Nesta terça-feira (24/11), será votada a revisão da
norma que trata da microgeração de energia. Uma das mudanças propostas
pode diminuir as vantagens econômicas para quem está produzindo
eletricidade de forma autônoma
Está chegando ao fim a revisão da resolução 482/2012, que permite aos
brasileiros gerar sua própria eletricidade a partir de fontes
renováveis e receber descontos em sua conta de luz. Na semana passada, a
Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) divulgou a análise das
contribuições recebidas, bem como a prévia da nova resolução.
Dentre as alterações propostas, a maior é, sem
dúvidas, a possibilidade de que um grupo de pessoas se reúna para
comprar e instalar um sistema de geração de eletricidade (por exemplo,
um sistema fotovoltaico) e compartilhar os créditos de energia dele
advindos. Nesse caso, há duas alternativas possíveis.
A primeira é de que as pessoas residam em um mesmo
local (como, um prédio) e instalem o sistema na mesma área onde a
compensação irá ocorrer. Nesse caso, a compensação se dará por completo:
a cada unidade de energia (kWh) produzida, uma será compensada.
A segunda possibilidade é a de que o grupo ou mesmo
um indivíduo instale o sistema em área diferente daquela onde se dará a
compensação na conta de luz. É o caso de prédios que não possuem área
livre o suficiente para comportar um sistema, ou de uma pessoa que mora
em um apartamento e quer instalar o sistema em sua casa da praia ou
outro local.
É nessa segunda possibilidade que reside o problema
da alteração proposta. Apesar de ser uma alternativa essencial para o
avanço da microgeração de energia – sobretudo num país em que mais de
10% da população reside em prédios -, a regulamentação proposta pela
Aneel inviabiliza por completo essa opção.
Ela determina que, nesses casos, só haverá compensação de
um dos componentes da tarifa (a tarifa de energia, chamada de TE),
excluindo-se a parcela da tarifa que se refere ao uso do sistema de
distribuição (TUSD). Na prática, isso pode reduzir de 30% a 80% os
ganhos do cidadão que produz energia em um local e desconta os créditos
dessa geração em outro. (entenda mais nos infográficos abaixo)
Ao optar por tal proposta, o Governo mais uma vez dá
mostras da contradição presente em seu planejamento, criando um
obstáculo quase intransponível para a chamada geração compartilhada.
Num momento em que a crise elétrica continua presente na
casa dos brasileiros e se faz sentir a cada mês nas pesadas contas de
luz, reduzir as possibilidades para um cidadão gerar sua própria energia
é continuar apostando num modelo que depende cada vez mais das caras e
poluentes termelétricas.
Apesar de essa decisão ser tomada pelo Governo em uma
reunião que recebe pouca ou nenhuma divulgação, os efeitos são sentidos
por todos. Afinal, quando o mês termina, somos nós que pagamos o preço –
cada vez mais alto – do mau planejamento.
O
martelo ainda não foi batido e você pode ajudar a impedir que isso
aconteça. Compartilhe esse texto em suas redes sociais, marque o perfil
da Aneel e acompanhe a votação na próxima terça-feira (24 de novembro) a
partir das 10h. Além de ser transmitida pela internet, aqueles que
moram em Brasília podem comparecer à sede da Aneel e acompanhar ao vivo.
Estaremos lá.
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