Protesto do Greenpeace no Ministério da Economia, em Varsóvia, onde
acontece a Cúpula Mundial sobre Carvão (©Greenpeace/Konrad
Konstantynowicz).
“Sediar um evento oficial do governo polonês para a indústria do carvão durante uma conferência climática é um tapa na cara de todas as pessoas que sofrem com os efeitos catastróficos das mudanças climáticas. Novos investimentos em combustíveis fósseis, como carvão e petróleo, precisam ser interrompidos e transferidos para as energias renováveis”, disse Martin Kaiser, chefe da delegação do Greenpeace International na COP-19.
“Como os principais produtores e usuários de combustíveis fósseis, os países ricos têm a obrigação moral de ajudar aqueles que, como as Filipinas, sofrem com os impactos do que é queimado em lugares como a Polônia. Nesta conferência, é absolutamente necessário fazer um plano para ajudar aqueles que são vítimas de nossa dependência de combustíveis fósseis”, acrescentou Kaiser.
A segunda bandeira trazia outra questão: “Quem governa a Polônia? As indústria do carvão ou as pessoas?”, em referência a uma pesquisa publicada em 12 de novembro pelo Centro de Pesquisa de Opinião Pública, que mostra que 89% dos cidadãos polacos são a favor de aumentar a produção de energias renováveis no país, enquanto o governo os ignora.
“Os políticos são eleitos para defender a vontade do povo, não para os interesses financeiros da velha indústria suja do carvão. O primeiro-ministro deve escutar as pessoas e iniciar uma mudança urgente para as energias renováveis”, afirmou Maciej Muskat, diretor do Greenpeace Polônia.
Representantes de 194 países estão reunidos em Varsóvia para a segunda semana de negociações, que pretende encontrar soluções para lidar com as mudanças do clima. O recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC, na sigla em inglês) foi muito claro no que precisa ser feito para tanto: a era dos combustíveis fósseis deve ser deixada para trás e as emissões de carbono devem ser eliminadas até meados deste século.
A primeira semana de negociações sobre o clima foi ofuscada por um retrocesso de países como o Japão e a Austrália. Na última sexta-feira, o Japão anunciou um enorme rebaixamento em sua meta para 2020, da diminuição de 25% em relação aos níveis de 1990 ele foi para um aumento de 3%, o que é muito pior do que a meta assumida pelo país no Protocolo de Kyoto, de 2008 a 2012.
Isso indica que o Japão planeja não fazer nada sobre o clima nos próximos sete anos. Ainda pior, o governo australiano apresentou na última quarta-feira uma nova lei revogando o seu preço de carbono, removendo o apoio às energias renováveis e desfazendo o suporte para uma meta de longo prazo de redução das emissões em 80% até 2050. Num tipo de solidariedade ao revés, o primeiro-ministro do Canadá foi rápido em parabenizar a Austrália por seus esforços.
No Brasil, também é necessário reverter a política de estímulo ao uso do carvão como fonte de energia, por essa ser uma energia altamente poluidora, com impactos diretos na qualidade do ar e nas emissões de gases de efeito estufa. “O carvão é a energia mais suja de todas as energias. Ele emite 84 vezes mais CO2 do que a energia eólica e 22 vezes mais que a energia solar. Nesta COP, os países têm a change de iniciar o processo de decisão pelo fim da era dos combustíveis fósseis. Enquanto isso, o governo brasileiro aumenta as emissões do setor de energia com o retorno do carvão para os leilões, o que é um grande retrocesso”, afirmou Renata Camargo, coordenadora de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.