Quem abriu o encontro foi o professor de Ciência Ambiental da USP e membro do conselho diretor do Greenpeace Brasil, Pedro Jacobi. “Eu espero, multiplicando iniciativas como essa, que a gente reduza o peso das fake news, do ceticismo climático, e mostremos que a sociedade – e principalmente os jovens – estão atentos à questão.”
Em seguida, o professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da USP, falou sobre a dificuldade em comunicar o conhecimento científico para quem não está por dentro do assunto: “nós, cientistas, precisamos aprender sobre física, química, biologia, antes de aprender sobre climatologia. Nossas pesquisas são terrivelmente complexas, e por isso, temos dificuldades para comunicar as descobertas para pessoas de culturas e de níveis educacionais diferentes”, diz.
“Conhecimento mais acessível”
Denise Bacci, professora do Instituto de Geociências da USP, mostrou que é preciso aceitar que os processos de aprendizagem não levam a uma solução única, ou a um pensamento unificado. “Estamos pensando em como elaborar uma exposição científica abordando essa temática para que as comunidades compreendam isso, mas sem perder os valores e os conhecimentos particulares de cada comunidade.”
Como exemplo de ação para tornar o conhecimento científico mais acessível, Denise citou a pesquisa que está realizada nas cavernas do Parque Nacional Peruaçu, em Minas Gerais. Ela observou que alterações nos sedimentos nas rochas coincidem com o período da história em que o homem passou a ser o principal ator no processo de mudanças climáticas. Com essa prova visual, fica ainda mais difícil refutar o fato de que estamos vivendo uma emergência climática causada pelo ser humano.
A professora congolesa Armelle Cibaka, do ICLEI – uma rede que integra governos locais comprometidos com projetos sustentáveis de desenvolvimento urbano -, falou sobre a importância de a ciência estar em contato direto com gestores regionais: “o governo precisa entender que é necessário que ele se aproxime da universidade, porque ela tem respostas. A academia também deve entender que a sua pesquisa pode ser ainda mais interessante quando ela consegue ser aplicada a uma realidade que muda a vida das pessoas.”
Rachel Trajber, educadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), mostrou trabalhos realizados em escolas localizadas em áreas de risco de tragédias ambientais, e os resultados positivos na vida dos integrantes das comunidades ligadas ao dia-a-dia daquelas escolas. Em outubro, o Cemaden vai abrir inscrições para projetos de escolas que promovam ações educativas em tempos de mudanças climáticas, com o objetivo de reduzir o risco de desastres.
Ela também defendeu que o termo “antropoceno” (como alguns historiadores definem a época atual, marcada por modificações planetárias causadas pelo ser humano) é injusto, porque nem todas as sociedades humanas são responsáveis pelas alterações ambientais e climáticas do planeta. “Para mim, o termo correto seria ‘capitaloceno’ – são as sociedades mais ricas do mundo que impactam, e não as indígenas e pobres”.
Também estiveram presentes ativistas representantes das organizações Engajamundo, Umapaz, Youth Climate Leaders, Liga das Mulheres pelos Oceanos, Famílias pelo Clima, Plant for the Planet, entre outras. O encontro terminou com Grazielle Garcia, voluntária do Greenpeace Brasil, convidando todo mundo para a Greve Global Pelo Clima, que acontece nesta sexta-feira (20), em várias cidades do planeta, inclusive em todas as regiões do Brasil. Veja onde será a Greve na sua cidade e participe também!
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.