Que o Dia Mundial da Alimentação, comemorado hoje, inspire ações para que todos os brasileiros, independentemente de classe social, possam consumir alimentos orgânicos e saudáveis para as pessoas e o planeta
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Alimentação saudável deve ser direito de todos, não um privilégio de poucos. © Tuane Fernandes / Greenpeace
Há exatamente 10 anos, cientistas do IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, da sigla em inglês) já alertavam que, em um século, as mudanças climáticas causariam alterações profundas na natureza e na agricultura brasileiras. Entre as possibilidades previstas por modelos da época que ajudam a antever esses efeitos, estavam o sumiço da onça-pintada da Amazônia, o desaparecimento total do Cerrado do mapa e perdas no cultivo de soja no Brasil que poderiam chegar a 40%.
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Capa da revista de 2009
E a agricultura com isso?
Não dá para falar sobre clima sem trazer para a discussão o papel do agronegócio e da agricultura brasileira “convencional”, que se baseia principalmente em monoculturas, como de soja, milho e algodão, voltadas para exportação. Essa agricultura ainda é protagonista quando o assunto é desmatamento e ela mais “abusa” do que “usa” nossos recursos naturais. A terra tem limites: da forma como é utilizada, a produção agrícola que domina nossas paisagens há muitas décadas não tem como se sustentar.
A mudança drástica do clima em determinadas regiões do planeta dificultará ainda mais a produção agropecuária. Se seguirmos assim, tanto a produção quanto o crescimento econômico atrelado a ela serão afetados pela escassez de recursos. Para escaparmos disto, precisamos encontrar meios mais eficientes e sustentáveis de produção e crescimento econômico, e que sejam adotados já.
Por tudo isso, a redução do uso de agrotóxicos tem absolutamente tudo a ver com a diminuição da destruição ambiental e o combate às mudanças climáticas. Diminuir a quantidade de veneno na agricultura é uma questão de sustentabilidade, saúde, direitos humanos e justiça social, o que faz dessa uma luta tão importante para mim e para o Greenpeace.
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Quando dizemos “Chega de agrotóxicos!”
Não é razoável continuar empurrando ‘guela’ abaixo da população um sistema que a envenena cada vez mais e que compromete seu presente e futuro, mas é perfeitamente razoável cobrar por políticas públicas capazes de organizar a transição na nossa agricultura e estimular sistemas sustentáveis de verdade — até porque eles já existem, só precisam ganhar força!
Futuro em nossas mãos e pratos
Preocupadas com seu futuro, milhões de pessoas recentemente estiveram nas ruas aderindo à Greve Global pelo Clima, uma mobilização mundial puxada pela juventude de diferentes lugares do mundo exigindo medidas concretas para frear as emissões de gases do efeito estufa e combater o aquecimento global.
Ações como essa comprovam a importância da pressão política e coletiva. Para quem tem o poder da escolha, pequenas ações no dia a dia também contribuem para um planeta mais verde e justo. Por exemplo, optar por uma dieta saudável, sem veneno, que gere menos impacto negativo no meio ambiente e não provoque sofrimento alheio. Até porque, quando mudamos nossas escolhas de consumo, mandamos uma mensagem para governos e empresas de que eles precisam alterar a forma como produzem alimentos.
Que o Dia Mundial da Alimentação, comemorado hoje (16/10), inspire iniciativas agora para que, daqui a alguns anos, todos os brasileiros, independentemente de classe social, possam acessar e comer mais alimentos orgânicos e saudáveis para as pessoas e o planeta.
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