O relógio do atraso foi instalado pelo Greenpeace onde deveria existir a
estação de metrô de Adolfo Pinheiro. Com 992 dias de atraso mais de 20
milhões de pessoas já poderiam ter passado na estação. (©Greenpeace)
Ativistas do Greenpeace instalaram um relógio digital
que contabiliza os dias de atraso na inauguração da estação Adolfo
Pinheiro, do metrô: ao todo foram 992 dias e mais de 20 milhões de
viagens não realizadas. A festa de inauguração contou com laço de cetim
vermelho, fanfarra, público animado e a presença ilustre de ativistas
caracterizados como o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo
Alckmin. O relógio, que tem dois metros e meio de altura e é abastecido
por energia solar, foi instalado na intersecção entre a Avenida Adolfo
Pinheiro e a Rua Isabel Schmidt.
No dia 20 de outubro de 2013, a Linha Lilás, a qual
pertence a estação Adolfo Pinheiro, completa 11 anos sem nenhuma nova
estação. O Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo) afirmou, em
nota ao jornal Folha de S. Paulo, que o cronograma pode variar "em
aproximadamente cinco meses para mais e um para menos" sem que isso
caracterize o descumprimento da entrega. A ampliação da linha enfrenta
problemas desde seu início, que vão desde as desapropriações que levaram
mais tempo do que o esperado até o rompimento de cabos de fibra ótica,
em Santo Amaro.
O início das obras da Linha Lilás já começou
atrasado, em agosto de 2009, quando deveriam ter acontecido no início do
mesmo ano. O atraso fez com que o governo reduzisse o ritmo de
investimentos na linha, fazendo com que o trecho entre Adolfo Pinheiro e
Brooklin-Campo Belo recebesse R$1,3 bi a menos que o previsto. Essa não
foi a única redução orçamentária sofrida: entre 2008 e 2012, a
prefeitura prometeu entrar com mais R$2 bi de investimento para todas as
obras do Metrô, mas investiu apenas R$975 milhões. A prefeitura afirma
que o corte foi motivado pela crise.
A expectativa era de que as obras passassem a ter
ritmo acelerado em 2010, quando um empréstimo de US$1,13bi foi liberado,
investimentos feitos pelo BIRD (Banco Mundial) e pelo BID (Banco
Interamericano de Desenvolvimento).
“A questão vai muito além de uma simples mudança no
cronograma de entrega da obra, como os governantes gostam de fazer
parecer”, afirma Barbara Rubim, da campanha Clima e Energia do
Greenpeace. “As obras de infraestrutura em mobilidade devem deixar de
ser tratadas como manobras eleitorais para arrecadação de votos e passar
a ser vistas como o que são: elementos essenciais para se melhorar a
qualidade de vida da população. Sempre que a entrega de uma estação é
postergada, isso representa também um atraso na construção de uma melhor
mobilidade para as pessoas e para a cidade”, conclui.
Semana da Mobilidade
A atividade de hoje acontece durante a Semana da Mobilidade
- entre 16 e 22 de setembro - e faz parte de um alerta para a situação
do transporte coletivo e da mobilidade no país como um todo. Até
domingo serão realizados eventos em parceria com outras organizações,
culminando no Dia Mundial sem Carro (22 de setembro). Também é possível
participar da mobilização virtualmente, pelo Concurso Sardinha de Ouro.
Nele, os internautas são convidados a publicar uma foto da superlotação
que passam no transporte coletivo em perfis do Facebook, Twitter ou
Instagram com a hashtag #Sardinhadeouro e concorrem a três bicicletas
dobráveis.
Essas atividades fazem parte da campanha #Cadê,
cuja proposta é incentivar novas formas de ocupação e uso da cidade,
questionando o conceito atual de cidades feitas para a circulação de
carros. Além de apontar os problemas, há também um direcionamento para a
solução com os Planos de Mobilidade, que entram como peça fundamental
desse quebra-cabeça.
O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de
planejamento da mobilidade de uma cidade. De acordo com a Política
Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU - Lei 12.587/2012) todos os
municípios brasileiros que possuam mais de 20 mil habitantes devem
elaborar esse Plano até abril de 2015. No município de São Paulo o plano
anda a passo de tartaruga: foi criado o Conselho Municipal de
Transportes, que tem como uma de suas principais atribuições a
elaboração do Plano de Mobilidade Urbana.
Uma cidade com boa mobilidade urbana é a que proporciona às
pessoas deslocamentos seguros, confortáveis e em tempo razoável, por
modos que atendam a esses critérios e sejam bons para a sociedade e para
o meio ambiente.
Para saber mais sobre a campanha de Mobilidade Urbana, acesse: http://www.greenpeace.com.br/cade/
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