O navio Esperanza está de volta aos Corais da Amazônia na Guiana Francesa. Seis mergulhadores realizaram um feito inédito ao mergulhar no sistema recifal
Deep Divers in the Amazon Reef. © Pierre Baelen / Greenpeace
Mergulhadores, especializados em grandes profundidades, começando a descida rumo aos Corais da Amazônia. © Pierre Baelen / Greenpeace
Na bacia da foz do rio Amazonas vive um sistema recifal que se espalha entre a costa litorânea do Brasil e da Guiana Francesa e que surpreendeu o mundo ao ser revelado, em 2016. Parecia ser impossível que recifes pudessem existir sob águas profundas e com pouca luminosidade. Mas era realidade: os Corais da Amazônia estavam lá e ganharam o apoio de mais de 2 milhões de pessoas de diversos países que pediram pela sua proteção.
Agora, seis profissionais de mergulho realizaram uma façanha que parecia também impossível: mergulhar nos Corais da Amazônia, a 100 metros de profundidade, para registrá-los com imagens em alta resolução e coletar amostras biológicas para saber mais sobre esse ecossistema recém-revelado e já tão ameaçado por empresas, como a britânica BP, que querem explorar petróleo nessa região.
First HD Photo of Corals in the Amazon Reef. © Alexis Rosenfeld
Primeira imagem em alta resolução dos Corais da Amazônia, tirada a 100 metros de profundidade na expedição deste ano na região da Guiana Francesa. © Alexis Rosenfeld
“Esses mergulhos são particularmente desafiadores: a água é carregada de sedimentos do rio Amazonas, as correntes são muito fortes e não tínhamos visibilidade quando começamos a descer. Mas valeu totalmente a pena quando as luzes revelaram os Corais da Amazônia. É um paraíso de vida, um tesouro da biodiversidade explorado pela primeira vez pelos humanos e seus mistérios estão apenas começando a ser revelados”, disse o mergulhador e fotógrafo Alexis Rosenfeld. 
Explorar uma região como essas, como querem a petroleira BP e o governo brasileiro, além de ameaçar riquezas que ainda não foram completamente conhecidas e estudadas pela ciência, é um enorme problema para o clima global. Uma nova análise realizada pelo Greenpeace mostrou que queimar reservas de petróleo na região seria o equivalente a oito anos de desmatamento na Amazônia, considerando o desmatamento de 2016. Segundo estimativas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o fundo do mar das proximidades dos Corais da Amazônia no Brasil contém 14 bilhões de barris de petróleo, equivalente a 5,2 Gt de CO2. Confira o infográfico abaixo.
 “Nós estamos em uma emergência climática e não podemos nos dar ao luxo de perfurar e queimar mais petróleo”, diz Thiago Almeida, porta-voz da campanha Corais da Amazônia. “Oceanos saudáveis são essenciais no combate à crise climática e a perfuração de petróleo pode ser devastadora para os oceanos, para o clima e para toda a humanidade”.
Precisamos proteger pelo menos 30% dos oceanos, das áreas costeiras até o alto mar para salvar o clima e combater a perda de biodiversidade. Governos precisam agir com urgência para criar um forte Tratado Global dos Oceanos em 2020. Assine a petição