A ativista brasileira Ana Paula Maciel durante audiência na corte de Murmansk, noroeste da Rússia (©Dmitri Sharomov/Greenpeace)
Em
nova audiência neste domingo, a Justiça russa decidiu pela prisão, por
dois meses, dos oito ativistas do Greenpeace que faltavam depor – entre
eles a brasileira Ana Paula Maciel. Este é o prazo para que as
autoridades do país concluam as investigações sobre a ação pacífica
realizada contra a exploração de petróleo no Ártico, no último dia 18.
Ao todo, 28 ativistas – além de um fotógrafo e um cinegrafista que
cobriam a ação – permanecem sob custódia por este período. O Greenpeace
vai recorrer da decisão.
O
protesto foi feito pela tripulação que estava a bordo do navio de
campanhas Arctic Sunrise, navegando em águas internacionais. A
organização condenou as decisões da Justiça e ressaltou que não se
intimidará: seus advogados estão trabalhando para apresentar um apelo
pela imediatada libertação de todos. Apesar de ainda não haver qualquer
acusação formal, as autoridades russas levantaram a hipótese de
pirataria, o que é rechaçado pelo Greenpeace.
A
ativista Sini Saarela, da Finlândia, falou sobre sua detenção de dentro
da gaiola onde os réus permanecem na Corte de Murmansk. Ela afirmou que
é uma pessoa honesta e que "sempre estive pronta para ser
responsabilizada por minhas ações. Eu não sou uma pirata. Perfurar por
óleo é uma enorme ameaça ao meio-ambiente na Rússia e em toda a região
Ártica."
Nos últimos dias, as manifestações de apoio aos ativistas vieram de vários países e de diferentes formas. Mais de 600 mil pessoas ao redor do mundo
enviaram emails para as embaixadas russas, pedindo a libertação da
tripulação. Diversas organizações ambientais e de direitos humanos, como
WWF e Anistia Internacional, soltaram notas em apoio ao direito do
protesto pacífico.
O
argentino Adolfo Perez Esquivel, ativista de direitos humanos e
ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1980, escreveu carta ao presidente
russo Vladimir Putin pedindo a libertação dos ativistas. “Como o senhor
mesmo já admitiu publicamente, não houve pirataria. O Greenpeace tem
uma história de 40 anos de pacifismo. Eles nunca usaram de violência
como meio de protesto e, por essa razão, a prisão preventiva dos
ativistas e a investigação aberta são incompreensíveis”, escreveu.
Na
sexta-feira, veículos de imprensa da Rússia trocaram as fotos de suas
versões online por telas pretas, para manifestar indignação com a prisão
do fotógrafo Denis Sinyakov, que cobria a ação do Greenpeace. A
organização Repórteres sem Fronteiras classificou as prisões como
“inaceitável violação ao direito à informação”.
“Estou
ao lado de milhões de pessoas em todo o mundo que estão prestando
solidariedade aos 30. As ações destes ativistas se justificam por causa
fracasso de governos de todo o mundo em proteger seus povos das ameaças
das mudanças climáticas. Não nos intimidaremos e apelaremos contra essas
prisões. Juntos venceremos”, afirmou Kumi Naidoo, diretor-executivo do
Greenpeace Internacional.
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