por
Assessoria de Comunicação do Cimi
Relatório do Cimi comprova o aumento da grilagem, do roubo de
madeira, do garimpo, das invasões e até mesmo da implantação de
loteamentos em territórios indígenas
“Nosso território tem sofrido constante invasão de grileiros que
retiram madeira e loteiam as terras indígenas já demarcadas. São
invasões que ocorrem com autorização do Estado brasileiro”, denunciou
Adriano Karipuna, nesta segunda-feira, dia 7, em evento realizado pelo
Conselho Indigenista Missionário (Cimi) no Vaticano, simultâneo ao
Sínodo da Amazônia.
Para Adriano Karipuna, “está se formando uma política orquestrada
para transformar a Amazônia em terra sem lei, livre para a destruição em
massa”. Em 2018 foram registrados 109 casos de invasões possessórias,
exploração ilegal de recursos naturais e danos diversos ao patrimônio.
Em 2017 foram registrados 96 casos. Segundo relatório do Cimi, nos nove
primeiros meses de 2019, já são contabilizados 160 casos do tipo em
terras indígenas do Brasil.
O debate sobre o atual cenário dos direitos indígenas e das
demarcações de terras no Brasil contou com a presença da relatora
especial das ONU, Victoria Tauli-Corpuz, do presidente do Cimi e bispo
sinodal, dom Roque Paloschi, das lideranças indígenas Adriano Karipuna
(RO) e Jair Maraguá (AM) e do secretariado nacional do Cimi, Marline
Dassoler.
Jair Maraguá revelou que a pressão por garimpeiros é constante. “O
rio é nossa fonte de vida. Tomamos água, nos banhamos, comemos o peixe.
Infelizmente hoje o que vem junto com nosso alimento é o mercúrio e o
cianeto”, lamenta a liderança ao relatar a intoxicação por substâncias
usadas na extração de minérios. “As ameaças que sofremos devido ao
garimpo coloca nossa vida em risco. Eu estou sendo ameaçado pelos
garimpeiros e por aqueles que invadem nossas terras. O garimpo põe em
risco todo o povo Maraguá”, complementa.
Com território em fase de demarcação desde 2001 e sem nenhuma
providência desde então, o representante vindo do Amazonas reforça a
posição de Adriano Karipuna: a não demarcação das terras indígenas
intensifica as ameaças. “Vivemos um governo que diz que não irá
demarcar. Além de desrespeitar a Constituição Federal, ele legitima a
violência com os povos. A demarcação é o primeiro passo para o respeito
aos nossos direitos”, sustenta Jair Maraguá.
O relatório divulgado pelo Cimi
em setembro denuncia o substancial aumento da grilagem, do
roubo de madeira, do garimpo, das invasões e até mesmo da implantação de
loteamentos em territórios indígenas. Adriano Karipuna e Jair Maraguá
levam ao Sínodo a realidade que enfrentam em seus territórios, colocando
em risco a própria sobrevivência de diversas comunidades indígenas no
Brasil.
Uma delegação de 30 pessoas, entre lideranças indígenas e
missionários do Cimi, participarão da Assembleia Especial do Sínodo dos
Bispos para a Região Pan-Amazônica, realizada no Vaticano até o dia 27
de outubro.
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