Ativistas expõem a negligência da empresa antes e depois do rompimento da barragem em Minas Gerais
Ativistas do Greenpeace interrompem a Reunião Geral Anual da
BHP Billiton para exigir justiça para as milhares de vítimas da
inundação de lama tóxica que destruiu a cidade histórica de Mariana
(MG). (©Damien Smith/Greenpeace)
O rompimento da barragem da Samarco no dia 5 de novembro é um dos maiores desastres ambientais da história do Brasil. Cerca de 25 mil piscinas olímpicas de lama composta por rejeitos minerais cobriram vilarejos da cidade de Mariana, mataram dezenas de pessoas (19 mortes confirmadas até agora) e impactaram centenas (estima-se 630 desalojados de suas casas e 2 mil afetados ao todo). Os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, em Mariana, atingidos pelo tsunami de lama, praticamente desapareceram do mapa.
Os impactos sobre o Rio Doce, maior curso de água do Sudeste, ainda estão sendo dimensionados – mas o governo federal já admite que sua recuperação, se for possível, pode levar décadas e custar bilhões de reais. A tragédia se agravou pelo fato da Samarco (leia-se Vale e BHP Billiton) não ter um plano de contingência apropriado e não ter avisado os moradores a tempo. A resposta das empresas – e também do governo federal – foi tardia e segue sendo insuficiente.
O protesto diante dos acionistas da BHP não se restringiu ao lado de fora da reunião. Dentro da conferência, Nikola Casule, representante do Greenpeace Austrália, questionou o conselho da BHP: “Se a companhia sabia que havia riscos de rompimento, porque as operações continuaram?”. O ativista se refere ao relatório independente, produzido em 2013, no qual especialistas afirmam que a barragem precisava ser monitorada regularmente, ter uma análise detalhada sobre riscos de ruptura (que já existiam) e, ainda, contar com um plano de contingência em caso de acidente.
Ativistas em Perth, Austrália, pedindo por justiça às
vítimas do desastre em Minas Gerais. (© Damien Smith/Greenpeace)
O Greenpeace seguirá expondo o drama dos atingidos e pressionando as mineradoras e o governo a tomarem providências cabíveis. Isso inclui a promoção de uma investigação independente sobre as causas do desastre, o pagamento de valores condizentes com a proporção desta gigantesca tragédia e a garantia de que as demais barragens não ofereçam nenhum risco às comunidades e ao meio ambiente.
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