Thursday, September 19, 2013

Greenpeace inaugura o relógio do atraso

O equipamento foi instalado onde deveria existir a estação Adolfo Pinheiro do metrô. Vinte milhões de pessoas já poderiam ter viajado por esta estação, mais do que toda a população do Estado de São Paulo.

O relógio do atraso foi instalado pelo Greenpeace onde deveria existir a estação de metrô de Adolfo Pinheiro. Com 992 dias de atraso mais de 20 milhões de pessoas já poderiam ter passado na estação. (©Greenpeace) 


Ativistas do Greenpeace instalaram um relógio digital que contabiliza os dias de atraso na inauguração da estação Adolfo Pinheiro, do metrô: ao todo foram 992 dias e mais de 20 milhões de viagens não realizadas. A festa de inauguração contou com laço de cetim vermelho, fanfarra, público animado e a presença ilustre de ativistas caracterizados como o prefeito Fernando Haddad e o governador Geraldo Alckmin. O relógio, que tem dois metros e meio de altura e é abastecido por energia solar, foi instalado na intersecção entre a Avenida Adolfo Pinheiro e a Rua Isabel Schmidt.
No dia 20 de outubro de 2013, a Linha Lilás, a qual pertence a estação Adolfo Pinheiro, completa 11 anos sem nenhuma nova estação. O Metrô (Companhia do Metropolitano de São Paulo) afirmou, em nota ao jornal Folha de S. Paulo, que o cronograma pode variar "em aproximadamente cinco meses para mais e um para menos" sem que isso caracterize o descumprimento da entrega. A ampliação da linha enfrenta problemas desde seu início, que vão desde as desapropriações que levaram mais tempo do que o esperado até o rompimento de cabos de fibra ótica, em Santo Amaro.
O início das obras da Linha Lilás já começou atrasado, em agosto de 2009, quando deveriam ter acontecido no início do mesmo ano. O atraso fez com que o governo reduzisse o ritmo de investimentos na linha, fazendo com que o trecho entre Adolfo Pinheiro e Brooklin-Campo Belo recebesse R$1,3 bi a menos que o previsto. Essa não foi a única redução orçamentária sofrida: entre 2008 e 2012, a prefeitura prometeu entrar com mais R$2 bi de investimento para todas as obras do Metrô, mas investiu apenas R$975 milhões. A prefeitura afirma que o corte foi motivado pela crise.


A expectativa era de que as obras passassem a ter ritmo acelerado em 2010, quando um empréstimo de US$1,13bi foi liberado, investimentos feitos pelo BIRD (Banco Mundial) e pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento).
“A questão vai muito além de uma simples mudança no cronograma de entrega da obra, como os governantes gostam de fazer parecer”, afirma Barbara Rubim, da campanha Clima e Energia do Greenpeace. “As obras de infraestrutura em mobilidade devem deixar de ser tratadas como manobras eleitorais para arrecadação de votos e passar a ser vistas como o que são: elementos essenciais para se melhorar a qualidade de vida da população. Sempre que a entrega de uma estação é postergada, isso representa também um atraso na construção de uma melhor mobilidade para as pessoas e para a cidade”, conclui. 
Semana da Mobilidade
A atividade de hoje acontece durante a Semana da Mobilidade - entre 16 e 22 de setembro -  e faz parte de um alerta para a situação do transporte coletivo e da mobilidade no país como um todo. Até domingo serão realizados eventos em parceria com outras organizações, culminando no Dia Mundial sem Carro  (22 de setembro). Também é possível participar da mobilização virtualmente, pelo Concurso Sardinha de Ouro. Nele, os internautas são convidados a publicar uma foto da superlotação que passam no transporte coletivo em perfis do Facebook, Twitter ou Instagram com a hashtag #Sardinhadeouro e concorrem a três bicicletas dobráveis.
Essas atividades fazem parte da campanha #Cadê, cuja proposta é incentivar novas formas de ocupação e uso da cidade, questionando o conceito atual de cidades feitas para a circulação de carros. Além de apontar os problemas, há também um direcionamento para a solução com os Planos de Mobilidade, que entram como peça fundamental desse quebra-cabeça.
O Plano de Mobilidade Urbana é o instrumento de planejamento da mobilidade de uma cidade. De acordo com a Política Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU - Lei 12.587/2012) todos os municípios brasileiros que possuam mais de 20 mil habitantes devem elaborar esse Plano até abril de 2015. No município de São Paulo o plano anda a passo de tartaruga: foi criado o Conselho Municipal de Transportes, que tem como uma de suas principais atribuições a elaboração do Plano de Mobilidade Urbana.
Uma cidade com boa mobilidade urbana é a que proporciona às pessoas deslocamentos seguros, confortáveis e em tempo razoável, por modos que atendam a esses critérios e sejam bons para a sociedade e para o meio ambiente.
Para saber mais sobre a campanha de Mobilidade Urbana, acesse: http://www.greenpeace.com.br/cade/


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