Além de receber o título de miss desmatamento em 2009, a
digníssima senadora já foi vencedora do troféu motosserra de ouro em
2010 (©Ivan Castaneira/Greenpeace).
Para quem andava um pouco apagadinha nos últimos tempos, a senadora
Kátia Abreu (PSD-TO) parece estar querendo os holofotes de volta para
si. Os rumores de que um possível racha na bancada ruralista do
Congresso Nacional tinha colocado o cargo da presidência da CNA em jogo
devem ter feito ela se sacudir nas cadeiras e voltar a honrar o seu
posto de rainha do agronegócio (conservador) brasileiro.
Depois de apresentar um dos estudos mais controversos já produzidos sobre Terras Indígenas e Unidades de Conservação,
dessa vez ela foi mais longe e protocolou, no Senado Federal, um
projeto de lei que visa a proibir a demarcação de terras que tenham sido
retomadas por índios durante os dois anos subsequentes à ocupação. O
projeto atenta não só contra a Constituição, mas também contra o bom
senso.A proposta inverte a lógica fundiária na mais pura manobra política. Do dia para a noite, indígenas passam a ser vistos como invasores de seus próprios territórios, ocupados tradicional e originariamente, quando estes estejam tomados por fazendeiros ou grileiros que só pretendem expropiar os seus recursos naturais.
“A ofensiva anti-indígena no Congresso não tem limites. A bancada ruralista já mostrou que não pretende poupar esforços para conseguir tirar dos povos tradicionais o que lhes é de direito. Para isso, não se esquivam de manipular dados e informações. Até onde se sabe, quem invade e ocupa as Terras Indígenas são exatamente os não indígenas. Basta ver a História do Brasil: há mais de 500 anos, a investida genocida continua a mesma, os atores é que estão ligeiramente mudados”, rebateu Rômulo Batista, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
A verdade é que não importam as táticas e estratégias, mais ou menos violentas de acordo com o contexto. Todas elas visam exatamente à invasão e à desapropriação das Terras Indígenas e demais áreas dos povos tradicionais e pequenos produtores. Mas a sociedade está alerta – e do lado daqueles que ajudam a cuidar e a preservar um dos bens mais preciosos dos brasileiros: as florestas e sua biodiversidade sem paralelos.
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