Hoje foi um dia especial na aldeia Sawré Muybu. Lideranças
Munduruku instalaram as primeiras placas nas fronteiras do seu
território tradicional para sinalizar que ali é território do povo
Munduruku. As placas são semelhantes às utilizadas pelo governo
brasileiro na demarcação oficial de terras indígenas.
A ação consolida a iniciativa de autodemarcação da
Terra Indígena Sawré Muybu, localizada no município de Itaituba, no
Pará, que aconteceu entre 2014 e 2015 com o apoio de diversos grupos
aliados. Essa será a primeira de diversas atividades que se somarão à
luta histórica desse povo na defesa de seu território e na proteção do
rio Tapajos, no coração da Amazônia.
Durante as últimas semanas, estivemos na Terra Indígena
Sawré Muybu trabalhando junto com os Munduruku na preparação da aldeia
para receber ativistas de diversas partes do mundo e lideranças
indígenas do Tapajós. O objetivo é chamar a atenção global para os
riscos que a construção de hidrelétricas no rio Tapajós oferece à
floresta e seus povos.
Estamos ao lado do povo Munduruku para impedir a construção
da hidrelétrica de São Luiz do Tapajós. Se realizada, a barragem poderá
alagar pelo menos 400 km² de floresta e uma série de outros lugares
importantes para a sobrevivência deste povo e de outras populações
tradicionais que habitam o vale do rio Tapajós – como lagoas sazonais e
perenes, pedrais, ilhas e corredeiras. No dia a dia com os Munduruku, é
possível compreender por que eles resistem tão bravamente aos planos do
governo brasileiro em barrar seu rio: ele é vital para a sua vida e sua cultura. Dele depende sua própria existência.
- Confira a galeria de fotos da atividade:
Por isso vamos juntos andar nos limites do território
Munduruku espalhando as placas e, com elas, os sinais de que um outro
caminho é possível. E, neste caminho, buscamos apoio de todos aqueles
que acreditam em um mundo mais justo, no qual a Amazônia e seus povos
tenham seus direitos respeitados e colocados acima de qualquer
interesse. Os direitos têm de prevalecer sobre os interesses econômicos,
que por tanto tempo têm marcado a política de construção de grandes
hidrelétricas na Amazônia.
Atualmente, o licenciamento da hidrelétrica de São Luiz do
Tapajós está suspenso pelo Ibama e o processo de demarcação da Sawré
Muybu finalmente foi retomado pela Funai. Com este esforço, queremos que
a terra indígena seja oficialmente reconhecida pelo governo e que a
barragem seja cancelada de uma vez por todas.
Por isso, convidamos todas as pessoas, de diferentes
lugares do mundo, a se mobilizar em apoio a essa luta, pressionando o
governo brasileiro e as empresas que insistem nos planos de barrar um
dos últimos rios livres da Amazônia.
*Danicley de Aguiar é ativista da Campanha Amazônia do Greenpeace
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