No dia 20, quando aconteceram as grandes mobilizações no país, pelo menos 60 mil pessoas participaram de 70 ações, em mais de 80 cidades. Ao longo da semana, jovens de várias regiões continuaram fazendo atividades para levar a discussão sobre a emergência climática para as ruas através de atos de artivismo, que reúne ativismo e arte, cine debates, entre outras.
E apesar da proporção gigantesca que a luta climática tomou, como os governantes estão respondendo a esse chamado da sociedade?
Enquanto a Greve Global pelo Clima acontecia, lideranças mundiais se reuniam em Nova Iorque na Cúpula do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), no dia 23 de setembro. Neste dia, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, requisitou que lideranças discutissem políticas e compromissos para conter o aquecimento global; uma resposta às exigências do Acordo de Paris, que entra em vigor em 2020, compromisso assumido por 195 países para conter o aquecimento global a 2°C, buscando limitá-lo a 1,5ºC. Mas para isso, os países precisariam ter feito a lição de casa e ter apresentado propostas reais de redução de emissões de gases que intensificam o aquecimento global.
No entanto, as propostas dos países para o clima estão bem longe de serem consideradas suficientes e também de atingir as metas exigidas pelo Acordo. É preciso mais ambição.
Para se ter uma ideia de como o Brasil está nessa história, no discurso de Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, um dia depois da Cúpula do Clima, mesmo com o recado enviado das ruas, o presidente preferiu atacar a lideranças indígenas e organizações ambientais, sem embasamento na realidade.
Diante disso, é importante destacar ainda o fato de que sua presença já havia sido vetada na Cúpula do Clima, assim como a de outros presidentes que têm atuado de maneira negligente quanto às mudanças climáticas.
Enquanto os governantes não agirem, os jovens continuarão indo às ruas para lutar por justiça. A emergência climática é um problema de todos, mas que atinge principalmente aqueles que menos contribuem para elas. Mesmo mudando hábitos individuais, é necessário que haja pressão para que a comunidade internacional leve a discussão a sério e traga soluções. Governos e empresas precisam migrar para a produção de combustíveis renováveis e criar empregos que não dependam de violações de direitos do trabalhador e daqueles que são indiretamente atingidos pela crise do clima.
Nas palavras da ativista pelo clima, Greta Thumberg, que lidera o movimento mundial “Fridays For Future”, fica marcado o peso do presente que construímos para esses jovens: “Como vocês se atrevem? Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”.
As vozes da rua continuarão seus gritos até que governantes façam algo. Não ouvir as novas gerações é um ato irresponsável.
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