Em missão internacional para promover a produção nacional de
commodities, presidente e ministra da agricultura deixam de fora o lado
sombrio da agropecuária brasileira: o desmatamento da Amazônia
A pecuária ocupa mais de 60% das áreas desmatadas na Amazônia.
A presidente Dilma Rousseff e a ministra da agricultura, Kátia Abreu, visitaram hoje o pavilhão brasileiro da Expo 2015.
A Feira Universal, que este ano acontece em Milão, de 1 de maio a 31 de
outubro, tem como tema central a comida: “Nutrir o Planeta, Energia
para Vida”.
Dilma e Katia estão em missão internacional para vender o Brasil como
grande produtor de commodities, com planos ambiciosos para aumentar a
exportação de diversos produtos, especialmente grãos e carnes. O lado
obscuro desta produção, que deve ficar de fora da ação propagandista do
governo, é uma taxa significativa de desmatamento. Nos últimos anos
cerca de meio milhão de hectares de floresta amazônica foram destruídos.
Devido ao desmatamento, o Brasil está entre os seis países que mais
emitem gases de efeito estufa e, na Amazônia, o principal vetor de
destruição das florestas é justamente a pecuária, que ocupa mais de 60%
das áreas desmatadas no bioma.
Apesar do cenário de destruição contínua da floresta, acabar com o
desmatamento para enfrentar as mudanças climáticas, proteger os povos
indígenas e a natureza não parece estar na agenda política do Estado
brasileiro. Em declaração recente, a presidenta disse que seu governo
pretende manter as políticas de combate ao desmatamento ilegal, o que,
na prática, significa dizer que a presidente vai “tentar” cumprir a lei,
e nada além disso.
"A ambição do Brasil de produzir a qualquer custo é uma das
principais razões para o desmatamento de um campo de futebol por minuto
de floresta amazônica a cada dia", diz Adriana Charoux, da campanha
Amazônia do Greenpeace Brasil. "Quando a presidente e a ministra da
agricultura elogiam as possibilidades brasileiras de ampliar sua
exportação, tendem a esconder a verdade inconveniente do desmatamento.
Se querem fazer um favor para o Brasil e para o mundo, deveriam divulgar
em seu ‘tour internacional’ o que vão fazer para tirar definitivamente o
desmatamento do nosso prato. Afinal, desmatamento não tem nada a ver
com o desenvolvimento do país", continua Charoux.
Há diversas evidências de que o Brasil pode continuar a expandir sua
produção de alimentos sem os atuais índices de degradação florestal e
desmatamento. Vários especialistas afirmaram que, para tal, o Brasil
deveria usar melhor suas enormes áreas já desmatadas. Estudos apontam
que é possível liberar 69 milhões de hectares para a agricultura,
dobrando a potencial produtivo do Brasil sem derrubar mais um palmo de
floresta.
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil, Katia
Abreu, não parece convencida de que também é sua responsabilidade cortar
a ligação perversa entre a produção e o desmatamento. O anúncio recente
da abertura do mercado dos EUA para a carne bovina in natura
brasileira, com meta de exportação de 100 mil toneladas por ano, foi
bastante celebrado. Entretanto, em nenhum momento Kátia explicou para os
americanos ou para os brasileiros como se daria este aumento da
produção, sem promover mais destruição da floresta.
Se o Brasil assumisse de vez o Desmatamento Zero real, o país poderia
reduzir em mais de 30% as suas emissões de gases de efeito estufa,
protegendo as fontes de água doce e a biodiversidade ameaçada.
"O que precisamos é de uma verdadeira meta de desmatamento zero, já
apoiado por mais de 1,2 milhões de cidadãos brasileiros e por
iniciativas privadas como a Moratória da Soja e do Compromisso Público da Pecuária", conclui Charoux.
A preservação das florestas, esta sim, é essencial para o futuro do
Brasil. O desmatamento tem efeitos extremamente negativos no clima,
alterando dinâmicas essenciais, como a formação de chuvas. Sem floresta
não tem água e, sem água, não tem produção agropecuária.
Junte-se ao movimento que quer o fim da destruição das florestas brasileiras, assine pelo Desmatamento Zero!
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