Monday, August 10, 2020

Nota de pesar pelo falecimento de Dom Pedro Casaldáliga

por Greenpeace Brasil

“Nada possuir, nada carregar, nada pedir, nada calar e, sobretudo, nada matar” foi um dos lemas de vida do bispo emérito de São Félix do Araguaia

Dom Pedro Casaldáliga (Foto: CRB)

O Greenpeace Brasil lamenta profundamente o falecimento de D. Pedro Casaldáliga, que ocorreu na manhã deste sábado, 8 de agosto, e expressa profundos sentimentos a seus familiares, amigos e companheiros de luta. 

Dom Pedro Casaldáliga, bispo emérito da Prelazia de São Félix do Araguaia (Mato Grosso), era um um ícone da luta pelos direitos humanos

e um gigante em defesa dos povos indígenas, ribeirinhos, camponeses, trabalhadores rurais e dos mais pobres.

Desde sua chegada no Brasil em 1968, Dom Pedro fez a escolha por aqueles mais vulneráveis e subjugados pela ditadura e pelo latifúndio. Nos mais de 50 anos atuando no Brasil, sofreu ameaças do Estado, na época da ditadura militar, de fazendeiros, madeireiros, invasores de terra indígenas e esteve marcado para morrer durante décadas, mas nada disso fez com que diminuísse seu ímpeto e sua força para denunciar o que ocorria nos rincões do Brasil: assassinatos, escravidão, invasões de territórios e miséria estrutural. 

Quando ainda não existia a preocupação ambiental, Dom Pedro denunciou a realidade que ocorria na Amazônia. Quando o Brasil dizia que a escravidão havia sido abolida em 1888, ele revelou a realidade que até hoje persiste no país. Quando o governo exaltava a ocupação da Amazônia sobre o lema “ocupar para não entregar”, em sua sabedoria ímpar ele profetizou: “malditas sejam todas as cercas! Malditas todas as propriedades privadas que nos privam de viver e amar! Malditas sejam todas as leis amanhadas por umas poucas mãos para ampararem cercas e bois, fazerem a terra escrava e escravos os humanos”.

Expoente da Teologia da Libertação, corrente progressista da Igreja Católica voltada à justiça social, ele foi um dos fundadores do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).  

Infelizmente, todas as mazelas denunciadas por Dom Pedro ainda persistem no interior do país, no Cerrado e na Amazônia. Com sua passagem fica o exemplo de luta e perseverança e a certeza de que as sementes plantadas por Dom Pedro em defesa da vida florescerão.

 

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