Diante do descaso com os povos indígenas do Brasil, os crescentes
ataques ruralistas a seus direitos em Brasília e em várias regiões do
País, queremos saber de Dilma e dos demais candidatos: o que você tem a
dizer sobre o futuro dos índios no Brasil?
Desmatamento e invasão na TI Baú, que fazem parte do quadro de ameaças enfrentadas pelos indígenas (© Greenpeace/Hudson Fonseca)
"O genocídio contínuo (dos índios) está enquadrado por uma
realidade oficial que nada pode justificar: o governo Dilma Rousseff é
um caso patético quando se trata de demarcação de áreas indígenas. Sua
média anual corresponde a um terço da média de demarcações no governo
Lula, um quinto da média no governo Fernando Henrique. E perde feio
também dos governos Sarney, Collor e Itamar, ou seja, de todos no
pós-ditadura. Em 2013, o governo Dilma não fez nem sequer uma demarcação
(...) O que o governo não faz é, simplesmente, porque deixa de fazer.
Com benefício para os avanços da soja, aos quais não faltariam terras de
propriedade legítima".
O trecho acima foi extraído da coluna dominical do jornalista Jânio de Freitas, publicada na Folha de S.Paulo deste domingo 20 de julho.
As afirmações tratam do cenário de abandono e descaso com o qual o
governo federal lida com a questão indígena no Brasil. Os problemas,
contudo, não param por aí.
Enquanto o governo não demarca e se omite para o que o jornalista
chamou de “genocídio contínuo”, no Congresso Nacional parlamentares da
bancada ruralista articulam o mais danoso ataque aos direitos indígenas
desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Um exemplo disso
são os projetos legislativos como a Proposta de Emenda Constitucional
(PEC) 215, que visa transferir do Executivo para o Legislativo a
demarcação de Terras Indígenas.
“Na prática a PEC, se aprovada, pararia para sempre qualquer novo
reconhecimento territorial e abriria espaço para a revisão dos
territórios já demarcados. O projeto é baseado em ideias preconceituosas
e promove uma perigosa e falsa oposição entre a manutenção dos direitos
indígenas e o crescimento do agronegócio nacional”, avalia Danicley de
Aguiar, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Segundo o relatório “Violência contra os povos indígenas do Brasil
2013”, divulgado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) na semana
passada, foram registrados aproximadamente 50 conflitos fundiários
envolvendo territórios indígenas no ano passado, agravados pela
conivência, omissão e morosidade do governo. Em 2013 o número de índios assassinatos no País chegou a 53.
Ainda de acordo com o CIMI, existem atualmente 17 processos de
demarcação finalizados e regulares, aguardando apenas a assinatura da
presidente do Brasil. Esse triste quadro levou Dilma Rousseff a ser
considerada como a pior Presidente da República para as questões
indígenas desde início do processo de redemocratização do País
Diante de uma situação tão grave, resta saber se a Presidenta e
candidata Dilma Roussef vai continuar assistindo a destruição dos
direitos indígenas garantidos na Constituinte ou se vai reverter o
cenário de descaso com os povos indígenas do Brasil.
Além de Dilma, queremos saber também o que os demais candidatos à
presidência têm a dizer sobre o futuro dos povos indígenas do Brasil.
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