Quando o Prefeito Fernando Haddad tomou a (acertada) decisão de
priorizar o transporte coletivo na divisão do espaço viário, criando
mais corredores e faixas de ônibus, havia dúvidas entre os céticos sobre
as reais melhorias que essa medida causaria na fluidez dos ônibus que
trafegam pela cidade. Por outro lado, era sabido que a eficácia da
medida dependeria do aumento e da rigidez da fiscalização àqueles que,
espertinhos, tentassem invadir a faixa.
De fato, as profecias se realizaram: as faixas levaram a um ganho
médio de 45% de velocidade aos ônibus, com aprovação de 93% dos
paulistanos.
Mas não foi só a velocidade ou o número de faixas exclusivas que
cresceu. Conforme divulgado hoje, entre janeiro e agosto de 2013, foram
aplicadas 152.700 multas a motoristas que invadiram faixas de ônibus
(523% a mais que no mesmo período do ano passado), e 199.800 mil multas a
motoristas que adentraram os corredores de ônibus.
O valor das multas é de R$53,20 e R$127,69, respectivamente. Um
cálculo simples permite aferir que, se o pagamento de todas as multas
aplicadas até então por esses dois tipos de infração forem pagas, o
Município arrecadará algo próximo de 26 milhões de reais.
De acordo com a legislação em vigor, o dinheiro arrecadado com as
multas deve ir para o Fundo Municipal para Desenvolvimento do Trânsito
(FMDT), que custeia quatro atividades: sinalização viária, engenharia de
tráfego e de campo, policiamento e fiscalização e educação de trânsito.
Na prática, no entanto, o dinheiro arrecadado nos anos passados tem
sido utilizado para custear todos os gastos da CET (Companhia de
Engenharia de Tráfego).
Para se ter uma noção do que a quantia representaria se fosse
utilizada para melhorias na infraestrutura de mobilidade, com ela seria
possível fazer a pintura de quase 850 mil m² de faixas de pedestres ou
construir aproximadamente 17 km de ciclovias na cidade – o suficiente,
por exemplo e com base em outra conta simplista – para ligar a região da
Mooca (Zona Leste) à da Paulista, em SP. Essas medidas que ajudariam a
população, especialmente os que insistem no uso do carro, a ter outras
opções de deslocamento pela cidade (como andar a pé ou de bicicleta) e a
fugir do trânsito e das multas.
*Barbara Rubim é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace
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