por Greenpeace Brasil
Em protesto contra as políticas negacionistas dos líderes, Greenpeace coloca esculturas de gelo dos presidentes diante da Cúpula da ONU sobre Biodiversidade, em NY
Enquanto a proteção da natureza e dos recursos naturais são discutidos na Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Biodiversidade, esculturas de gelo dos presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump estão derretendo em Nova Iorque.
A ação é um protesto contra as políticas antiambientais adotadas por esses governos, que alimentam ativamente o colapso da biodiversidade e a crise do clima, enquanto o nosso futuro escorre pelo cano. Ativistas do Greenpeace Estados Unidos posicionaram as esculturas de gelo em tamanho real na frente do prédio das Nações Unidas, onde a reunião seria realizada, com a mensagem “Líderes da extinção: destruindo um planeta em crise”.
“Um milhão de espécies estão em processo de extinção e o derretimento das esculturas simboliza, sobretudo, os efeitos das omissões e ações contraditórias adotadas por esses governos, verdadeiros vilões do clima e da biodiversidade”, afirma Cristiane Mazzetti, da campanha de florestas e gestora ambiental do Greenpeace Brasil.
O Brasil, além de abrigar a maior floresta tropical do mundo, está entre os países mais biodiversos do planeta. “No entanto, o governo federal está promovendo ativamente uma agenda antiambiental, alimentando a crise da biodiversidade e ameaçando os direitos dos povos indígenas, que são verdadeiros guardiões de áreas naturais”, completa Mazzetti.
A Cúpula das ONU sobre Biodiversidade tem como objetivo reunir líderes do mundo inteiro para discutir ações urgentes para a proteção da biodiversidade, que segue sob risco com declínio acelerado de espécies. O evento de hoje é um passo importante para a 15ª Convenção de Diversidade Biológica das Nações Unidas, que determinará novas metas para evitar o colapso da biodiversidade e seus efeitos negativos para toda a sociedade.
O último relatório da ONU sobre biodiversidade reforça que estamos perante uma encruzilhada, e como causa está um desenvolvimento baseados na extração dos recursos naturais, incluindo produção agropecuária insustentável, sobrepesca e queima de combustíveis fósseis. O relatório reforça ainda que precisaremos tomar ações ambiciosas para evitar o colapso da biodiversidade. Dentre os caminhos sugeridos, estão a reforma de sistemas alimentares e o fim da conversão de habitats naturais, o que inclui o fim do desmatamento e das queimadas.
O governo de Trump estará deliberadamente ausente na Cúpula, é o único estado membro da ONU que não participa da Convenção. Já o governo brasileiro, permanece nos acordos, inclusive com um discurso de Bolsonaro previsto para hoje (30), porém atuando na direção oposta.
O Brasil já foi protagonista nas discussões internacionais sobre biodiversidade. Inclusive, por cinco anos (2012-2016), a Convenção teve como secretário executivo o brasileiro, Bráulio Ferreira de Souza Dias. Nosso país já foi destaque em sua atuação em decorrência da criação de diversas áreas protegidas, que são fundamentais para a proteção da biodiversidade e constam nas metas da convenção
, as conhecidas metas de Aichi, estabelecidas na última década.
“Com a gestão de Bolsonaro, no entanto, o país não só perdeu tal protagonismo, como tem atuado na direção oposta, enfraquecendo a capacidade de fiscalização, resultando em um aumento da destruição nesses territórios. A criação de novas áreas protegidas segue estagnada, como Bolsonaro já anunciou que o faria, ainda em campanha”, afirma Cristiane.
O desmatamento e os incêndios dispararam em todo o Brasil desde que Bolsonaro assumiu o poder. A Amazônia e o Pantanal vivem a crise de queimadas da década. Somente até o dia 29 de setembro deste ano, foram 31.349 focos
de calor registrados na Amazônia, um aumento de 60% em relação ao mesmo período em 2019. No Pantanal mais de 3 milhões de hectaresforam queimados este ano, 23% do bioma já foi consumido pelo fogo.
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