Fracking no estado do Texas, Estados Unidos. O entorno da área do poço fica inutilizável por conta dos riscos de contaminação (© Les Stone / Greenpeace)
A Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados aprovou
nessa 5ª feira o Projeto de Lei (PL) 6904/13, que estabelece uma
moratória de cinco anos para a exploração e o licenciamento ambiental do
gás de folhelho (xisto), que utiliza o fraturamento hidráulico com
perfuração horizontal, técnica conhecida como fracking e repleta de
riscos. O autor da proposta é o Deputado Sarney Filho (PV-MA), e o
relator, que deu parecer favorável, é o Deputado Ricardo Trípoli
(PSDB-SP).
É uma boa notícia, embora ainda haja um enorme caminho para
que o PL se torne lei, uma vez que o texto passará ainda por quatro
comissão na Câmara: Indústria e Comércio, Minas e Energia, Finanças e
Tributação e a de Constituição e Justiça, o que prorroga bastante o
tempo de tramitação na Casa.
Os blocos licitados anteriormente à lei não estarão
sujeitos a ela. Na 12ª Rodada de leilão de óleo e gás, em 2013, foram
licitados blocos em áreas com reserva de gás e óleo de xisto. Para
piorar, a exploração nesses blocos da 12ª Rodada é obrigatória, ou seja,
as empresas que adquiriram blocos com reservas são obrigadas a perfurar
até a rocha geradora para fazer pesquisas geológicas, levantar o
tamanho de reservas recuperáveis, viabilidade técnica e etc. E isso se
mantém na 13ª Rodada.
Mesmo que o PL 6904 se torne lei, a 13ª Rodada já terá sido
realizada e a resolução não se aplicará a ela ou às rodadas anteriores.
Só que essa estapa do leilão tem um agravante: além da manutenção da
obrigatoriedade de exploração do xisto nos blocos adquiridos, alguns
desses blocos estão na fronteira de Terras Indígenas (TIs) e Unidades de
Conservação (UCs). Isso num momento em que os indígenas e seus direitos
se encontram sob severa ameaça. A contaminação de aquíferos e lençóis
freáticos em razão do fracking (fraturamento hidráulico com perfuração
horizontal), técnica usada na produção do xisto e que tem grandes
impactos socioambientais negativos, ameaça seriamente a saúde das
populações locais.
Os riscos e ameaças da exploração através do fracking são cada vez
mais conhecidos e documentados. A técnica pode contaminar a água e o
solo, além de agravar a crise hídrica em regiões de estresse, fragmentar
florestas, causar abalos sísmicos, entre outras ameaças. E além de
perigosa, a técnica é utilizada também em fontes fósseis, sendo que
passamos por um momento no qual o mundo discute maneiras de manter
petróleo e gás embaixo da terra.Já passou da hora dos governos investirem nas fontes renováveis. Somente com energia solar, o potencial de geração já atenderia toda a demanda brasileira de eletricidade. Sem contar com as fontes eólica e de biomassa, já relevantes no Brasil.
Não é mais necessário, atualmente, correr o risco de
contaminar a água que a população bebe, a comida que seu filho come e o
solo sobre o qual vivemos.
*Thiago Almeida é da campanha de Clima e Energia do Greenpeace Brasil
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