Wednesday, November 11, 2015

Precisamos falar sobre pecuária e conspirações

O documentário Cowspiracy expôs o lado destrutivo da pecuária, mas também levanta dúvidas sobre a atuação do Greenpeace. Entenda o que a organização tem feito a respeito do tema Pecuária na Amazônia 
 

Criação de gado em área desmatada e queimada no município de Brasnorte, no Mato Grosso. A atividade pecuária ainda é uma das maiores causadoras de desmatamento na Amazônia brasileira. (© Chico Batata/Greenpeace)

O documentário Cowspiracy, que expõe o lado destrutivo da indústria pecuária intensiva e seus impactos negativos sobre nosso planeta, foi lançado há cerca de um ano. Recentemente, entretanto, o filme tornou-se popular, levando à um grande público questões importantíssimas sobre o meio ambiente e nossos padrões de produção e consumo, mas também equívocos quanto a atuação do Greenpeace acerca do tema.
Nosso escritório dos Estados Unidos recusou-se a participar deste projeto, porque acreditava que nossa posição poderia ser distorcida. Infelizmente, essa decisão de não participar do documentário acabou dando margem a uma série de interpretações equivocadas. Reconhecendo isso, achamos importante esclarecer alguns pontos sobre o documentário e o trabalho realizado pelo Greenpeace Brasil.
Em primeiro lugar, o Greenpeace é uma organização independente. Não aceita doações de empresas e governos. Somos 100% mantidos por pessoas físicas, como você, a fim de garantir uma voz independente em nossas campanhas.
Há mais de dez anos o Greenpeace Brasil mantém uma campanha que busca alertar a opinião púbica sobre a expansão da criação bovina na Amazônia e os impactos desta produção no meio ambiente. Em 2009 publicamos o relatório “A farra do boi na Amazônia", que deu origem ao Compromisso Público da Pecuária, assinado por alguns dos maiores frigoríficos do país. Esta iniciativa, em conjunto com a Moratória da Soja, foi considerada por pesquisas recentes como uma das inciativas mais relevantes para a queda do desmatamento nos últimos anos. Além disso, monitoramos incessantemente o avanço do desmatamento na Amazônia, através de análises de dados e expedições regulares, com foco na produção de commodities e os danos associados a expansão do agronegócio sobre a floresta.
O Greenpeace nunca deixou de expor e investigar o problema da pecuária e continuaremos de olho, cobrando e colocando o dedo em todas as feridas abertas da cadeia, até o dia em que árvores não sejam mais tombadas para dar lugar a criação de gado na Amazônia.
Mas existem outros aspectos associados à atividade. A produção intensiva de animais requer enorme quantidade de água e alimentos. O cultivo de grãos para a fabricação destes produtos disputa espaço diretamente com a produção de alimentos para humanos. A atividade agropecuária acaba expandindo suas fronteiras para áreas onde antes existiam florestas e uma enorme biodiversidade. A produção de gado em escala industrial também gera uma grande quantidade de resíduos, que contribuem para a poluição do solo e dos sistemas hídricos subterrâneos, além de colaborar com a emissão de gases do efeito estufa.
Como parte de uma série de opções de estilo de vida, que podem ser adotadas por cada um de nós para reduzir o seu impacto no planeta, o Greenpeace encoraja as pessoas a reduzir o seu consumo de carne. Uma dieta baseada em vegetais é melhor para a nossa saúde, para o clima, para nossas florestas, rios e para a segurança alimentar global.
Como posicionamento estratégico da organização, no entanto, nossa campanha não está focada em defender a eliminação total do consumo de carne e laticínios de uma só vez, mas sim o de recomendar que as pessoas reduzam e repensem o consumo de tais alimentos, pelo menos até níveis que sejam seguros para a saúde humana e do planeta.
Comer carne é um pouco como o uso de combustíveis fósseis. Muitas pessoas acham que nós deveríamos pedir a proibição de uso de carros ou aviões, mas sentimos que essa mensagem pode ser contra produtiva. Afinal, atualmente muito poucas pessoas estão de fato abertas a desistirem de usar carro pelo resto de suas vidas, mas há um grande e crescente número de pessoas dispostas a considerar usá-los menos. Da mesma forma, preferimos persuadir 10% das pessoas para reduzir pela metade seu consumo de carne, ao invés de tentar convencer 1% de pessoas a serem veganas. Além disso, existem grandes e competentes organizações que tratam especificamente sobre o bem estar animal, causa que sempre receberá nosso apoio e admiração.
Esperamos que você compreenda as nossas razões para trabalhar dessa maneira e continue buscando mais informações, questionando os atuais modelos de produção e fazendo o que estiver ao seu alcance para ajudar o planeta.

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