Greenpeace Brasil
Apesar de denúncias e da imposição da Moratória do Fogo, focos de calor na Amazônia já superam todo o ano de 2019
Faltando ainda 70 dias para acabar o ano, o número de focos de calor na Amazônia superou hoje (22) o número alcançado em todo ano de 2019. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), de primeiro de janeiro a 22 de outubro de 2020 foram registrados 89.602 focos de calor no bioma, enquanto nos 12 meses de 2019 esse número foi de 89.176.
Somente no mês de outubro, até o dia 22, houve uma alta de 220% no número de focos, em relação ao mesmo período do ano passado. Esse número foi atingido exatamente no dia em que o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) determinou o recolhimento de todas as Brigadas de Incêndio Florestal, responsáveis por combater o avanço das queimadas e incêndios florestais.
“Ao contrário da alegação do presidente, de que não existe um hectare de floresta devastada na Amazônia, os satélites mostram que houve alta das queimadas e incêndios florestais na Amazônia”, afirma Rômulo Batista, da Campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
E não é só a Amazônia que arde. O Pantanal já registrou 20.955 focos, 109% a mais que todo o ano passado. É um recorde desde que o monitoramento de queimadas iniciou, em 1998. O Cerrado apresentou a menor alta acumulada até o dia 22/10, 3%, porém entre 1 e 22 de outubro, apresenta um total de 12.733 focos, um aumento de 97% em comparação ao mesmo período do ano passado.
Para Rômulo Batista, o aumento dos focos de calor registrado nos diferentes biomas nesse período é resultado do descaso do atual governo em cuidar das florestas e de seus povos, ou ainda pior, da escolha deliberada do governo de pactuar com essa destruição.
“Não existe nenhum esforço de prevenção aos desmatamentos e queimadas e as soluções apresentadas pelo governo, como a GLO (Garantia da Lei e da Ordem) ou a Moratória do Fogo, se mostraram completamente ineficientes”, afirma. “Agora, a questão que fica é se foi por pura incompetência ou conivência com aqueles poucos que irão lucrar com toda essa destruição”, completa.
No dia 5 de agosto o Greenpeace Brasil e outras 61 organizações apresentaram para os presidentes da Câmara e do Senado 5 ações emergenciais para coibir o desmatamento e as queimadas na Amazônia. O documento foi baseado em experiências bem sucedidas que ajudaram a diminuir essas taxas de desmatamento no passado e que poderiam ser adotadas pela atual administração federal para combater o aumento da destruição.
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