Monday, October 7, 2019

No Vaticano, indígenas denunciam violações de direitos e invasões de terras

por Assessoria de Comunicação do Cimi
 Relatório do Cimi comprova o aumento da grilagem, do roubo de madeira, do garimpo, das invasões e até mesmo da implantação de loteamentos em territórios indígenas
Indígenas denunciam o roubo, devastação e invasão de suas terras © Guilherme Cavalli / Cimi
“Nosso território tem sofrido constante invasão de grileiros que retiram madeira e loteiam as terras indígenas já demarcadas. São invasões que ocorrem com autorização do Estado brasileiro”, denunciou Adriano Karipuna, nesta segunda-feira, dia 7, em evento realizado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Vaticano, simultâneo ao Sínodo da Amazônia.
Para Adriano Karipuna, “está se formando uma política orquestrada para transformar a Amazônia em terra sem lei, livre para a destruição em massa”. Em 2018 foram registrados 109 casos de invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio. Em 2017 foram registrados 96 casos. Segundo relatório do Cimi, nos nove primeiros meses de 2019, já são contabilizados 160 casos do tipo em terras indígenas do Brasil.
Adriano Karipuna participou da mesa “Povos indígenas e luta pela terra: desafios, ameaças e resistências” © Guilherme Cavalli / Cimi
O debate sobre o atual cenário dos direitos indígenas e das demarcações de terras no Brasil contou com a presença da relatora especial das ONU, Victoria Tauli-Corpuz, do presidente do Cimi e bispo sinodal, dom Roque Paloschi, das lideranças indígenas Adriano Karipuna (RO) e Jair Maraguá (AM) e do secretariado nacional do Cimi, Marline Dassoler.
Jair Maraguá revelou que a pressão por garimpeiros é constante. “O rio é nossa fonte de vida. Tomamos água, nos banhamos, comemos o peixe. Infelizmente hoje o que vem junto com nosso alimento é o mercúrio e o cianeto”, lamenta a liderança ao relatar a intoxicação por substâncias usadas na extração de minérios. “As ameaças que sofremos devido ao garimpo coloca nossa vida em risco. Eu estou sendo ameaçado pelos garimpeiros e por aqueles que invadem nossas terras. O garimpo põe em risco todo o povo Maraguá”, complementa.
Com território em fase de demarcação desde 2001 e sem nenhuma providência desde então, o representante vindo do Amazonas reforça a posição de Adriano Karipuna: a não demarcação das terras indígenas intensifica as ameaças. “Vivemos um governo que diz que não irá demarcar. Além de desrespeitar a Constituição Federal, ele legitima a violência com os povos. A demarcação é o primeiro passo para o respeito aos nossos direitos”, sustenta Jair Maraguá.
O relatório divulgado pelo Cimi
em setembro denuncia o substancial aumento da grilagem, do roubo de madeira, do garimpo, das invasões e até mesmo da implantação de loteamentos em territórios indígenas. Adriano Karipuna e Jair Maraguá levam ao Sínodo a realidade que enfrentam em seus territórios, colocando em risco a própria sobrevivência de diversas comunidades indígenas no Brasil.
Uma delegação de 30 pessoas, entre lideranças indígenas e missionários do Cimi, participarão da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Região Pan-Amazônica, realizada no Vaticano até o dia 27 de outubro.

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