Elaborado por mais de 100 cientistas especialistas em clima, o relatório contém dados sobre os impactos da emergência climática nos oceanos e na criosfera (partes de água congelada do planeta).
As estimativas são alarmantes: se a temperatura do planeta aumentar em mais de 3°C, até o ano de 2100, o nível do mar vai subir até um metro, forçando a retirada de milhões de pessoas de áreas costeiras.
Além disso, os cientistas concluíram que, mesmo se for possível frear a velocidade do aquecimento global e a temperatura média do planeta subir no máximo 1,5°C, vamos perder até 90% dos corais que vivem nas áreas mais quentes dos oceanos.
Por que salvar os oceanos é importante?
Porque a vida marinha pode nos ajudar. Ela absorve e estoca carbono em locais remotos do oceano. Plantas de áreas costeiras, como as dos manguezais e das restingas, estocam carbono no solo sedimentado subaquático. A cadeia alimentar da fauna marinha também acumula o carbono nos corpos dos animais, e depois que eles morrem, a maior parte desse carbono vai parar nas profundezas do leito marinho. É vital que protejamos as áreas onde o carbono é estocado e as áreas de oceano aberto, ou a crise climática vai piorar.
Além das ameaças da emergência climática divulgadas pelo relatório do IPCC, o contínuo impacto das atividades humanas destrutivas, como pesca industrial, exploração de petróleo no mar, perfurações para extração de gás e poluição por plástico estão causando mais devastação, afetando a capacidade de nossos oceanos de mitigar a emergência climática.
E a ameaça do petróleo vai além das suas contribuições para as emissões que agravam as mudanças climáticas. Enquanto um derramamento de petróleo pode causar danos irreversíveis aos ecossistemas, empresas como a britânica BP querem explorar ainda mais petróleo e em áreas extremamente sensíveis do ponto de vista socioambiental. A BP é a empresa que quer perfurar perto do sistema recifal conhecido como Corais da Amazônia – o Greenpeace vem fazendo uma campanha há quase três anos para impedir que isso aconteça.
Neste exato momento, o navio Esperanza do Greenpeace está na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Amapá, no norte do Brasil, documentando a biodiversidade e megafauna da região, assim como mapeando novas áreas onde há recifes – em 2018, o Greenpeace descobriu que os Corais da Amazônia estão presentes também na Guiana Francesa. Agora em 2019, cientistas franceses a bordo do nosso navio puderam confirmar assuntos que vinham estudando, por exemplo, que a região é área de reprodução de baleias Jubarte e área de alimentação de outras espécies de baleias e golfinhos.
Ainda que o relatório traga projeções preocupantes, felizmente temos uma oportunidade de proteger os oceanos. Neste momento, governos estão na ONU negociando um Tratado Global de Oceanos. Se houver a assinatura de um tratado forte e consistente, ele pode abrir os caminhos para a criação de uma rede de santuários marinhos, colocando no mínimo 30% dos nossos oceanos bem longe das mãos nefastas da indústria e outras atividades exploratórias da humanidade, até o ano de 2030.
Essa ampla proteção terá um impacto profundo na saúde dos oceanos, ajudando a vida marinha a se recuperar das pressões do ser humano e a prosperar com liberdade. Oceanos saudáveis reduzirão o impacto das mudanças climáticas e darão suporte para a vida no planeta Terra.
O relatório de hoje é um chamado para o despertar desses governos que continuam caminhando feito zumbis em meio à crise climática global. Líderes políticos e econômicos precisam focar nas raízes dos problemas dos oceanos. É preciso acelerar a transição de uma matriz energética baseada principalmente em combustíveis fósseis para uma 100% limpa e renovável.
Nunca houve uma época tão propícia para exigirmos uma ação decisiva dos maiores líderes mundiais. Junte-se a quase duas milhões de pessoas ao redor do mundo que estão pedindo por um Tratado Global dos Oceanos que seja justo para a natureza. Se nós cuidarmos dos oceanos, eles irão cuidar de nós!
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