy Domingo / Greenpeace)
Nas Filipinas, ativistas vestidos de tigres armaram um acampamento nos arredores de uma das instalações da P&G no sul de Manila. Eles arrumaram o local com tendas e tocos de árvores para mostrar que a P&G não tem condições de garantir que não está colaborando ativamente com a destruição do habitat natural de animais raros como os tigres-de-sumatra e outros.
Nas Filipinas, ativistas vestidos de tigres armaram um acampamento nos arredores de uma das instalações da P&G no sul de Manila. Eles arrumaram o local com tendas e tocos de árvores para mostrar que a P&G não tem condições de garantir que não está colaborando ativamente com a destruição do habitat natural de animais raros como os tigres-de-sumatra e outros.
Na Índia um tapete vermelho batizado de “caminho da vergonha” foi desenrolado em frente aos estúdios Wella em Nova Déli, enquanto tigres explicavam para os transeuntes o que acontecia e de que forma a P&G (que também é dona dos shampoos Wella) está contribuindo com a destruição de florestas tropicais.
(© Nick Hannes / Greenpeace)
Na Bélgica, ativistas do Greenpeace tentaram abordar colaboradores do Centro de Inovação da companhia em Bruxelas. Novamente, a diretoria se recusou a nos receber.
E em Manchester, no Reino Unido, cinco ativistas foram expulsos de uma conferência europeia sobre produtos de limpeza (acredite, existe uma conferência para isso) por questionar a palavra sustentabilidade impressa nos crachás de participantes da P&G no evento.
Eles também presentearam com o “Machado de ouro” a diretora de sustentabilidade da empresa, que, surpreendente e graciosamente aceitou a homenagem.
Mas depois disso tudo, a pergunta que fica é: até quando a P&G vai insistir no discurso velho e desgastado de que está comprometida com a “sustentabilidade” – qualquer que seja o significado desta palavra para eles?
As evidências estão se acumulando e tomando corpo a cada dia. Não temos somente estudos de casos mostrando a destruição de habitat natural de orangotangos, por exemplo, mas lançamos hoje provas contundentes que documentam desmatamento de florestas primárias em larga escala dentro de uma concessão em Papua, na indonésia.
Essa concessão é controlada pelo conglomerado RGE, grupo que trabalha com a Asian Agri no cultivo do óleo de palma. A Asian Agri, por sua vez, vende o óleo para a Cargill, que é um conhecido fornecedor da P&G.
Na Bélgica, ativistas do Greenpeace tentaram abordar colaboradores do Centro de Inovação da companhia em Bruxelas. Novamente, a diretoria se recusou a nos receber.
E em Manchester, no Reino Unido, cinco ativistas foram expulsos de uma conferência europeia sobre produtos de limpeza (acredite, existe uma conferência para isso) por questionar a palavra sustentabilidade impressa nos crachás de participantes da P&G no evento.
Eles também presentearam com o “Machado de ouro” a diretora de sustentabilidade da empresa, que, surpreendente e graciosamente aceitou a homenagem.
Mas depois disso tudo, a pergunta que fica é: até quando a P&G vai insistir no discurso velho e desgastado de que está comprometida com a “sustentabilidade” – qualquer que seja o significado desta palavra para eles?
As evidências estão se acumulando e tomando corpo a cada dia. Não temos somente estudos de casos mostrando a destruição de habitat natural de orangotangos, por exemplo, mas lançamos hoje provas contundentes que documentam desmatamento de florestas primárias em larga escala dentro de uma concessão em Papua, na indonésia.
Essa concessão é controlada pelo conglomerado RGE, grupo que trabalha com a Asian Agri no cultivo do óleo de palma. A Asian Agri, por sua vez, vende o óleo para a Cargill, que é um conhecido fornecedor da P&G.
Mudas novas plantadas para cultivo de óleo de palma entre
tocos de árvores derrubadas, área desmatada recentemente dentro de
concessão na região de Papua, na Indonésia (© Oscar Siagian /
Greenpeace).
Papua é considerada a nova frente de expansão do óleo de palma na Indonésia. É uma vasta ilha com extensas áreas de florestas intactas e casa de animais raros e de beleza única como o pássaro do paraíso e tantos outros.
Mas a não ser que empresas como a P&G se comprometam com uma política realista e progressiva de combate ao desmatamento, isso tudo está em risco. O grupo RGE possui uma história de destruição – também são donos da Abril, gigante do setor de papel e celulose que, sozinha, destrói mais florestas na Indonésia do que qualquer outra empresa.
As práticas da RGE em regiões de alto risco como Riau, em Sumatra, por exemplo, estão ligadas ao desmatamento ilegal de florestas fazendo uso de artimanhas criminosas como queimadas intencionais. No parque nacional Tesso Nilo, o grupo negocia óleo de palma em plantações ilegais e financia a extinção dos tigres-de-sumatra ao reduzir dramaticamente o habitat natural da espécie.
A P&G já se omitiu por muito tempo.
Mas você ainda pode ser parte da mudança que fará com que companhias como a P&G passem a proteger as últimas florestas da Indonésia, ao invés de destruí-las. Se você ainda não aderiu, faça como os 400 mil que já tomaram uma atitude aqui. E fique ligado nos próximos passos da campanha.
* Areeba Hamid é da campanha de florestas do Greenpeace Internacional.
Papua é considerada a nova frente de expansão do óleo de palma na Indonésia. É uma vasta ilha com extensas áreas de florestas intactas e casa de animais raros e de beleza única como o pássaro do paraíso e tantos outros.
Mas a não ser que empresas como a P&G se comprometam com uma política realista e progressiva de combate ao desmatamento, isso tudo está em risco. O grupo RGE possui uma história de destruição – também são donos da Abril, gigante do setor de papel e celulose que, sozinha, destrói mais florestas na Indonésia do que qualquer outra empresa.
As práticas da RGE em regiões de alto risco como Riau, em Sumatra, por exemplo, estão ligadas ao desmatamento ilegal de florestas fazendo uso de artimanhas criminosas como queimadas intencionais. No parque nacional Tesso Nilo, o grupo negocia óleo de palma em plantações ilegais e financia a extinção dos tigres-de-sumatra ao reduzir dramaticamente o habitat natural da espécie.
A P&G já se omitiu por muito tempo.
Mas você ainda pode ser parte da mudança que fará com que companhias como a P&G passem a proteger as últimas florestas da Indonésia, ao invés de destruí-las. Se você ainda não aderiu, faça como os 400 mil que já tomaram uma atitude aqui. E fique ligado nos próximos passos da campanha.
* Areeba Hamid é da campanha de florestas do Greenpeace Internacional.
Tuesday, March 25, 2014
Repensar o agronegócio
Durante Fórum de Agribusiness, diretor-executivo do Greenpeace
Internacional, Kumi Naidoo, fala sobre mudanças climáticas e segurança
alimentar
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, participou de debate sobre como o clima afeta a agricultura (©Paulo Pereira/Greenpeace)
“É possível que um país cresça, distribua sua riqueza e, ao mesmo tempo, preserve e proteja o meio ambiente. Com agroecologia é possível produzir alimentos orgânicos de qualidade.” Essa foi a frase que o diretor-executivo do Greenpeace Internacional, Kumi Naidoo, pegou emprestada da presidenta Dilma Roussef para falar sobre segurança alimentar e desenvolvimento agrícola durante o debate “Clima afetando a geografia da agricultura” no Global Agribusiness Forum 2014.
Naidoo reforçou a importância de se falar dos impactos climáticos na agricultura e daqueles que são os mais afetados: as populações mais pobres nos países em desenvolvimento. Ainda ressaltou que enquanto a proposta do debate era discutir os efeitos das mudanças climáticas, a pergunta que na verdade deveria ser feita era “qual tipo de modelo de agricultura temos que adotar para evitá-las?”
Hoje, a forma como o Brasil produz alimentos é baseada em uso intensivo de químicos que degradam os recursos naturais dos quais os agricultores dependem – solo, água e biodiversidade – e é extremamente dependente de combustíveis fósseis que produzem os pesticidas e os fertilizantes. “Trata-se de um modelo mais vulnerável”, afirmou Naidoo durante sua apresentação.
Sobre modelos de agricultura, ele ainda disse que “hoje, há dois modelos paralelos. Um que é baseado em monoculturas que usam químicos de forma intensiva, enquanto há outro mais saudável para a população e para o planeta que é o de agricultura familiar ecológica”. E continuou afirmando que “o Brasil tem um papel único a desempenhar na escolha e adoção desse segundo modelo, mais apropriado para lidar com as mudanças climática.”
A agroecologia é uma forma do Brasil avançar na construção deste novo modelo de agricultura, ajudando a alcançar mitigação e adaptação das mudanças climáticas. Uma medida que poderia ser implementada imediatamente é a assinatura do decreto que estabelece o CAR (Cadastro Ambiental Rural).
Os outros participantes – da Embrapa, do Ministério de Meio Ambiente e do Climate Policy Initiative - abordaram as soluções tecnológicas para lidar com as incertezas climáticas, as políticas públicas nacionais e internacionais que já estão sendo colocadas em prática e a necessidade de alterações no modo de produção brasileiro e de vontade política para agir em relação às mudanças climáticas.
Falando para uma plateia que estava repleta de representantes do agronegócio, o diretor-executivo terminou sua fala com uma provocação. “A situação no Brasil ilustra os problemas e falhas do nosso sistema alimentar. A monocultura representa perda de diversidade na dieta nacional, o que por sua vez afeta a saúde pública. Acho que está claro que precisamos repensar o modelo de produção”, concluiu Naidoo.
Encarando as mudanças climáticas
Durante reunião do IPCC, no Japão, ativistas pedem atenção
às mudanças climáticas e investimentos em energias renováveis (©Jeremie
Souteyrat/Greenpeace)
A expectativa para o resultado que virá da reunião dos principais cientistas do clima e do relatório do IPCC não é nada positiva. Do encontro que acontece no Japão essa semana, espera-se uma avaliação sombria sobre os perigos do aquecimento global e o aviso de que não é apenas a queima dos combustíveis fósseis que ameaça o mundo.
Para além das consequências do aumento de CO2 na atmosfera, o documento que será lançado na próxima semana apontará quais são os impactos climáticos que já são esperados e que afetarão a vida das crianças – mesmo as que nascerem hoje - dependendo das escolhas que fizermos agora e no futuro.
A primeira parte do relatório do IPCC, publicado em setembro de 2013, focava em como as emissões de CO2 já estavam esquentando a atmosfera e os oceanos, derretendo geleiras, aumentando os níveis dos oceanos, alterando ciclos de água e piorando eventos que já eram extremos. Forneceu dados que mostravam que os impactos estavam se acelerando e, agora, a segunda parte do relatório trata sobre escolhas.
Ou reduzimos e gerenciamos os riscos que temos pela frente e fazemos o que é necessário para manter o aquecimento abaixo de 2oC, ou continuamos fazendo muito pouco e indo de uma para outra crise.
Hoje, estamos em uma situação em que os governos se comprometeram com a meta de manter o aquecimento abaixo de 2oC, mas estão se direcionando para um mundo de 4oC. Para piorar, não estão se preparando para um mundo mais quente em qualquer cenário e tentam ignorar a tendência das mudanças climáticas.
Mas a verdade é que eles não podem ignorar o que está acontecendo. Em um mundo que já é atingido pelas mudanças climáticas, não é mais possível apenas falar e não agir. Nós ainda podemos prevenir mudanças climáticas catastróficas, mas precisamos agir, esse é o recado dos cientistas do clima.
A expectativa para o resultado que virá da reunião dos principais cientistas do clima e do relatório do IPCC não é nada positiva. Do encontro que acontece no Japão essa semana, espera-se uma avaliação sombria sobre os perigos do aquecimento global e o aviso de que não é apenas a queima dos combustíveis fósseis que ameaça o mundo.
Para além das consequências do aumento de CO2 na atmosfera, o documento que será lançado na próxima semana apontará quais são os impactos climáticos que já são esperados e que afetarão a vida das crianças – mesmo as que nascerem hoje - dependendo das escolhas que fizermos agora e no futuro.
A primeira parte do relatório do IPCC, publicado em setembro de 2013, focava em como as emissões de CO2 já estavam esquentando a atmosfera e os oceanos, derretendo geleiras, aumentando os níveis dos oceanos, alterando ciclos de água e piorando eventos que já eram extremos. Forneceu dados que mostravam que os impactos estavam se acelerando e, agora, a segunda parte do relatório trata sobre escolhas.
Ou reduzimos e gerenciamos os riscos que temos pela frente e fazemos o que é necessário para manter o aquecimento abaixo de 2oC, ou continuamos fazendo muito pouco e indo de uma para outra crise.
Hoje, estamos em uma situação em que os governos se comprometeram com a meta de manter o aquecimento abaixo de 2oC, mas estão se direcionando para um mundo de 4oC. Para piorar, não estão se preparando para um mundo mais quente em qualquer cenário e tentam ignorar a tendência das mudanças climáticas.
Mas a verdade é que eles não podem ignorar o que está acontecendo. Em um mundo que já é atingido pelas mudanças climáticas, não é mais possível apenas falar e não agir. Nós ainda podemos prevenir mudanças climáticas catastróficas, mas precisamos agir, esse é o recado dos cientistas do clima.
Monday, March 24, 2014
Colgate fora da rota do desmatamento
Ativista do Greenpeace segura um banner dentro de uma área
de extração de óleo de palma de propriedade da PT MPG, subsidiária da
empresa Musim Mas, uma das fornecedoras da P&G, em Kalimantan
Central, Indonésia.
Quase 400 mil pessoas escreveram para a diretoria da P&G. Dezenas de protestos ocorreram em cidades tão diversas como Jacarta, Cincinnati e Londres. E milhares de cidadãos foram ao Facebook, Twitter e até mesmo usaram seus próprios telefones para pedir à P&G que limpe sua cadeia de fornecimento.
E mesmo que a P&G ainda seja uma compradora de óleo de palma proveniente da destruição das florestas da Indonésia, a voz de todas essas pessoas mundo afora se mostrou incrivelmente poderosa. Hoje, uma das maiores empresas de cuidados pessoais do mundo, a Colgate-Palmolive, prometeu limpar a sua imagem e garantir que seus produtos sejam livres do desmatamento.
A nova política da Colgate é muito detalhada. Ele vai além dos fracos padrões de sustentabilidade nos quais a P&G continua a se basear. A política da Colgate menciona coisas críticas, como a biodiversidade, os estoques de carbono e a riqueza dos solos. Ela salienta a importância de se envolver com as comunidades locais, mapeando todo o caminho que o óleo de palma percorre, desde a origem das plantações até a finalização do produto na empresa.
Ela ainda exige dos fornecedores que apliquem estes princípios em todas as suas operações, afirmando claramente que os contratos serão cancelados em caso de não cumprimento. O único ponto fraco da Política é que seu cronograma é pouco ambicioso, indo somente até 2020. Mas este é um ponto que continuaremos a pressionar.
Enquanto isso, a política da P&G é, na melhor das hipóteses, vaga:
“A P&G está comprometida com a obtenção sustentável de óleo de palma. Em 2015, temos a intenção de apenas comprar e usar óleo de palma cuja origem possamos confirmar que é de fontes responsáveis e sustentáveis." E a empresa continua: "Nós incentivamos os fornecedores a adotar os Princípios e Critérios para uma produção sustentável de óleo de palma."
Essencialmente, a P&G gostaria de imaginar que não contribui para o desmatamento, e, talvez no futuro, ela será capaz de dizer que não o faz... isso se realmente as coisas caminharem no rumo que ela está dizendo que deverão caminhar.
Agora que a Colgate se juntou ao grupo de empresas que se comprometeram a uma política Sem Desmatamento – incluindo a Nestlé, L'Oréal, Mars, Ferrero e Unilever – a P&G está cada vez mais isolada.
E agora não tem mais desculpas. Ela não pode continuar a se esconder atrás de anúncios vagos, apoiando iniciativas que já porvaram não render resultados sólidos. Tome uma atitude e diga também à P&G para seguir o exemplo da Colgate!
*João Talocchi é coordenador da Campanha de Florestas do Greenpeace Estado Unidos.
Quase 400 mil pessoas escreveram para a diretoria da P&G. Dezenas de protestos ocorreram em cidades tão diversas como Jacarta, Cincinnati e Londres. E milhares de cidadãos foram ao Facebook, Twitter e até mesmo usaram seus próprios telefones para pedir à P&G que limpe sua cadeia de fornecimento.
E mesmo que a P&G ainda seja uma compradora de óleo de palma proveniente da destruição das florestas da Indonésia, a voz de todas essas pessoas mundo afora se mostrou incrivelmente poderosa. Hoje, uma das maiores empresas de cuidados pessoais do mundo, a Colgate-Palmolive, prometeu limpar a sua imagem e garantir que seus produtos sejam livres do desmatamento.
A nova política da Colgate é muito detalhada. Ele vai além dos fracos padrões de sustentabilidade nos quais a P&G continua a se basear. A política da Colgate menciona coisas críticas, como a biodiversidade, os estoques de carbono e a riqueza dos solos. Ela salienta a importância de se envolver com as comunidades locais, mapeando todo o caminho que o óleo de palma percorre, desde a origem das plantações até a finalização do produto na empresa.
Ela ainda exige dos fornecedores que apliquem estes princípios em todas as suas operações, afirmando claramente que os contratos serão cancelados em caso de não cumprimento. O único ponto fraco da Política é que seu cronograma é pouco ambicioso, indo somente até 2020. Mas este é um ponto que continuaremos a pressionar.
Enquanto isso, a política da P&G é, na melhor das hipóteses, vaga:
“A P&G está comprometida com a obtenção sustentável de óleo de palma. Em 2015, temos a intenção de apenas comprar e usar óleo de palma cuja origem possamos confirmar que é de fontes responsáveis e sustentáveis." E a empresa continua: "Nós incentivamos os fornecedores a adotar os Princípios e Critérios para uma produção sustentável de óleo de palma."
Essencialmente, a P&G gostaria de imaginar que não contribui para o desmatamento, e, talvez no futuro, ela será capaz de dizer que não o faz... isso se realmente as coisas caminharem no rumo que ela está dizendo que deverão caminhar.
Agora que a Colgate se juntou ao grupo de empresas que se comprometeram a uma política Sem Desmatamento – incluindo a Nestlé, L'Oréal, Mars, Ferrero e Unilever – a P&G está cada vez mais isolada.
E agora não tem mais desculpas. Ela não pode continuar a se esconder atrás de anúncios vagos, apoiando iniciativas que já porvaram não render resultados sólidos. Tome uma atitude e diga também à P&G para seguir o exemplo da Colgate!
*João Talocchi é coordenador da Campanha de Florestas do Greenpeace Estado Unidos.
Exxon Valdez: 25 anos do desastre
Faixa erguida no protesto contra a exploração do Ártico. Foto: © Will Rose / Greenpeace
Para relembrar o aniversário de 25 anos do vazamento do petroleiro Exxon Valdez no Alasca, ativistas do Greenpeace de sete países diferentes se reuniram na Noruega para protestar contra a exploração de petróleo no Ártico. O acidente foi um dos maiores já registrados na região. Cinco dos ativistas escalaram uma plataforma da ExxonMobil e estenderam uma faixa com a seguinte mensagem: “ExxonMobil, Fora do Ártico Russo”. A empresa é uma das mais interessadas em explorar o petróleo na área.
“Estamos reunidos no aniversário de 25 anos do vazamento de petróleo do Exxon Valdez, para protestar contra os planos da ExxonMobil em explorar o Ártico. Eu era criança quando o desastre aconteceu e mesmo após anos, os efeitos continuam atingindo as pessoas e o meio ambiente”, diz Ethan Gilbert, ativista americano que morava no Alasca quando ocorreu o vazamento.
Parte da área que a ExxonMobil pretende explorar faz parte do"Parque Nacional do Ártico Russo", habitat de ursos polares e raras espécies de baleias, além de abrigar a maior colônia de pássaros do hemisfério norte. As condições climáticas são hostis, com temperaturas que chegam á -45°C, fortes tempestades e meses de escuridão no inverno. O Ártico é, sem dúvida, uma das áreas mais improprias para exploração de petróleo no mundo.
O projeto que está sendo desenvolvido em conjunto pela ExxonMobil (maior empresas de petróleo do mundo) e a Rosneft (petroleira russa bilionária) viola a legislação russa e contradiz as declarações do país, de que o desenvolvimento dos recursos vai "respeitar as mais rigorosas exigências ecológicas" do Ártico. No projeto, parte da área que pretende ser explorada está dentro do Parque Nacional do Ártico Russo.
“Nós estamos aqui representando mais de cinco milhões de pessoas que aderiram ao movimento para salvar o Ártico da exploração de petróleo”, completa Ethan Gilbert.
Para proteger o Ártico dessa exploração, assine a petição:
http://www.salveoartico.org.br/pt
Para relembrar o aniversário de 25 anos do vazamento do petroleiro Exxon Valdez no Alasca, ativistas do Greenpeace de sete países diferentes se reuniram na Noruega para protestar contra a exploração de petróleo no Ártico. O acidente foi um dos maiores já registrados na região. Cinco dos ativistas escalaram uma plataforma da ExxonMobil e estenderam uma faixa com a seguinte mensagem: “ExxonMobil, Fora do Ártico Russo”. A empresa é uma das mais interessadas em explorar o petróleo na área.
“Estamos reunidos no aniversário de 25 anos do vazamento de petróleo do Exxon Valdez, para protestar contra os planos da ExxonMobil em explorar o Ártico. Eu era criança quando o desastre aconteceu e mesmo após anos, os efeitos continuam atingindo as pessoas e o meio ambiente”, diz Ethan Gilbert, ativista americano que morava no Alasca quando ocorreu o vazamento.
Parte da área que a ExxonMobil pretende explorar faz parte do"Parque Nacional do Ártico Russo", habitat de ursos polares e raras espécies de baleias, além de abrigar a maior colônia de pássaros do hemisfério norte. As condições climáticas são hostis, com temperaturas que chegam á -45°C, fortes tempestades e meses de escuridão no inverno. O Ártico é, sem dúvida, uma das áreas mais improprias para exploração de petróleo no mundo.
O projeto que está sendo desenvolvido em conjunto pela ExxonMobil (maior empresas de petróleo do mundo) e a Rosneft (petroleira russa bilionária) viola a legislação russa e contradiz as declarações do país, de que o desenvolvimento dos recursos vai "respeitar as mais rigorosas exigências ecológicas" do Ártico. No projeto, parte da área que pretende ser explorada está dentro do Parque Nacional do Ártico Russo.
“Nós estamos aqui representando mais de cinco milhões de pessoas que aderiram ao movimento para salvar o Ártico da exploração de petróleo”, completa Ethan Gilbert.
Para proteger o Ártico dessa exploração, assine a petição:
http://www.salveoartico.org.br/pt
Thursday, March 20, 2014
Europa economizaria bilhões com renováveis
Novo relatório mostra que se Europa aumentasse investimento em energias
renováveis poderia economizar cerca de €2 bilhões por ano
Ativistas do Greenpeace protestam contra termelétricas movidas a carvão na Espanha e pedem investimentos em energias renováveis (©Jiri Rezac/Greenpeace)
A Europa precisa estabelecer metas de energias renováveis ambiciosas para 2030 ou os custos do sistema de eletricidade irão aumentar em cerca de 2 € bilhões por ano. Essa é uma das principais conclusões do novo relatório (clique para ler em inglês) publicado hoje pelo Greenpeace, que visa alertar os líderes europeus que se reúnem em Bruxelas para discutir o novo rumo da energia no continente.
Muitos países da União Europeia querem decidir o rumo de seus setores elétricos nacionais sem considerar os planos de seus vizinhos. No entanto, o powE[R] 2030, novo relatório da Energynautics comprova que mesmo que poucos países adotem caminhos diferentes, isso já bastaria para gerar graves confrontos técnicos e econômicos entre o carvão, as usinas de energia nuclear e as energias renováveis, resultando em maiores custos ao sistema de energia de toda a União Europeia.
Estes custos elevados ocorrem quando a energia renovável é reduzida ou desligada para dar espaço a usinas nucleares ou movidas a carvão, que não podem ser desligadas por motivos técnicos. Além de aumentar as emissões de carbono e a produção de resíduos nucleares, operar desta forma ainda acrescenta custos desnecessários para o sistema uma vez que as energias renováveis, como a solar e a eólica, dependem apenas de vento e de Sol enquanto as outras usinas gastam comprando insumos como urânio e carvão.
Segundo Sven Teske, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Alemanha e co-autor do relatório, “as redes de energia da Europa podem ser modificadas e abastecidas por até 77% de energias renováveis em 2030, evitando uma série de custos desnecessários.
O Greenpeace propõe que o os governos europeus mudem suas ambições relacionadas a clima e energia para 2030, reduzindo as emissões de carbono em pelo menos 55%, aumentando a quota de energias renováveis para 45% e melhorando a eficiência em 40%.
"O estudo se junta a outras publicações recentes e atesta que a matriz eletrica europeia é capaz de assimilar uma grande penetração de energias renováveis flexíveis como eólica e solar, sem prejudicar a seguranca do suprimento do sistema. Isso indica que podemos almejar uma maior inserção de energias eólica e solar na matriz brasileira, reduzindo os gastos exorbitantes com térmicas e o risco de racionamento de energia no futuro", disse Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Ativistas do Greenpeace protestam contra termelétricas movidas a carvão na Espanha e pedem investimentos em energias renováveis (©Jiri Rezac/Greenpeace)
A Europa precisa estabelecer metas de energias renováveis ambiciosas para 2030 ou os custos do sistema de eletricidade irão aumentar em cerca de 2 € bilhões por ano. Essa é uma das principais conclusões do novo relatório (clique para ler em inglês) publicado hoje pelo Greenpeace, que visa alertar os líderes europeus que se reúnem em Bruxelas para discutir o novo rumo da energia no continente.
Muitos países da União Europeia querem decidir o rumo de seus setores elétricos nacionais sem considerar os planos de seus vizinhos. No entanto, o powE[R] 2030, novo relatório da Energynautics comprova que mesmo que poucos países adotem caminhos diferentes, isso já bastaria para gerar graves confrontos técnicos e econômicos entre o carvão, as usinas de energia nuclear e as energias renováveis, resultando em maiores custos ao sistema de energia de toda a União Europeia.
Estes custos elevados ocorrem quando a energia renovável é reduzida ou desligada para dar espaço a usinas nucleares ou movidas a carvão, que não podem ser desligadas por motivos técnicos. Além de aumentar as emissões de carbono e a produção de resíduos nucleares, operar desta forma ainda acrescenta custos desnecessários para o sistema uma vez que as energias renováveis, como a solar e a eólica, dependem apenas de vento e de Sol enquanto as outras usinas gastam comprando insumos como urânio e carvão.
Segundo Sven Teske, da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Alemanha e co-autor do relatório, “as redes de energia da Europa podem ser modificadas e abastecidas por até 77% de energias renováveis em 2030, evitando uma série de custos desnecessários.
O Greenpeace propõe que o os governos europeus mudem suas ambições relacionadas a clima e energia para 2030, reduzindo as emissões de carbono em pelo menos 55%, aumentando a quota de energias renováveis para 45% e melhorando a eficiência em 40%.
"O estudo se junta a outras publicações recentes e atesta que a matriz eletrica europeia é capaz de assimilar uma grande penetração de energias renováveis flexíveis como eólica e solar, sem prejudicar a seguranca do suprimento do sistema. Isso indica que podemos almejar uma maior inserção de energias eólica e solar na matriz brasileira, reduzindo os gastos exorbitantes com térmicas e o risco de racionamento de energia no futuro", disse Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil.
Debate: Rumo ao consumo sustentável
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional,
participará de debate no Instituto Alana sobre consumo sustentável.
(©Greenpeace)
Local: Auditório do Instituto Alana - Rua Fradique Coutinho, 50 – 11 andar – Pinheiros – São Paulo
Na próxima quinta-feira, dia 27 de março,
Kumi Naidoo, diretor-executivo do Greenpeace Internacional, irá debater
consumo sustentável e possíveis soluções para esse desafio, no Instituto
Alana junto com Marcelo Sodré, membro do Conselho do Projeto Criança e
Consumo, do Instituto Alana.
Hoje, a sociedade brasileira se depara com
um momento crítico de escolhas: como fomentar a economia sem estimular o
consumo desenfreado, que traz sérias consequências tanto para as
próprias pessoas como para o meio ambiente? Será abordada durante a
conversa a oposição entre a necessidade de mudança de comportamento dos
consumidores ou a existência de uma alternativa tecnológica que evitaria
mudanças de padrões de consumo.
Para participar do evento basta se inscrever pelo e-mail: vilmara@alana.org.br
O evento também contará com transmissão ao vivo (clique aqui).
Saiba mais:
Data e horário: 27 de março - a partir de 8h30Local: Auditório do Instituto Alana - Rua Fradique Coutinho, 50 – 11 andar – Pinheiros – São Paulo
Wednesday, March 19, 2014
E o campeão do desmatamento é
Ao lançar uma campanha publicitária para o shampoo Head & Shoulders, com super produções e personagens icônicos da vida real do brasileiro, a Procter & Gamble segue firme com sua indiferença com relação à exploração predatória e destrutiva das florestas tropicais.
Nós gostamos tanto das propagandas que fizemos nossa própria versão, homenageando o produto 3 em 1 da companhia: que traz desmatamento, destruição e extinção de animais raros, tudo de uma vez só, diretamente para o seu chuveiro.
Clique aqui para assistir ao clipe paródia do Head & Shoulders, “The namber uãm em desmateichon in de uordi”.
Você já sabe que a P&G compra óleo de palma de fornecedores e produtoras reincidentes em crimes contra o meio ambiente. Sabe também que milhares de pessoas assinaram o manifesto pelas florestas da Indonésia e enviaram mensagens diretamente para o presidente da P&G pedindo produtos livres desse óleo de palma sujo.
Mas apesar da grande mobilização, acredite: eles continuam ignorando, solenemente, os próprios consumidores e o que acontece ao redor. Enquanto concorrentes como Nestlé, Unilever, Kellog’s, Ferrero e mais recentemente a Mars lideram uma transformação no setor, adotando políticas realistas e eficazes para evitar óleo de palma que desmata em suas linhas de produção, a P&G insiste no velho e inconsistente discurso das ‘práticas sustentáveis’.
Nós gostamos tanto das propagandas que fizemos nossa própria versão, homenageando o produto 3 em 1 da companhia: que traz desmatamento, destruição e extinção de animais raros, tudo de uma vez só, diretamente para o seu chuveiro.
Clique aqui para assistir ao clipe paródia do Head & Shoulders, “The namber uãm em desmateichon in de uordi”.
Você já sabe que a P&G compra óleo de palma de fornecedores e produtoras reincidentes em crimes contra o meio ambiente. Sabe também que milhares de pessoas assinaram o manifesto pelas florestas da Indonésia e enviaram mensagens diretamente para o presidente da P&G pedindo produtos livres desse óleo de palma sujo.
Mas apesar da grande mobilização, acredite: eles continuam ignorando, solenemente, os próprios consumidores e o que acontece ao redor. Enquanto concorrentes como Nestlé, Unilever, Kellog’s, Ferrero e mais recentemente a Mars lideram uma transformação no setor, adotando políticas realistas e eficazes para evitar óleo de palma que desmata em suas linhas de produção, a P&G insiste no velho e inconsistente discurso das ‘práticas sustentáveis’.
Equipe de voluntários arma as duas entradas no escritório da
agência Saatchi and Saatchi’s em Londres. Eles criaram a campanha
publicitária do Head & Shoulders, shampoo da linha de produtos
Procter & Gamble. (© Jiri Rezac / Greenpeace)
Duas semanas atrás, ativistas do Greenpeace colocaram uma instalação com duas divisórias na entrada da agência Saatchi and Saatchi’s, responsável pelo marketing da P&G. Os profissionais, ao entrarem no escritório, tinham que escolher entre duas ‘portas’: “salve as florestas” ou “destrua as florestas”. A preferência pela proteção foi esmagadora, ou seja: até os criadores das campanhas do Head & Shoulders estão preocupados com a situação crítica do óleo de palma e das florestas tropicais na Indonésia.
Por isso produzimos esta singela homenagem, para acordar de vez os executivos que ainda estão ‘dormindo no ponto’. Nossa paródia não foi produzida por agência e nem contou com a participação de celebridades, mas nós garantimos: nada desta produção é proveniente de desmatamento!
Duas semanas atrás, ativistas do Greenpeace colocaram uma instalação com duas divisórias na entrada da agência Saatchi and Saatchi’s, responsável pelo marketing da P&G. Os profissionais, ao entrarem no escritório, tinham que escolher entre duas ‘portas’: “salve as florestas” ou “destrua as florestas”. A preferência pela proteção foi esmagadora, ou seja: até os criadores das campanhas do Head & Shoulders estão preocupados com a situação crítica do óleo de palma e das florestas tropicais na Indonésia.
Por isso produzimos esta singela homenagem, para acordar de vez os executivos que ainda estão ‘dormindo no ponto’. Nossa paródia não foi produzida por agência e nem contou com a participação de celebridades, mas nós garantimos: nada desta produção é proveniente de desmatamento!
Tuesday, March 18, 2014
Ativistas ocupam central nuclear
Manifestantes protestam na França para alertar governo sobre os riscos
que as usinas podem causar ao meio ambiente e à população.
Ativistas abrem faixa na usina nuclear em protesto pelas fontes renováveis. Foto: © Daniel Mueller / Greenpeace
Nesta terça feira, 18 de março cerca de 60 ativistas do Greenpeace, de 14 países diferentes, fizeram um protesto na usina de Fessenheim, no leste da França. Com o propósito de denunciar os riscos que a energia nuclear francesa pode causar à Europa, ativistas de vários países europeus (França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália, Suíça, Polônia, Republica Tcheca, Suécia, Eslovênia e Áustria), além de outros países ao redor do globo (Austrália, Turquia e Israel), compareceram ao ato.
“Fessenheim é uma das usinas nucleares mais antigas da Europa e deveria ser a primeira de uma série de usinas nucleares que precisam ser desligadas nos próximos anos”, afirma Cyrille Cormier, especialista do Greenpeace em energia nuclear. “Angela Merkel(chanceler alemã) e François Hollande(presidente da França) não podem expor a Europa a futuros riscos, o continente precisa explorar formas sustentáveis de extrair energia”.
Com 37 anos de atividade, Fessenheim é a usina nuclear mais antiga da França, e foi identificada pelo Greenpeace como uma das mais perigosas do país. Necessita ser fechada o mais rápido possível, assim como outras usinas francesas. São elas: Le Bugey, Tricastin, Gravelines e Le Blayais. Fessenheim está localizada no coração da Europa, entre França, Suíça e Itália. Exposta a terremotos e sujeita a inundações, pode prejudicar sete milhões de pessoas que vivem em um raio de 100 km dos reatores.
Na Europa, uma nova era de riscos relacionados à energia nuclear começou: 66 das 151 usinas nucleares europeias têm mais de 30 anos de atividade, e algumas já ultrapassam os 40. Há duas semanas o Greenpeace publicou um levantamento chamado “Prolongamento da vida útil das usinas nucleares: uma nova era de risco vai começar”, que expõe os riscos que o continente está sujeito, caso continue usando as antigas usinas.
O envelhecimento das usinas propicia risco de graves acidentes. Mesmo com os reparos a que os reatores foram submetidos, continuam se deteriorando devido ao desgaste ao longo dos anos. Embora o presidente Hollande tenha prometido fechar Fessenheim até 2016 e reduzir a parcela nuclear no país de 75% para 50% até 2025, a extensão do tempo útil de um reator acima de 40 anos pode mudar o rumo do projeto.
“François Hollande tem que manter sua promessa, e criar a lei que impede o funcionamento de usinas com mais de 40 anos de uso”.
A Europa deve decidir seu quadro de política energética para 2030 durante o Conselho Europeu em Bruxelas, no final desta semana. A meta proposta pela comissão é de que pelo menos 27% das fontes de energia sejam renováveis, o que é muito pouco. O Greenpeace propõe que François Hollande e Angela Merkel aumentem a meta de 27% para 45% do uso de energias renováveis no velho continente nos próximos anos.
Ativistas abrem faixa na usina nuclear em protesto pelas fontes renováveis. Foto: © Daniel Mueller / Greenpeace
Nesta terça feira, 18 de março cerca de 60 ativistas do Greenpeace, de 14 países diferentes, fizeram um protesto na usina de Fessenheim, no leste da França. Com o propósito de denunciar os riscos que a energia nuclear francesa pode causar à Europa, ativistas de vários países europeus (França, Alemanha, Bélgica, Holanda, Itália, Suíça, Polônia, Republica Tcheca, Suécia, Eslovênia e Áustria), além de outros países ao redor do globo (Austrália, Turquia e Israel), compareceram ao ato.
“Fessenheim é uma das usinas nucleares mais antigas da Europa e deveria ser a primeira de uma série de usinas nucleares que precisam ser desligadas nos próximos anos”, afirma Cyrille Cormier, especialista do Greenpeace em energia nuclear. “Angela Merkel(chanceler alemã) e François Hollande(presidente da França) não podem expor a Europa a futuros riscos, o continente precisa explorar formas sustentáveis de extrair energia”.
Com 37 anos de atividade, Fessenheim é a usina nuclear mais antiga da França, e foi identificada pelo Greenpeace como uma das mais perigosas do país. Necessita ser fechada o mais rápido possível, assim como outras usinas francesas. São elas: Le Bugey, Tricastin, Gravelines e Le Blayais. Fessenheim está localizada no coração da Europa, entre França, Suíça e Itália. Exposta a terremotos e sujeita a inundações, pode prejudicar sete milhões de pessoas que vivem em um raio de 100 km dos reatores.
Na Europa, uma nova era de riscos relacionados à energia nuclear começou: 66 das 151 usinas nucleares europeias têm mais de 30 anos de atividade, e algumas já ultrapassam os 40. Há duas semanas o Greenpeace publicou um levantamento chamado “Prolongamento da vida útil das usinas nucleares: uma nova era de risco vai começar”, que expõe os riscos que o continente está sujeito, caso continue usando as antigas usinas.
O envelhecimento das usinas propicia risco de graves acidentes. Mesmo com os reparos a que os reatores foram submetidos, continuam se deteriorando devido ao desgaste ao longo dos anos. Embora o presidente Hollande tenha prometido fechar Fessenheim até 2016 e reduzir a parcela nuclear no país de 75% para 50% até 2025, a extensão do tempo útil de um reator acima de 40 anos pode mudar o rumo do projeto.
“François Hollande tem que manter sua promessa, e criar a lei que impede o funcionamento de usinas com mais de 40 anos de uso”.
A Europa deve decidir seu quadro de política energética para 2030 durante o Conselho Europeu em Bruxelas, no final desta semana. A meta proposta pela comissão é de que pelo menos 27% das fontes de energia sejam renováveis, o que é muito pouco. O Greenpeace propõe que François Hollande e Angela Merkel aumentem a meta de 27% para 45% do uso de energias renováveis no velho continente nos próximos anos.
Monday, March 17, 2014
Ativistas buscam justiça
O grupo que foi preso na Rússia, após protesto pacífico contra exploração de petróleo no Ártico, pede indenização ao Tribunal
Ativistas passaram dois meses presos na Rússia. Foto: © Dmitri Sharomov / Greenpeace
Ativistas passaram dois meses presos na Rússia. Foto: © Dmitri Sharomov / Greenpeace
O grupo de 28 ativistas do Greenpeace e dois jornalistas, que
passaram dois meses presos na Rússia após protesto pacífico contra
exploração de petróleo no Ártico, apresentou uma queixa ao Tribunal
Europeu de Direitos Humanos. Eles pedem indenização e uma declaração
formal de que a apreensão e detenção do grupo foram ilegais.
Os advogados que atuam em nome do grupo afirmam que a ação dos agentes da Segurança Armada Russa violou duas normas fundamentais da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. São elas: a liberdade e liberdade de expressão. A Rússia aderiu à convenção em 1998.
“Os 30 foram detidos em águas internacionais, em uma flagrante violação das leis russas e internacionais”, afirmou Sergey Golubok, um dos advogados do grupo. “É por isso que estamos recorrendo ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A reação das autoridades Russas foi completamente extremada diante de um protesto pacífico. Os ativistas tentavam alertar o mundo sobre os riscos que o Ártico corre com a exploração de petróleo”.
Segundo os advogados, a reação desproporcional dos agentes de segurança russos, em águas internacionais, violou os artigos 5 e 10 – liberdade e liberdade de expressão – de uma disposição do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Os advogados ratificam que os 28 ativistas e dois jornalistas foram ilegalmente privados de liberdade durante dois meses, dos dias 18 e 19 de setembro até receberem a anistia, entre os dias 20 e 28 de dezembro de 2013.
O grupo busca a indenização pelos danos que sofreram e pelas despesas associadas à defesa do caso na Rússia. Levando-se em conta o histórico do Tribunal Europeu, a queixa pode levar mais de um ano para ser julgada. Mas o Greenpeace pressiona a Corte para que o caso seja levado à frente o mais rápido possível.
“Os 30 do Ártico não são criminosos. São jornalistas, ativistas e defensores do meio ambiente que lutam pacificamente por uma causa: preservar e proteger o meio ambiente das ameaças do ser humano”, concluiu Sergey.
Os advogados que atuam em nome do grupo afirmam que a ação dos agentes da Segurança Armada Russa violou duas normas fundamentais da Convenção Europeia dos Direitos Humanos. São elas: a liberdade e liberdade de expressão. A Rússia aderiu à convenção em 1998.
“Os 30 foram detidos em águas internacionais, em uma flagrante violação das leis russas e internacionais”, afirmou Sergey Golubok, um dos advogados do grupo. “É por isso que estamos recorrendo ao Tribunal Europeu de Direitos Humanos. A reação das autoridades Russas foi completamente extremada diante de um protesto pacífico. Os ativistas tentavam alertar o mundo sobre os riscos que o Ártico corre com a exploração de petróleo”.
Segundo os advogados, a reação desproporcional dos agentes de segurança russos, em águas internacionais, violou os artigos 5 e 10 – liberdade e liberdade de expressão – de uma disposição do Tribunal Europeu de Direitos Humanos.
Os advogados ratificam que os 28 ativistas e dois jornalistas foram ilegalmente privados de liberdade durante dois meses, dos dias 18 e 19 de setembro até receberem a anistia, entre os dias 20 e 28 de dezembro de 2013.
O grupo busca a indenização pelos danos que sofreram e pelas despesas associadas à defesa do caso na Rússia. Levando-se em conta o histórico do Tribunal Europeu, a queixa pode levar mais de um ano para ser julgada. Mas o Greenpeace pressiona a Corte para que o caso seja levado à frente o mais rápido possível.
“Os 30 do Ártico não são criminosos. São jornalistas, ativistas e defensores do meio ambiente que lutam pacificamente por uma causa: preservar e proteger o meio ambiente das ameaças do ser humano”, concluiu Sergey.
Saturday, March 15, 2014
Planeta consumível
Hoje, Dia do Consumidor, o Greenpeace relembra a
importância do ato de consumir realizado de forma responsável. A
história remonta à década de 60 nos Estados Unidos: no ano de 1962 o
então presidente John F. Kennedy instituiu a data, no advento da criação
do primeiro código do consumidor do país. Em 2001, a ONU (Organização
das Nações Unidas) assumiu também a data, colocando as diretrizes
propostas como internacionais.
Na contramão das datas comerciais, o Dia do
Consumidor convoca cada um dos cidadãos para uma reflexão que vai muito
além das vitrines. O consumo humano é o vetor fundamental dos mais
graves ataques ao meio ambiente. Quando realizado de forma exagerada (o
chamado “hiperconsumo”) colabora com o desenho de um cenário do caos não
só ambiental, mas também social: aumento das emissões de CO2, injustiças e violações de direitos provocadas pelo desestímulo à pequena produção, familiar e local, perda de biodiversidade e deterioração do meio ambiente de forma ampla e irreparável.
O Greenpeace possui entre suas formas de trabalho a
sensibilização do consumidor final e suas escolhas para a ação contra
sistemas de produção e empresas que operem de forma irresponsável.
Exemplos disso estão em campanhas como a de oceanos, que, ao condenar a
pesca predatória, oferece informações e convida o consumidor a não
consumir espécies de peixe previamente identificadas.
Nesse exato momento o Greenpeace realiza este trabalho
na campanha de florestas, expondo o desmatamento na Indonésia provocado
pela extração de óleo de palma e sua direta relação com a marca Head & Shoulders,
da gigante P&G. A escolha do consumidor é sim uma ferramenta
fundamental para a condução de melhores práticas de mercado, que
considerem amplamente seus impactos sociais e ambientais,
relacionando-se não somente com o consumo exagerado, mas também com o
consumo “desavisado”.
Seja parte da mudança e traga para o seu cotidiano
mais decisões no seu consumo. Há, sem dúvida, desafios inerentes a essa
tarefa, ainda mais em países como o Brasil, onde a falta de informação e
a ausência de alternativas sustentáveis fecham o cerco ao consumidor.
Mas é hora de cruzar as barreiras e colocar-se firmemente frente ao
consumo daquilo que é seu de forma inegável: o próprio planeta.
Friday, March 14, 2014
K, a linha do caos
Depois das constantes falhas no metrô de São Paulo, muito se falou que, na Linha 3 – Vermelha, a frota de trens que mais registrava problemas era a frota K, que coincidência ou não, teve sua última reforma feita pela Empresa Alstom, uma das protagonistas nas investigações sobre o cartel no metrô de SP. Para que se tenha uma ideia, um trem da frota K apresenta em média 4,17 vezes mais falhas por dia que os de outras frotas: entre outubro e novembro do ano passado, foram 696 panes no período de um mês.
A situação é tão grave que quando o sindicato dos metroviários de SP trouxe esses dados à tona, alegando que o Governo de São Paulo conhece os riscos de operar a frota, seu acesso ao relatório de falhas foi suspenso, conforme denunciado por eles em nota no site. Depois das falhas ocorridas em fevereiro e buscando saber o que acontecia, nos valemos da Lei de Acesso à Informação e solicitamos acesso ao relatório de falhas da Frota K da L3 – Vermelha do metrô SP. Um mês após o pedido ter sido feito, recebemos a resposta, hoje, de que nossa solicitação foi negada, pois o Metrô SP avalia que as informações ali presentes são sigilosas e sua abertura pode causar danos aos usuários do metrô.
Entendemos que, de fato, algumas informações relativas à segurança do sistema sejam mantidas em sigilo. No entanto, a negativa de acesso a um relatório contendo o número e o tipo de falhas, sobretudo logo após tal acesso ser retirado também dos próprios funcionários, faz parecer muito mais uma medida do Metrô que cerceia o acesso dos cidadãos aos seus dados (ainda mais quando polêmicos), indo contra a política de transparência do Governo e gerando ainda mais dúvidas sobre o que os referidos relatórios guardam. Infelizmente, não tem sido raros no país os casos em que as liberdades têm sido restringidas em nome de uma segurança que, em verdade, não se dirige e nem beneficia os cidadãos.
*Bárbara Rubim é coordenadora da campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Termelétricas pesam no bolso do consumidor
Em anúncio realizado hoje Ministério da Fazenda e Ministério de Minas e
Energia anunciam que consumidores pagarão parte das despesas do setor
elétrico
Ativista com máscara do ministro Edson Lobão faz leilão de energia sobre pilha de carvão, combustível poluente que abastece termelétricas ©Greenpeace)
A falta de chuvas e a possibilidade de racionamento de água e de energia não são as únicas preocupações da população brasileira. Pelo menos não deveriam ser diante do recente anúncio do governo de que a conta de luz dos consumidores brasileiros vai aumentar. Devido aos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e do funcionamento constante das usinas termelétricas desde o inicio do ano, o governo brasileiro já gastou R$ 12 bilhões para manter o fornecimento de energia no país. E, para fechar essa conta, os consumidores de energia vão ter que pagar parte das despesas.
Com essa decisão, a conta de luz deve subir a partir de 2015. O governo vai autorizar um financiamento privado de R$ 8 bilhões que será ressarcido com o aumento das tarifas. “Há muito tempo alertávamos que os gastos exorbitantes com o combustível das termelétricas sobraria para o consumidor”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, “ já que boa parte do parque termelétrico foi construído para operar apenas em poucos meses do ano devido ao custo do combustível queimado por elas que é caríssimo.”
Ainda para tentar equilibrar as contas e para evitar o risco de ‘apagão’, também foi anunciado hoje a realização de um leilão de energia A-0 – para contratação de energia emergencial ou imediata, não havendo necessidade de construir novas usinas – na tentativa de reduzir o preço da eletricidade e o gasto das distribuidoras.
O governo vem pagando parte da conta das distribuidoras desde o ano passado para evitar impactar o bolso do consumidor, no entanto, a conta ficou tão elevada que decidiu socorre-las financeiramente. Em 2013, a conta repassada ao Tesouro pelo setor elétrico foi de R$10 bilhões e apenas em janeiro de 2014 alcançou R$1,2 bilhão.
A real solução para complementar as hidrelétricas no período seco do ano e economizar água nos reservatórios são renováveis como eólicas, solares e biomassa uma vez que o pico de geração dessas renováveis acontece justamente nos meses secos que tanto prejudicam os reservatórios das hidrelétricas.
“O governo deveria adotar daqui por diante um planejamento que não onere o consumidor nem o meio ambiente para evitar que bilhões tenham que ser desembolsados no futuro. Com os R$ 12 bilhões gastos pelo Tesouro poderíamos ter construído 3500 MW permanentes de energia eólica para o Brasil”, conclui Baitelo.
Ativista com máscara do ministro Edson Lobão faz leilão de energia sobre pilha de carvão, combustível poluente que abastece termelétricas ©Greenpeace)
A falta de chuvas e a possibilidade de racionamento de água e de energia não são as únicas preocupações da população brasileira. Pelo menos não deveriam ser diante do recente anúncio do governo de que a conta de luz dos consumidores brasileiros vai aumentar. Devido aos baixos níveis dos reservatórios das hidrelétricas e do funcionamento constante das usinas termelétricas desde o inicio do ano, o governo brasileiro já gastou R$ 12 bilhões para manter o fornecimento de energia no país. E, para fechar essa conta, os consumidores de energia vão ter que pagar parte das despesas.
Com essa decisão, a conta de luz deve subir a partir de 2015. O governo vai autorizar um financiamento privado de R$ 8 bilhões que será ressarcido com o aumento das tarifas. “Há muito tempo alertávamos que os gastos exorbitantes com o combustível das termelétricas sobraria para o consumidor”, afirma Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil, “ já que boa parte do parque termelétrico foi construído para operar apenas em poucos meses do ano devido ao custo do combustível queimado por elas que é caríssimo.”
Ainda para tentar equilibrar as contas e para evitar o risco de ‘apagão’, também foi anunciado hoje a realização de um leilão de energia A-0 – para contratação de energia emergencial ou imediata, não havendo necessidade de construir novas usinas – na tentativa de reduzir o preço da eletricidade e o gasto das distribuidoras.
O governo vem pagando parte da conta das distribuidoras desde o ano passado para evitar impactar o bolso do consumidor, no entanto, a conta ficou tão elevada que decidiu socorre-las financeiramente. Em 2013, a conta repassada ao Tesouro pelo setor elétrico foi de R$10 bilhões e apenas em janeiro de 2014 alcançou R$1,2 bilhão.
A real solução para complementar as hidrelétricas no período seco do ano e economizar água nos reservatórios são renováveis como eólicas, solares e biomassa uma vez que o pico de geração dessas renováveis acontece justamente nos meses secos que tanto prejudicam os reservatórios das hidrelétricas.
“O governo deveria adotar daqui por diante um planejamento que não onere o consumidor nem o meio ambiente para evitar que bilhões tenham que ser desembolsados no futuro. Com os R$ 12 bilhões gastos pelo Tesouro poderíamos ter construído 3500 MW permanentes de energia eólica para o Brasil”, conclui Baitelo.
Thursday, March 13, 2014
Usinas do Madeira terão que refazer estudos
Usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (© Greenpeace/Lunae Parracho)
Uma liminar da Justiça Federal de Rondônia determinou que as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e o Ibama refaçam os estudos sobre as barragens para verificar a influência das usinas nos impactos causados pela cheia que atinge o estado. A Justiça também determinou que os consórcios atendam as necessidades básicas das famílias atingidas, como moradia, alimentação, transporte, saúde e educação.
Na quarta-feira, o rio Madeira atingiu 19,07 metros, 2,39 metros acima da cota de emergência. No mesmo dia, um mês depois que o rio Madeira atingiu a cota de emergência pela primeira vez, a presidente Dilma Rousseff anunciou apoio ao estado de Rondônia para prestar socorro aos atingidos.
Mas não é só Rondônia que está sofrendo com a cheia dos rios. No total, cerca de 20 mil famílias tiveram que deixar suas casas em toda a região Norte. Na Bolívia a situação é ainda mais grave, com 60 mortes e 100 mil cabeças de gado perdidas. E o rio Xingu, onde está sendo construída a hidrelétrica de Belo Monte, também tem mostrado sinais de elevação acima do esperado pelos moradores.
“Eventos extremos como o que estão acontecendo no rio Madeira devem se tornar cada vez mais frequentes. Com as mudanças climáticas, os padrões de chuva podem ser imprevisíveis. Continuar apostando num modelo de grandes hidrelétricas na Amazônia representa um grave risco”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Inviabilidade econômica de grandes hidrelétricas
Um artigo recente da Energy Policy, escrito por pesquisadores da Universidade de Oxford (Should we build more large dams? The actual costs of hydropower megaproject development) analisou 245 hidrelétricas construídas em 65 países entre 1934 e 2007 e afirmou que, na maioria dos casos, as grandes usinas hidrelétricas não são viáveis economicamente. Foi concluído que elas ultrapassam os orçamentos, afogam a economia dos países e não entregam os benefícios prometidos.
O estudo apontou que as grandes hidrelétricas em geral sofreram aumento de custo de 96%, em média, e os atrasos foram 44% maiores do que o estimado. Além de fatores técnicos e econômicos, riscos relacionados à segurança das barragens, meio ambiente e sociedade afetam a viabilidade desses projetos.
Mesmo assim, no Brasil, hidrelétricas voltaram a ser vistas como a principal alternativa para suprir a demanda energética da população. Segundo o Plano Decenal de Energia 2013-2022, a previsão é que a demanda por energia cresça 53% nos próximos dez anos no país. E o governo pretende atender metade dessa demanda com hidrelétricas.
Mas, as usinas que estão sendo construídas por aqui são perfeitas para referendar o estudo dos pesquisadores de Oxford. Jirau é apenas um dos exemplos. Orçada em R$ 9 bilhões, seu custo total foi revisto no fim do ano passado para R$ 17, 4 bilhões, quase o dobro do previsto. Além disso, sofre com atraso de quase um ano. A hidrelétrica de Belo Monte segue o mesmo caminho: foi leiloada por R$ 19 bilhões e cerca de dois anos depois, em 2013, já ultrapassava os R$ 30 bilhões.
As grandes hidrelétricas que saíram do papel recentemente no país, como o complexo do rio Madeira e Belo Monte, demonstraram dificuldade de diálogo do governo com as populações atingidas, diversos erros na condução dos projetos e a escalada do orçamento previsto. No rio Tapajós, no Pará, estão previstas sete grandes barragens.
Segundo os autores do estudo, apesar de serem consideradas energias renováveis, as grandes hidrelétricas não são tão limpas quanto parecem. A enorme quantidade de concreto utilizada para a construção é responsável por uma pegada de carbono gigante. Além disso, as áreas de vegetação inundada nos reservatórios produzem gás metano, um poderoso causador do efeito estufa.
O estudo conclui ainda que grandes hidrelétricas consomem recursos que poderiam ser utilizados de forma mais eficiente. E sugere técnicas de gerenciamento de risco para auxiliar a seleção de alternativas energéticas. “Se tivéssemos seguido esse tipo de processo, teríamos optado por mais eólicas e usinas de biomassa ao invés de construir Belo Monte”, completou Baitelo.
Denúncia na ONU
No dia 10, entidades e lideranças sociais denunciaram o governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU por violações de direitos indígenas durante a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia. Segundo a denúncia, o artigo 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê a consulta aos povos indígenas, não está sendo aplicado pelo Brasil e isso está pondo em risco a sobrevivência da população indígena.
Uma liminar da Justiça Federal de Rondônia determinou que as usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau e o Ibama refaçam os estudos sobre as barragens para verificar a influência das usinas nos impactos causados pela cheia que atinge o estado. A Justiça também determinou que os consórcios atendam as necessidades básicas das famílias atingidas, como moradia, alimentação, transporte, saúde e educação.
Na quarta-feira, o rio Madeira atingiu 19,07 metros, 2,39 metros acima da cota de emergência. No mesmo dia, um mês depois que o rio Madeira atingiu a cota de emergência pela primeira vez, a presidente Dilma Rousseff anunciou apoio ao estado de Rondônia para prestar socorro aos atingidos.
Mas não é só Rondônia que está sofrendo com a cheia dos rios. No total, cerca de 20 mil famílias tiveram que deixar suas casas em toda a região Norte. Na Bolívia a situação é ainda mais grave, com 60 mortes e 100 mil cabeças de gado perdidas. E o rio Xingu, onde está sendo construída a hidrelétrica de Belo Monte, também tem mostrado sinais de elevação acima do esperado pelos moradores.
“Eventos extremos como o que estão acontecendo no rio Madeira devem se tornar cada vez mais frequentes. Com as mudanças climáticas, os padrões de chuva podem ser imprevisíveis. Continuar apostando num modelo de grandes hidrelétricas na Amazônia representa um grave risco”, disse Ricardo Baitelo, coordenador da Campanha de Clima e Energia do Greenpeace.
Inviabilidade econômica de grandes hidrelétricas
Um artigo recente da Energy Policy, escrito por pesquisadores da Universidade de Oxford (Should we build more large dams? The actual costs of hydropower megaproject development) analisou 245 hidrelétricas construídas em 65 países entre 1934 e 2007 e afirmou que, na maioria dos casos, as grandes usinas hidrelétricas não são viáveis economicamente. Foi concluído que elas ultrapassam os orçamentos, afogam a economia dos países e não entregam os benefícios prometidos.
O estudo apontou que as grandes hidrelétricas em geral sofreram aumento de custo de 96%, em média, e os atrasos foram 44% maiores do que o estimado. Além de fatores técnicos e econômicos, riscos relacionados à segurança das barragens, meio ambiente e sociedade afetam a viabilidade desses projetos.
Mesmo assim, no Brasil, hidrelétricas voltaram a ser vistas como a principal alternativa para suprir a demanda energética da população. Segundo o Plano Decenal de Energia 2013-2022, a previsão é que a demanda por energia cresça 53% nos próximos dez anos no país. E o governo pretende atender metade dessa demanda com hidrelétricas.
Mas, as usinas que estão sendo construídas por aqui são perfeitas para referendar o estudo dos pesquisadores de Oxford. Jirau é apenas um dos exemplos. Orçada em R$ 9 bilhões, seu custo total foi revisto no fim do ano passado para R$ 17, 4 bilhões, quase o dobro do previsto. Além disso, sofre com atraso de quase um ano. A hidrelétrica de Belo Monte segue o mesmo caminho: foi leiloada por R$ 19 bilhões e cerca de dois anos depois, em 2013, já ultrapassava os R$ 30 bilhões.
As grandes hidrelétricas que saíram do papel recentemente no país, como o complexo do rio Madeira e Belo Monte, demonstraram dificuldade de diálogo do governo com as populações atingidas, diversos erros na condução dos projetos e a escalada do orçamento previsto. No rio Tapajós, no Pará, estão previstas sete grandes barragens.
Segundo os autores do estudo, apesar de serem consideradas energias renováveis, as grandes hidrelétricas não são tão limpas quanto parecem. A enorme quantidade de concreto utilizada para a construção é responsável por uma pegada de carbono gigante. Além disso, as áreas de vegetação inundada nos reservatórios produzem gás metano, um poderoso causador do efeito estufa.
O estudo conclui ainda que grandes hidrelétricas consomem recursos que poderiam ser utilizados de forma mais eficiente. E sugere técnicas de gerenciamento de risco para auxiliar a seleção de alternativas energéticas. “Se tivéssemos seguido esse tipo de processo, teríamos optado por mais eólicas e usinas de biomassa ao invés de construir Belo Monte”, completou Baitelo.
Denúncia na ONU
No dia 10, entidades e lideranças sociais denunciaram o governo brasileiro no Conselho de Direitos Humanos da ONU por violações de direitos indígenas durante a construção de grandes hidrelétricas na Amazônia. Segundo a denúncia, o artigo 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que prevê a consulta aos povos indígenas, não está sendo aplicado pelo Brasil e isso está pondo em risco a sobrevivência da população indígena.
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