Projeto de Lei de autoria do senador Romero Jucá ignora catástrofe em
Mariana e cria ritos específicos de licenciamento ambiental para
projetos considerados estratégicos pelo governo
Senador Romero Jucá no Plenário do Senado Federal (© Waldemir Barreto / Agência Senado)
O Senado Federal pode fragilizar ainda mais o
licenciamento ambiental de grandes empreendimentos no País se aprovar
amanhã na Comissão Especial do Desenvolvimento Nacional o Projeto de Lei
654/2015, de autoria do senador Romero Jucá (PMDB/RR). Nem mesmo a
recente tragédia em Mariana (MG), causada pelo rompimento de uma
barragem da mineradora Samarco, foi suficiente para aumentar a cautela
dos parlamentares em relação ao projeto
Seguindo o que foi proposto pela Agenda Brasil,
um pacote de medidas para combater a crise econômica e que não leva em
conta a preservação do meio ambiente nem o princípio da precaução, o
Senado propõe a criação de um processo sumário para o licenciamento
ambiental de projetos ditos “estratégicos” pelo governo. Dessa maneira,
audiências públicas e processos de consulta passariam a deixar de ser
obrigatórios e uma licença ambiental única seria expedida no prazo de
até oito meses.
Romero Jucá, autor do texto, foi presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), na década de 80. Durante sua gestão, reduziu territórios Yanomami
de 9,4 milhões de hectares para 2,4 milhões, deixando 7 milhões de
hectares abertos à extração de madeira e mineração. O senador Blairo
Maggi (PR-MT), um dos maiores produtores de soja do Brasil e relator da
proposta, é favorável a iniciativa, que tramita em caráter terminativo.
O Greenpeace esteve na cidade mineira de Mariana,
que contabiliza diversas comunidades arrasadas pela força da lama, e ao
longo do agora morto Rio Doce. Presenciamos uma área de cerca de 900
campos de futebol tomada de lama e rejeitos minerais, um impacto ainda
imensurável ao meio ambiente. O desastre, agravado pela ausência de um
plano de contingência por parte da mineradora Samarco, é a mais recente
prova da importância do Brasil contar com legislação e processos de
licenciamento ambiental fortes.
Assim como no acidente em Minas Gerais, falta
posicionamento firme do Ministério do Meio Ambiente, da Casa Civil, do
Ministério da Justiça e também do Ministério da Saúde sobre o Projeto de
Lei do Senado 645.
Pressione
seu Senador a se posicionar contra a proposta. Escreva um e-mail ou
ligue em seu gabinete. Cobre seus direitos de eleitor e cidadão pedindo
mais responsabilidade e cautela ao seu candidato. Não podemos nunca nos
esquecer de Mariana. #NãoFoiAcidente
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