“Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar” foi um dos lemas de vida do bispo emérito de São Félix do Araguaia
O Greenpeace Brasil lamenta profundamente o falecimento de D. Pedro Casaldáliga, que ocorreu na manhã deste sábado, 8 de agosto, e expressa profundos sentimentos a seus familiares, amigos e companheiros de luta.
Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso), era um um ícone da luta pelos direitos humanos
e um gigante em defesa dos povos indígenas, ribeirinhos, camponeses, trabalhadores rurais e dos mais pobres.
Desde sua chegada no Brasil em 1968, Dom Pedro fez a escolha por aqueles mais vulneráveis e subjugados pela ditadura e pelo latifúndio. Nos mais de 50 anos atuando no Brasil, sofreu ameaças do Estado, na época da ditadura militar, de fazendeiros, madeireiros, invasores de terra indígenas e esteve marcado para morrer durante décadas, mas nada disso fez com que diminuísse seu ímpeto e sua força para denunciar o que ocorria nos rincões do Brasil: assassinatos, escravidão, invasões de territórios e miséria estrutural.
Quando ainda não existia a preocupação ambiental, Dom Pedro denunciou a realidade que ocorria na Amazônia. Quando o Brasil dizia que a escravidão havia sido abolida em 1888, ele revelou a realidade que até hoje persiste no país. Quando o governo exaltava a ocupação da Amazônia sobre o lema “ocupar para não entregar”, em sua sabedoria ímpar ele profetizou: “malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar! Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos”.
Expoente da Teologia da Libertação, corrente progressista da Igreja Católica voltada à justiça social, ele foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Infelizmente, todas as mazelas denunciadas por Dom Pedro ainda
persistem no interior do país, no Cerrado e na Amazônia. Com sua
passagem fica o exemplo de luta e perseverança e a certeza de que as
sementes plantadas por Dom Pedro em defesa da vida florescerão.
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