Monday, September 30, 2019

A tragédia dos Munduruku

por Greenpeace Brasil

Garimpo ilegal coloca em risco a sobrevivência de um povo inteiro. Ao invés de estimular o crime, Bolsonaro deve atuar no combate ao desmatamento e pela proteção das Terras Indígenas
Ao sobrevoar com o Greenpeace a Terra Indígena (TI) Munduruku, no oeste do Pará, no último dia 19, o cacique geral do povo Munduruku viu, repleto de tristeza, o rastro de destruição deixado por uma onda de garimpos que se estabeleceram ao longo de um dos principais rios de seu território. O povo Munduruku é contra a mineração em suas terras e, para apoiá-los no combate a esse crime, enviamos uma denúncia à Polícia Federal de Santarém (PA) e ao Ministério Público Federal no fim da semana passada.
Do avião, flagramos enormes crateras abertas em plena área protegida de Floresta Amazônica. Imagens chocantes revelam ganância e sede de destruição: dezenas de retroescavadeiras, acampamentos armados e muitos homens trabalhando. Foi possível avistar até mesmo um avião com pista de pouso dentro dos limites do território indígena, o que mostra não haver preocupação por parte dos criminosos de serem punidos.
Vivendo uma tragédia sem precedentes, os Munduruku, que contam hoje com uma população de 13 mil pessoas, tentam resistir aos riscos de contaminação de suas terras, seus rios e seus corpos. Em uma área que deveria estar completamente preservada, o desmatamento aumentou quase seis vezes em dois anos. De acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em 2017 foram desmatados 2,64 km² de floresta dentro da TI Munduruku; em 2018, foram 4,84 km²; em 2019, foram 15,46 km². O garimpo ilegal é o principal responsável pela destruição: entre agosto de 2018 e agosto de 2019, a atividade consumiu nada menos que 10,71 km² de floresta.
O garimpo espalha lama contaminada por dezenas de aldeias, situadas em três dos principais rios da Terra Indígena. Além da imensidão de floresta derrubada, os rios, fonte de vida para os indígenas, também são vítimas. No sobrevoo, constatamos que o Rio Kaburuá teve seu leito completamente drenado para o garimpo e está destruído da cabeceira à foz. O Rio Kaburuá é um rio morto. As cabeceiras do Rio Kabitutu também viraram reféns do garimpo criminoso. 
“Os Munduruku sobreviveram a 519 anos de guerras e massacres, mas agora temem pelo futuro, porque a ameaça de hoje não se limita a destruir florestas e rios. Ela desestrutura também a organização social e política desse povo”, alerta Danicley Aguiar, da Campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.

A invasão da TI Munduruku é exemplo de um processo devastador que institucionalizou a violência contra os povos indígenas e seus territórios. Em 2018, foram registradas 109 invasões a Terras Indígenas, um aumento de 13% em relação a 2017. Dados preliminares do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) indicam que em 2019, até setembro, houve 160 casos de invasão.
Essa explosão de violência reflete o discurso anti-indigenista do governo Bolsonaro, que tem uma verdadeira obsessão por abrir as Terras Indígenas para mineração. Ao invés de estimular o crime, Bolsonaro deve atuar no combate ao desmatamento e pela proteção das Terras Indígenas, que comprovadamente preservam mais a floresta.
Leia na íntegra o comunicado do povo Munduruku. 

Povo Yanomami contaminado por mercúrio de garimpo ilegal

O caso dos Yanomami mostra o quanto a mineração pode impactar os povos indígenas de maneira cruel. Um estudo recente da Fiocruz constatou que 56% das mulheres e crianças Yanomami da região de Maturacá, no Amazonas, estão contaminadas com mercúrio. O metal é usado para separar o ouro de sedimentos e acaba indo parar nos rios, contaminando o ecossistema ao redor, incluindo peixes que servem de alimento aos indígenas.
De acordo com a Fiocruz, o mercúrio causa sérios problemas à saúde, como alterações no sistema nervoso central, que podem acarretar em perda da visão, doenças no coração e complicações cognitivas e motoras. O estrago pode ser ainda maior em crianças, especialmente na fase intrauterina, quando estão em processo de formação.
 Um outro levantamento, realizado em 2016, já havia indicado que 90% dos Yanomami de Aracaçá, na região de Waikás, em Roraima, estavam contaminados por mercúrio.
Uma reportagem da Agência Pública revela que mais de 15 mil garimpeiros ilegais se espalham pela Terra Indígena Yanomami atualmente.

Após Paris, Salles é recebido com protestos em Berlim

por Greenpeace Brasil

Ativistas fizeram manifestação pacífica exigindo proteção às florestas enquanto o ministro tentava se reunir com empresários alemães; encontro foi cancelado Nesta segunda-feira (30), ativistas do Greenpeace protestaram em frente à Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio em Berlim, onde o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, se reuniria com representantes de empresas alemãs. Após o protesto, o encontro foi cancelado.
Cerca de 50 ativistas montaram um cordão de isolamento e instalaram um tronco de madeira da Amazônia carbonizado em frente ao edifício para impedir a entrada de Salles. No local abriram  faixas criticando a destruição da Amazônia e exigindo o fim de “negócios com criminosos climáticos”.
Ativistas protestam em frente à Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio em Berlim. © Jan Zappner / Greenpeace
Em sua visita à Alemanha, Salles tenta limpar a imagem do Brasil para retomar e promover acordos comerciais com um dos países que mais investem por aqui. “Ambas indústrias estão destruindo o meio ambiente e o clima. No Brasil, a floresta está queimando para dar lugar ao gado e, na Alemanha, uma indústria automobilística ultrapassada está procurando novos mercados para seus produtos emissores de CO2″, diz Jürgen Knirsch, especialista em comércio do Greenpeace Alemanha.
O Greenpeace exige que corporações e governos europeus adotem medidas para garantir que suas cadeias de suprimentos não estejam ligadas ao desmatamento, à destruição de ecossistemas ou a violações de direitos humanos. Para ajudar a barrar a crise climática que já vivenciamos, é fundamental que se ponha um fim à cumplicidade europeia com o desmatamento da Amazônia.
“Em sua viagem pela Europa, Salles tem investido seu tempo em tentar convencer investidores, governo e imprensa que a crise na Amazônia está sob controle, enquanto deveria estar implementando medidas concretas para retomar o combate ao crime ambiental e ao desmatamento”, afirma Luiza Lima, da campanha de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. O ministro já esteve na França, onde também foi recebido com protestos. Após a Alemanha, segue viagem para a Inglaterra.

Sunday, September 29, 2019

Setembro: o mês em que o mundo foi às ruas pelo clima

por Fabiana Alves

Hoje, milhares de manifestantes em pelo menos 10 países voltaram a protestar contra as mudanças climáticas
Jovens do Fridays For Future Brasil (RJ) fazem artivismo em frente a ALERJ, como parte das ações da Greve Global pelo Clima, 27/09 © Larissa Franco / Jovens pelo Clima RJ
Entre sexta-feira passada e hoje, milhões de pessoas foram às ruas em pelo menos 150 países. E o Brasil fez parte dessa grande mobilização, a Greve Global pelo Clima, uma onda de protestos ligada ao movimento “Fridays for Future” (Sextas-feiras pelo futuro).
No dia 20, quando aconteceram as grandes mobilizações no país, pelo menos 60 mil pessoas participaram de 70 ações, em mais de 80 cidades. Ao longo da semana, jovens de várias regiões continuaram fazendo atividades para levar a discussão sobre a emergência climática para as ruas através de atos de artivismo, que reúne ativismo e arte, cine debates, entre outras.
E apesar da proporção gigantesca que a luta climática tomou, como os governantes estão respondendo a esse chamado da sociedade?
Enquanto a Greve Global pelo Clima acontecia, lideranças mundiais se reuniam em Nova Iorque na Cúpula do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), no dia 23 de setembro. Neste dia, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterrez, requisitou que lideranças discutissem políticas e compromissos para conter o aquecimento global; uma resposta às exigências do Acordo de Paris, que entra em vigor em 2020, compromisso assumido por 195 países para conter o aquecimento global a 2°C, buscando limitá-lo a 1,5ºC. Mas para isso, os países precisariam ter feito a lição de casa e ter apresentado propostas reais de redução de emissões de gases que intensificam o aquecimento global.
No entanto, as propostas dos países para o clima estão bem longe de serem consideradas suficientes e também de atingir as metas exigidas pelo Acordo. É preciso mais ambição.
Para se ter uma ideia de como o Brasil está nessa história, no discurso de Jair Bolsonaro na Assembleia Geral da ONU, um dia depois da Cúpula do Clima, mesmo com o recado enviado das ruas, o presidente preferiu atacar a lideranças indígenas e organizações ambientais, sem embasamento na realidade.
Diante disso, é importante destacar ainda o fato de que sua presença já havia sido vetada na Cúpula do Clima, assim como a de outros presidentes que têm atuado de maneira negligente quanto às mudanças climáticas.

Enquanto os governantes não agirem, os jovens continuarão indo às ruas para lutar por justiça. A emergência climática é um problema de todos, mas que atinge principalmente aqueles que menos contribuem para elas. Mesmo mudando hábitos individuais, é necessário que haja pressão para que a comunidade internacional leve a discussão a sério e traga soluções. Governos e empresas precisam migrar para a produção de combustíveis renováveis e criar empregos que não dependam de violações de direitos do trabalhador e daqueles que são indiretamente atingidos pela crise do clima.
Nas palavras da ativista pelo clima, Greta Thumberg, que lidera o movimento mundial “Fridays For Future”, fica marcado o peso do presente que construímos para esses jovens: “Como vocês se atrevem? Vocês roubaram meus sonhos e minha infância com suas palavras vazias”.
As vozes da rua continuarão seus gritos até que governantes façam algo. Não ouvir as novas gerações é um ato irresponsável.

Friday, September 27, 2019

Greenpeace protesta contra “tour da mentira” de Ricardo Salles na Europa

por Greenpeace Brasil

Ministro do Meio Ambiente participa de encontro com investidores franceses para “limpar a barra” do Brasil no exterior, mas continua sem apresentar planos de proteção para a Amazônia Ativistas do Greenpeace recepcionaram o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, nesta quinta-feira (26) em frente à residência do embaixador brasileiro em Paris, na primeira parada de sua turnê europeia na defesa da imagem do governo. No momento da atividade, o ministro participava de uma reunião com empresas e investidores franceses.
Os ativistas exibiram uma faixa apontando para a responsabilidade do governo brasileiro sobre o aumento do desmatamento na Amazônia com a mensagem “Bolsonaro – Amazon-Killer” (Bolsonaro – assassino da Amazônia). Os ativistas também tocaram uma centena de alarmes no pátio da residência para lembrar o ministro que a falta de ação do Brasil não passará despercebida. Não houve bloqueio das entradas do prédio e nem impedimento da entrada ou saída de pessoas e veículos. A polícia foi acionada e acompanhou o protesto à distância, visto que não houve qualquer tipo de ameaça ou agressão aos presentes na reunião.
Ativistas realizam protesto durante visita de Ricardo Salles na França. © Jérémie Jung / Greenpeace
“O governo brasileiro está empenhado em realizar uma campanha publicitária para apresentar lá fora um Brasil que não existe. Em nove meses de governo, assistimos perplexos ao drástico aumento de alertas de desmatamento e de queimadas, que já traz prejuízos diplomáticos e econômicos ao País”, diz Luiza Lima, da campanha de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.
Salles declarou que sua intenção é usar esta viagem para mitigar os danos que os incêndios na Amazônia e as políticas anti-ambientais do governo Bolsonaro causaram à imagem do Brasil. Cerca de 2,5 milhões de hectares foram queimados na Amazônia brasileira apenas em agosto, e o número de incêndios quase dobrou desde o início da presidência de Bolsonaro, em comparação com o ano passado, de acordo com dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Não houve bloqueio das entradas do prédio e nem impedimento da entrada ou saída de pessoas e veículos. © Jung Park
A agenda da viagem de 10 dias do ministro na Europa inclui reuniões com imprensa, governos e empresas na França, Alemanha e Reino Unido. “Ao invés de tentar melhorar a imagem do Brasil com discursos falaciosos, o governo deveria assumir sua responsabilidade em garantir a proteção do meio ambiente e colocar em prática medidas concretas para reduzir o desmatamento”, afirma Luiza.
O Greenpeace exige ações efetivas no Brasil e pede que os países europeus adotem legislações que garantam que suas cadeias de suprimentos não estejam ligadas ao desmatamento, à destruição de ecossistemas ou à violações de direitos humanos na Amazônia ou em outras regiões do mundo. “Estamos aqui hoje para denunciar a política do governo brasileiro, mas a França também é cúmplice desta política piromaníaca ao não tomar medidas concretas para proibir a chegada de matérias-primas que contribuem para o desmatamento”, diz Suzanne Dalle, da campanha de Agricultura do Greenpeace França.
Além da turnê de Salles, o governo Bolsonaro também está realizando uma campanha publicitária internacional de R$ 40 milhões para limpar a imagem do Brasil e reafirmar sua soberania no desenvolvimento da região amazônica. Com este mesmo valor, o governo poderia manter mais de 3.300 bombeiros na Amazônia por seis meses [6]. Além da economia dos cofres públicos, se eles fossem honestos, o vídeo seria bem diferente:

Thursday, September 26, 2019

Como agir a favor dos oceanos que estão sendo afetados pela emergência climática?

por Greenpeace Brasil

Relatório científico atesta que a emergência climática também está afetando nossos oceanos. Mesmo assim, ainda há esperança! Temos em mãos uma oportunidade única para ajudá-los a se recuperar e prosperar Nesta quarta-feira (25), o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgou um relatório especial contendo claras evidências científicas que confirmam nossos piores temores: a crise climática é também uma crise dos oceanos.
Elaborado por mais de 100 cientistas especialistas em clima, o relatório contém dados sobre os impactos da emergência climática nos oceanos e na criosfera (partes de água congelada do planeta).
As estimativas são alarmantes: se a temperatura do planeta aumentar em mais de 3°C, até o ano de 2100, o nível do mar vai subir até um metro, forçando a retirada de milhões de pessoas de áreas costeiras.
Além disso, os cientistas concluíram que, mesmo se for possível frear a velocidade do aquecimento global e a temperatura média do planeta subir no máximo 1,5°C, vamos perder até 90% dos corais que vivem nas áreas mais quentes dos oceanos.
Foto da superfície do mar, com golfinhos cabeça-de-melão nadando em grupo, juntos na mesma direção
Golfinhos cabeça-de-melão nadam livremente na região dos Corais da Amazônia © Pierre Baelen / Greenpeace
Por que salvar os oceanos é importante?
Porque a vida marinha pode nos ajudar. Ela absorve e estoca carbono em locais remotos do oceano. Plantas de áreas costeiras, como as dos manguezais e das restingas, estocam carbono no solo sedimentado subaquático. A cadeia alimentar da fauna marinha também acumula o carbono nos corpos dos animais, e depois que eles morrem, a maior parte desse carbono vai parar nas profundezas do leito marinho. É vital que protejamos as áreas onde o carbono é estocado e as áreas de oceano aberto, ou a crise climática vai piorar.
Oil Spill in Karawang, West Java. © Jurnasyanto Sukarno / Greenpeace
Vazamento de óleo provocado pela empresa estatal de óleo e gás Pertamina em área de mangue em Karawang, na ilha de Java, Indonésia © Jurnasyanto Sukarno / Greenpeace
Além das ameaças da emergência climática divulgadas pelo relatório do IPCC, o contínuo impacto das atividades humanas destrutivas, como pesca industrial, exploração de petróleo no mar, perfurações para extração de gás e poluição por plástico estão causando mais devastação, afetando a capacidade de nossos oceanos de mitigar a emergência climática.
E a ameaça do petróleo vai além das suas contribuições para as emissões que agravam as mudanças climáticas. Enquanto um derramamento de petróleo pode causar danos irreversíveis aos ecossistemas, empresas como a britânica BP querem explorar ainda mais petróleo e em áreas extremamente sensíveis do ponto de vista socioambiental. A BP é a empresa que quer perfurar perto do sistema recifal conhecido como Corais da Amazônia – o Greenpeace vem fazendo uma campanha há quase três anos para impedir que isso aconteça.
Neste exato momento, o navio Esperanza do Greenpeace está na Guiana Francesa, que faz fronteira com o Amapá, no norte do Brasil, documentando a biodiversidade e megafauna da região, assim como mapeando novas áreas onde há recifes – em 2018, o Greenpeace descobriu que os Corais da Amazônia estão presentes também na Guiana Francesa. Agora em 2019, cientistas franceses a bordo do nosso navio puderam confirmar assuntos que vinham estudando, por exemplo, que a região é área de reprodução de baleias Jubarte e área de alimentação de outras espécies de baleias e golfinhos.
First HD Photo of Corals in the Amazon Reef. © Alexis Rosenfeld
Esta é a primeira foto em alta resolução dos Corais da Amazônia, a 100 metros de profundidade © Alexis Rosenfeld
Ainda que o relatório traga projeções preocupantes, felizmente temos uma oportunidade de proteger os oceanos. Neste momento, governos estão na ONU negociando um Tratado Global de Oceanos. Se houver a assinatura de um tratado forte e consistente, ele pode abrir os caminhos para a criação de uma rede de santuários marinhos, colocando no mínimo 30% dos nossos oceanos bem longe das mãos nefastas da indústria e outras atividades exploratórias da humanidade, até o ano de 2030.
Essa ampla proteção terá um impacto profundo na saúde dos oceanos, ajudando a vida marinha a se recuperar das pressões do ser humano e a prosperar com liberdade. Oceanos saudáveis reduzirão o impacto das mudanças climáticas e darão suporte para a vida no planeta Terra.
Cardume fotografado embaixo da água; peixes são da mesma espécie e mesma cor e nadam em diferentes sentidos
Cardume fotografado na região dos Corais da Amazônia, próxima à costa do Amapá © Pierre Baelen / Greenpeace
O relatório de hoje é um chamado para o despertar desses governos que continuam caminhando feito zumbis em meio à crise climática global. Líderes políticos e econômicos precisam focar nas raízes dos problemas dos oceanos. É preciso acelerar a transição de uma matriz energética baseada principalmente em combustíveis fósseis para uma 100% limpa e renovável.
Navio Esperanza, verde com desenho da pomba da paz e cores do arco-íris, sobre o oceano azul, céu azul ao fundo
O navio Esperanza, do Greenpeace, que levou cientistas e mergulhadores para pesquisar sobre os Corais da Amazônia, no norte do Brasil © Pierre Baelen / Greenpeace
Nunca houve uma época tão propícia para exigirmos uma ação decisiva dos maiores líderes mundiais. Junte-se a quase duas milhões de pessoas ao redor do mundo que estão pedindo por um Tratado Global dos Oceanos que seja justo para a natureza. Se nós cuidarmos dos oceanos, eles irão cuidar de nós!

Wednesday, September 25, 2019

Voluntários participam da Greve Global Pelo Clima

por Larissa Gambirazi

A ação reuniu milhões de jovens de todo o mundo, dentre eles, voluntários e voluntárias do Greenpeace que estiveram presentes em 16 cidades no Brasil
Voluntários de Salvador (BA) foram às ruas em defeisa do clima e do meio ambiente. © Eros Cohen / Greenpeace
No dia 20 de setembro, as ruas de várias cidades ao redor do mundo foram tomadas por cartazes, banners, gritos de ordem em defesa do planeta e milhões de jovens preocupados com a emergência climática que vivemos e que já afeta a vida de todos. 
E no Brasil não foi diferente. A Greve Global Pelo Clima aconteceu em diversos locais do país e reuniu milhares de pessoas, dentre elas, voluntários e voluntárias do Greenpeace que estiveram presentes em 16 cidades: São Paulo (SP), Bertioga (SP), São João da Boa Vista (SP), Porto Alegre (RS), Imbé (RS), Goiás (GO), Salvador (BA), Belo Horizonte (MG), Macapá (AP), São Luís (MA), Rio de Janeiro (RJ), Fortaleza (CE), Brasília (DF), Belém (PA), Recife (PE) e Manaus (AM).  
Greve Global Pelo Clima em Macapá (AP). © Ingra Tadaiesky / Greenpeace
O movimento liderados pelos jovens tinha o objetivo de exigir ações para combater o desmatamento, principalmente da Amazônia, e promover uma mudança nas formas de consumo e produção para frear as mudanças climáticas.      
As mobilizações pelo clima ainda não terminaram, até o dia 27 de setembro mais grupos de voluntários e voluntárias estarão nas ruas exigindo a justiça climática e a preservação ambiental.  
Confira alguns momentos da Greve Global Pelo Clima no Brasil:

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Voluntários participam do Dia Mundial da Limpeza

por Larissa Gambirazi 

 Voluntários e voluntárias recolheram mais de 2 toneladas de resíduos durante o maior mutirão de limpeza do mundo

Em Salvador, voluntários e voluntárias concentraram a ação na praia do Farol da Barra. © Eros Cohen / Greenpeace
Um dia. Um planeta. Um objetivo. Milhares de pessoas de 169 países juntaram-se, em 21 de setembro, ao maior mutirão de limpeza de ruas, rios, praças, praias e mangues do mundo.
O Dia Mundial da Limpeza ou World Clean Up Day, em inglês, é um movimento que acontece todos os anos e tem o objetivo de conscientizar a população do problema que é o descarte incorreto de lixo e as consequências para o meio ambiente.
No Brasil, nossos voluntários e voluntárias estiveram em Porto Alegre (RS), Imbé (RS), São Paulo (SP), Bertioga (SP), São João da Boa Vista (SP), Belém (PA), Recife (PE), Salvador (BA), Macapá (AP) e Manaus (AM), e recolheram mais de 2 toneladas de lixo durante a ação. 
Para Júlia dos Santos, voluntária de Porto Alegre, “ter visto tantas pessoas empenhadas durante a atividade traz a sensação de que não estamos sozinhos nessa causa e que ter um planeta melhor e mais verde é possível”.
Confira alguns momentos do Dia Mundial da Limpeza:
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Inédito! Primeiro mergulho humano foi realizado nos Corais da Amazônia

por Greenpeace Brasil

O navio Esperanza está de volta aos Corais da Amazônia na Guiana Francesa. Seis mergulhadores realizaram um feito inédito ao mergulhar no sistema recifal
Deep Divers in the Amazon Reef. © Pierre Baelen / Greenpeace
Mergulhadores, especializados em grandes profundidades, começando a descida rumo aos Corais da Amazônia. © Pierre Baelen / Greenpeace
Na bacia da foz do rio Amazonas vive um sistema recifal que se espalha entre a costa litorânea do Brasil e da Guiana Francesa e que surpreendeu o mundo ao ser revelado, em 2016. Parecia ser impossível que recifes pudessem existir sob águas profundas e com pouca luminosidade. Mas era realidade: os Corais da Amazônia estavam lá e ganharam o apoio de mais de 2 milhões de pessoas de diversos países que pediram pela sua proteção.
Agora, seis profissionais de mergulho realizaram uma façanha que parecia também impossível: mergulhar nos Corais da Amazônia, a 100 metros de profundidade, para registrá-los com imagens em alta resolução e coletar amostras biológicas para saber mais sobre esse ecossistema recém-revelado e já tão ameaçado por empresas, como a britânica BP, que querem explorar petróleo nessa região.
First HD Photo of Corals in the Amazon Reef. © Alexis Rosenfeld
Primeira imagem em alta resolução dos Corais da Amazônia, tirada a 100 metros de profundidade na expedição deste ano na região da Guiana Francesa. © Alexis Rosenfeld
“Esses mergulhos são particularmente desafiadores: a água é carregada de sedimentos do rio Amazonas, as correntes são muito fortes e não tínhamos visibilidade quando começamos a descer. Mas valeu totalmente a pena quando as luzes revelaram os Corais da Amazônia. É um paraíso de vida, um tesouro da biodiversidade explorado pela primeira vez pelos humanos e seus mistérios estão apenas começando a ser revelados”, disse o mergulhador e fotógrafo Alexis Rosenfeld. 
Explorar uma região como essas, como querem a petroleira BP e o governo brasileiro, além de ameaçar riquezas que ainda não foram completamente conhecidas e estudadas pela ciência, é um enorme problema para o clima global. Uma nova análise realizada pelo Greenpeace mostrou que queimar reservas de petróleo na região seria o equivalente a oito anos de desmatamento na Amazônia, considerando o desmatamento de 2016. Segundo estimativas da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o fundo do mar das proximidades dos Corais da Amazônia no Brasil contém 14 bilhões de barris de petróleo, equivalente a 5,2 Gt de CO2. Confira o infográfico abaixo.
 “Nós estamos em uma emergência climática e não podemos nos dar ao luxo de perfurar e queimar mais petróleo”, diz Thiago Almeida, porta-voz da campanha Corais da Amazônia. “Oceanos saudáveis são essenciais no combate à crise climática e a perfuração de petróleo pode ser devastadora para os oceanos, para o clima e para toda a humanidade”.
Precisamos proteger pelo menos 30% dos oceanos, das áreas costeiras até o alto mar para salvar o clima e combater a perda de biodiversidade. Governos precisam agir com urgência para criar um forte Tratado Global dos Oceanos em 2020. Assine a petição

Em vez de proteger a Amazônia, governo faz campanha para salvar a própria imagem

por Greenpeace Brasil

Para recuperar a imagem do país no exterior, governo Bolsonaro deve reverter a agenda destrutiva atualmente em curso e adotar ações concretas e política pública participativa de proteção ao meio ambiente Essa semana, o presidente Jair Bolsonaro desembarca em Nova York para participar  da Assembleia Geral das Nações Unidas, que começa na terça-feira (24). Em seu discurso de abertura, Bolsonaro pretende neutralizar a crítica global motivada pelas queimadas e o desmatamento da Amazônia. De janeiro a agosto deste ano o número de alertas de desmatamento na Amazônia (Deter) aumentou 75% e os focos de calor cresceram 111%, ambos na comparação com o mesmo período de 2018.
Mas ao invés de ações concretas de combate ao desmatamento e uma política pública ambiciosa  de proteção da Amazônia, do Cerrado e de outros ecossistemas únicos, o governo preferiu investir o dinheiro público em uma campanha publicitária para limpar a imagem do país no exterior e reafirmar a soberania do Brasil em desenvolver a região amazônica. Com os 3 milhões de reais gastos na campanha, veiculada no Brasil e no exterior, o governo poderia garantir a presença de 250 brigadistas na Amazônia durante seis meses1.

Mas quando defende que o Brasil faz o que bem quiser com a Amazônia, o que Bolsonaro realmente quer dizer é que o governo tem o direito de destruir sozinho a maior floresta tropical do planeta. Na visão de Bolsonaro, significa abrir a Amazônia para a mineração, para a grilagem de terras, para o avanço do agronegócio sobre a floresta e para mais exploração predatória e insustentável do maior patrimônio ambiental dos brasileiros.
Este “desenvolvimento”, adotado durante o regime militar, beneficia apenas os grandes e poderosos, e não a população amazônica, formada também por indígenas, ribeirinhos e pelas comunidades de pequenos agricultores.
Fundos de 30 países que movimentam US$ 16 trilhões em ativos cobraram do Brasil ações concretas contra o desmatamento. Diversas empresas – como a Timberland, Kipling Bags, The North Face e H&M – estão suspendendo a compra de produtos brasileiros por causa da agenda anti-ambiental do governo. O Brasil também foi alvo de críticas de diversos governos, como a França e Alemanha, por causa do tratamento que Bolsonaro dispensa à Amazônia. Na última semana, o parlamento da Áustria rejeitou o acordo comercial entre o Mercosul e a União Européia pelo mesmo motivo.
“A política anti-ambiental do governo não está destruindo apenas a floresta e seus povos, mas também a imagem e a reputação do Brasil ao redor do mundo”, diz Marcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil. “Se quiser evitar mais prejuízos ao país, Bolsonaro deve reverter sua agenda de destruição e adotar medidas concretas e efetivas de proteção à Amazônia”.
Para revelar a verdade inconveniente sobre a Amazônia que o governo insiste em esconder, ajudamos a “traduzir” a campanha oficial do governo:

Bolsonaro, não sabe como proteger a floresta? A gente te ajuda!

Para proteger a floresta é preciso, antes de tudo, que o governo assuma sua responsabilidade em garantir a proteção do meio ambiente e comece a colocar em prática medidas concretas para reduzir o desmatamento.
Ignorar isso é ruim para as florestas, os animais, os rios e para o nosso futuro, além de ser péssimo para os negócios, como podemos ver com todas as empresas que já declararam que não irão mais comprar do Brasil enquanto o país não levar a sério a preservação ambiental.
Elencamos aqui as reais medidas que devem ser tomadas para evitar ainda mais fogo na floresta e salvar a Amazônia da destruição:
  1. Reverter o desmonte das políticas ambientais e garantir a capacidade do Estado brasileiro em combater os crimes ambientais
  2. Implementar políticas de combate e mitigação das mudanças climáticas
  3. Retomar a demarcação das Terras Indígenas e garantir o respeito dos direitos constitucionais dos povos indígenas
  4. Proteger a biodiversidade com a criação de áreas protegidas e garantir sua efetiva implementação
  5. Fim da grilagem de terras, da exploração ilegal de madeira, da mineração e autorizações de queimadas, especialmente em áreas protegidas e terras indígenas
  6. Nenhuma nova hidrelétrica e fim da exploração de petróleo na Amazônia
  7. Garantir um processo de licenciamento ambiental efetivo para todos os projetos de infraestrutura que proteja as pessoas e o meio ambiente
  8. Garantir a transparência das informações produzidas pelas instituições brasileiras para controle social
  9. Restaurar a participação da sociedade nos processos políticos
  10. Garantir um ambiente seguro para ativistas e lideranças comunitárias no Brasil

PARTICIPE DO ABAIXO-ASSINADO

1 Cálculo feito com o custo médio de um brigadista de R$ 2 mil por mês.

Sunday, September 22, 2019

des Aproveite o Dia Mundial Sem Carro e vá de bike com a galera!

por Greenpeace Brasil
 Quem acordou sem pressa nesse domingão tem mais um motivo para sair de casa: é 22 de setembro, o Dia Mundial Sem Carro
Esse é um movimento global: há 19 anos, sempre no 22 setembro, pessoas preocupadas com o impacto dos carros nas cidades aproveitam a data para usar meios alternativos de transporte, em uma tentativa de poluir menos, ocupar menos espaço e fazer menos barulho.
Já pensou em fazer parte disso? Que tal experimentar o domingo sem carro e chamar a galera para passear ao ar livre? Esse pode ser o primeiro movimento para uma grande revolução urbana!

Saturday, September 21, 2019

Milhões de pessoas foram às ruas ontem na Greve Global pelo Clima

por Fabiana Alves e Camila Doretto
 Em São Paulo, nos unimos aos jovens, pedimos a proteção pela Amazônia e ironizamos os “Céticos do Clima”, representados por aqueles que ameaçam o agravamento da crise climática
Ontem, junto com o mundo, o Brasil foi às ruas para defender o planeta, nossa casa comum. A Greve Global pelo Clima, uma mobilização mundial puxada pelas mãos da juventude, que exige medidas concretas para frear as emissões de gás carbônico e combater o aquecimento global, levou mais de 4 milhões de pessoas a manifestações pelo mundo, em 163 países. No Brasil, pelo menos 65 cidades participaram e pediram pela defesa da Amazônia e por justiça climática.
O Greenpeace, como parte da Coalizão pelo Clima, uma das organizadoras da mobilização em São Paulo, foi às ruas em apoio aos jovens. Com irreverência e humor, ironizamos o desmonte das políticas ambientais do governo atual mostrando os agentes e os discursos que buscam desvirtuar fatos reais e desqualificar a ciência.
No nosso bloco, trouxemos os “Céticos do Clima”, composto pelas figuras do ruralista, do terraplanista, do cientista maluco, do “sinistro” Salles e do presidente Jair Bolsonaro. “Discursos que desacreditam o trabalho de institutos responsáveis, como o INPE (Instituto Nacional de pesquisas Espaciais), a gravidade da crise climática, além do descaso com comunidades e populações indígenas que habitam os diversos biomas brasileiros não devem ser tolerados em um país democrático”, diz Fabiana Alves, da campanha de Clima do Greenpeace.
Assim como os jovens, nós também deixamos nosso recado carregando uma faixa com os seguintes dizeres: “Sem Amazônia, sem Clima”. E mais para trás, nossos ativistas carregavam um banner de 50 metros que gritava ao mundo: SOS Clima. Todo esse ativismo ao som do maracatu, batida brasileira que embalou nosso protesto pacífico na noite de ontem.
Em muitas das manifestações, as vozes das crianças e dos jovens protagonizaram o lugar de fala. Em São Paulo, em um palco com microfone aberto, as primeiras a discursar foram as crianças.
Não existe planeta B. Se a gente destruir esse, quer dizer, se vocês destruírem mais esse planeta, não vai ter outro pra gente viver. Por isso, a gente pede para vocês ajudarem a consertar o que já foi estragado no nosso planeta”, disse Cora Mirandez, 10 anos, uma das crianças que subiu ao palco ontem em São Paulo, durante a concentração no Masp – Museu de Arte de São Paulo.
Por todos os cantos do mundo, não foi diferente. A voz dos jovens e das crianças fizeram eco na maior mobilização pelo clima que o mundo já viu. Em todos os continentes, o pedido do movimento Fridays For Future foi replicado: justiça climática, fim do uso de combustíveis fósseis e a punição dos maiores poluidores do mundo.
Nos Estados Unidos, foram feitos protestos em mais de 500 cidades. O país recebeu a jovem ativista sueca Greta Thunberg, que inspirou o movimento mundial da juventude a se articular pelo Clima. Diante de uma multidão, a pequena gigante de 16 anos deixou um recado: “O mundo está de olho nos governantes. Eles ainda têm a chance de provar que estão unidos pela ciência e que estão nos ouvindo”. Em Nova York, mais de 1 milhão de estudantes foram liberados pelas escolas para participar das mobilizações.
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O papel da Educação na emergência climática

por Greenpeace Brasil

No âmbito da Greve Global pelo Clima, encontro de professores e ambientalistas na USP discute maneiras de tornar as implicações do aquecimento global mais compreensíveis para todos
Encontro Educação e Clima, realizado no Instituto de Estudos Avançados da USP, em São Paulo
O professor do Instituto de Biociências da USP, Marcos Buckeridge, fala durante o encontro: “quem vai sofrer os efeitos da emergência climática primeiro são os pobres” © Ludmilla Balduino / Greenpeace
Se existe uma emergência maior do que a climática é a de fazer todo mundo entender a gravidade do assunto. Quanto mais gente consciente, mais unidos estaremos por um planeta justo para todos. Por isso, educação e clima precisam andar de mãos dadas. É com essa preocupação que um grupo de cientistas e ambientalistas reuniu-se na última quarta-feira (18) no Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA – USP), em São Paulo (SP). Foi uma tarde para trocar experiências e pensar juntos sobre propostas para disseminar o conhecimento científico da maneira mais clara possível.
Quem abriu o encontro foi o professor de Ciência Ambiental da USP e membro do conselho diretor do Greenpeace Brasil, Pedro Jacobi. “Eu espero, multiplicando iniciativas como essa, que a gente reduza o peso das fake news, do ceticismo climático, e mostremos que a sociedade – e principalmente os jovens – estão atentos à questão.”
Em seguida, o professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da USP, falou sobre a dificuldade em comunicar o conhecimento científico para quem não está por dentro do assunto: “nós, cientistas, precisamos aprender sobre física, química, biologia, antes de aprender sobre climatologia. Nossas pesquisas são terrivelmente complexas, e por isso, temos dificuldades para comunicar as descobertas para pessoas de culturas e de níveis educacionais diferentes”, diz.
“Conhecimento mais acessível”
Denise Bacci, professora do Instituto de Geociências da USP, mostrou que é preciso aceitar que os processos de aprendizagem não levam a uma solução única, ou a um pensamento unificado. “Estamos pensando em como elaborar uma exposição científica abordando essa temática para que as comunidades compreendam isso, mas sem perder os valores e os conhecimentos particulares de cada comunidade.”
Como exemplo de ação para tornar o conhecimento científico mais acessível, Denise citou a pesquisa que está realizada nas cavernas do Parque Nacional Peruaçu, em Minas Gerais. Ela observou que alterações nos sedimentos nas rochas coincidem com o período da história em que o homem passou a ser o principal ator no processo de mudanças climáticas. Com essa prova visual, fica ainda mais difícil refutar o fato de que estamos vivendo uma emergência climática causada pelo ser humano.
A professora congolesa Armelle Cibaka, do ICLEI – uma rede que integra governos locais comprometidos com projetos sustentáveis de desenvolvimento urbano -, falou sobre a importância de a ciência estar em contato direto com gestores regionais: “o governo precisa entender que é necessário que ele se aproxime da universidade, porque ela tem respostas. A academia também deve entender que a sua pesquisa pode ser ainda mais interessante quando ela consegue ser aplicada a uma realidade que muda a vida das pessoas.”
Rachel Trajber, educadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), mostrou trabalhos realizados em escolas localizadas em áreas de risco de tragédias ambientais, e os resultados positivos na vida dos integrantes das comunidades ligadas ao dia-a-dia daquelas escolas. Em outubro, o Cemaden vai abrir inscrições para projetos de escolas que promovam ações educativas em tempos de mudanças climáticas, com o objetivo de reduzir o risco de desastres.
Ela também defendeu que o termo “antropoceno” (como alguns historiadores definem a época atual, marcada por modificações planetárias causadas pelo ser humano) é injusto, porque nem todas as sociedades humanas são responsáveis pelas alterações ambientais e climáticas do planeta. “Para mim, o termo correto seria ‘capitaloceno’ – são as sociedades mais ricas do mundo que impactam, e não as indígenas e pobres”.
Também estiveram presentes ativistas representantes das organizações Engajamundo, Umapaz, Youth Climate Leaders, Liga das Mulheres pelos Oceanos, Famílias pelo Clima, Plant for the Planet, entre outras. O encontro terminou com Grazielle Garcia, voluntária do Greenpeace Brasil, convidando todo mundo para a Greve Global Pelo Clima, que acontece nesta sexta-feira (20), em várias cidades do planeta, inclusive em todas as regiões do Brasil. Veja onde será a Greve na sua cidade e participe também!

O petróleo da BP atravessa a rota de tartarugas-marinhas

Um vazamento no bloco que a BP quer explorar perto dos Corais da Amazônia irá jogar petróleo no caminho que tartarugas-marinhas fazem. Constatamos e fizemos um mapa para mostrar 
A vida das tartarugas-marinhas não é fácil. Só um em cada mil filhotes nascidos sobrevive até se tornar adulto porque são muitos os predadores naturais. Mas esse é o ciclo da vida e da natureza. E caberia a nós, humanidade, não interferir ou piorar a situação desses animais.
Não é o que acontece na realidade. As tartarugas-marinhas hoje enfrentam várias outras ameaças como o lixo plástico e o petróleo. A região próxima aos Corais da Amazônia, por exemplo, é uma importante rota para animais marinhos como baleias e tartarugas. E, a exploração de óleo ali pode afetar a vida desses animais principalmente pelo risco de um vazamento.
Durante uma expedição do Greenpeace em maio de 2019, além de documentar “tartarugas-bebês” nascendo  e ganhando o mar, cientistas também colocaram rastreadores em tartarugas marinhas que fizeram seus ninhos na Guiana Francesa. Desde então, os cientistas estão acompanhando a rota dessas tartarugas e o resultado final nos deixou aflitos.
A BP planeja explorar petróleo na costa do Amapá, como já falamos tantas vezes. Se na região  de seu bloco acontecer um vazamento, as correntes levarão o petróleo justamente para a rota que as tartarugas seguem. Veja o mapa:
EBSA
Áreas Marinhas de importância ecológica ou biológica (em inglês, Ecologically or Biologically Significant Marine Areas)
Proposta de Santuários
Áreas consideradas prioritárias para a criação de santuários marinhos, segundo estudo do Greenpeace
Impactos da exploração de petróleo
De acordo com Estudo de Impacto Ambiental da BP, esse seria o caminho que o óleo seguiria em caso de um derramamento
Rota das tartarugas
Rota observada em expedição à Guiana Francesa, em maio de 2019, pelo Greenpeace
Corais da Amazônia no Brasil
Grande Sistema Recifal Amazônico, com tamanho estimado de 56.000 km2 no Brasil

Nós não observamos tudo isso para ficar parados. Já temos um compromisso com a defesa dos Corais da Amazônia desde 2017 e, agora estamos indo além. Estamos pressionando os governantes de todo o mundo para que assinem com a ONU o Tratado Global dos Oceanos. O documento irá regulamentar as atividades exploratórias no alto-mar, como a exploração de petróleo. O tratado também vai abrir caminho para que consigamos criar santuários marinhos em pelo menos 30% dos oceanos. O mapa acima mostra onde estariam os santuários perto da região dos Corais da Amazônia.
E você, vai permitir que empresas explorem petróleo e ameacem a vida nada fácil das tartarugas-marinhas, dos Corais da Amazônia? Então entre no abaixo-assinado. E compartilhe com seus amigos. Vamos proteger nossos oceanos.

Queimadas ameaçam espécie de macaco endêmica do MT

por Rosana Villar

As espécies de Titi já são consideradas como criticamente ameaçadas e seus habitats estão entre as áreas que mais queimaram este ano
Exemplar de Plecturocebus grovesi © Diego Silva/Fapesp
As queimadas têm dois efeitos para os animais e plantas da Amazônia: o imediato é a morte direta pela ação do fogo. Já a longo prazo, a alteração drástica sobre os ecossistemas muda a relação das espécies com o ambiente e pode causar até a extinção. É o que pode acontecer com algumas das espécies de macaco mais ameaçadas do Brasil.
O Plecturocebus grovesi, descrito por pesquisadores apenas em 2018, e o Plecturocebus miltoni, descrito pela ciência em 2014, mal foram revelados ao mundo e já são considerados criticamente ameaçados pela International Union for Conservation of Nature’s (IUCN), o último passo antes de ser declarado como extinto na natureza, e as duas espécies habitam uma das regiões que mais queimaram em 2019.
Os dois tipos de primatas fazem parte do grupo conhecido popularmente como zogue-zogue ou titi (sub família Callicebinae), que só existem na América do Sul. Mas, de acordo com José de Sousa e Silva Júnior (Cazuza), pesquisador do Setor de Mastozoologia do Museu Paraense Emílio Goeldi, estudos comprovaram que são espécies totalmente novas e diferentes das demais, tanto no nível genético como morfológico, e seus habitats são bastante concentrados, o que os torna ainda mais sensíveis a interferências na paisagem.
“Além disso, primatas neotropicais são animais quase exclusivamente arborícolas e isso restringe ainda mais as áreas que podem ser ocupadas dentro da área geral. Os animais não podem sobreviver em áreas desprovidas de cobertura florestal”, explica.
Este ano, o número de queimadas na Amazônia foi o maior desde 2010, e no Mato Grosso, uma das regiões mais afetadas foi justamente a parte norte, onde cidades como Colniza e Aripuanã figuram entre os quinze municípios com maior número de focos de calor até agosto. “Ocorre que ambos os interflúvios (locais de encontros de rios onde vivem as espécies) vêm sendo progressivamente submetidos a desmatamentos e, olhando-se o mapa das queimadas recentes na Amazônia, ambos estão na linha de fogo”, afirma o José Silva Jr. (ver mapa abaixo).
Áreas em vermelho indicam concentração de focos de calor (Inpe).
O Mato Grosso está bem no meio do Arco do desmatamento – um grande cinturão de destruição que corta o Brasil ao meio, do Maranhão ao Acre. É ali que a fronteira agrícola avança sobre a floresta, levando a perda permanente de espécies.
A extração de madeira, a monocultura de grãos e a pecuária são os principais responsáveis pela rápida destruição e as mudanças na paisagem. Mas a implantação de obras de infraestrutura, como as hidrelétricas em operação no rio Teles Pires e as planejadas nos rios Aripuanã e Roosevelt, aumenta ainda mais a pressão sobre a diversidade genética das espécies, principalmente sobre aquelas endêmicas, como os Plecturocebus.
O artigo de descrição de P. grovesi incluiu uma projeção de perda de habitat até o ano de 2042 caso as condições de desmatamento se mantivessem nas taxas observadas até o ano passado. O resultado foi uma perda drástica de habitat que só poderia ser revertida se houvesse um programa efetivo de reflorestamento. Sem isso a espécie seria fatalmente extinta”, afirma o pesquisador. “Acontece que esta projeção deixou de ter validade, uma vez que o cenário mudou em 2019, acelerando o processo de perda de habitat. Então a situação de conservação das espécies está pior do que quando foram descobertas”, disse.
Ainda pouco se sabe sobre as novas espécies de titis, mas sua existência já está ameaçada. O mapa abaixo mostra os alertas recentes de desmatamento próximo a região do Plecturocebus miltoni.
Mapa mostra alertas recentes de desmatamento no entorno do habitat da espécie Plecturocebus miltoni.
Pesquisadores estimaram que, em 24 anos, 86% do habitat natural do Plecturocebus grovesi terá sido destruído, caso a ampliação da fronteira agrícola continue no mesmo ritmo. As queimadas na Amazônia, que são usadas para o desmatamento, podem ter consequências trágicas para estes animais.
“Para agravar a situação, todas as três áreas citadas são especialmente ricas em espécies, não só de mamíferos, mas também de todos os outros grupos zoológicos, com muitas espécies endêmicas. Além disso são extremamente mal amostradas, ou seja, ainda não temos uma ideia exata da verdadeira dimensão da diversidade regional”, reforça José Silva Jr.

Oi, eu sou o Titi
Os titis estão agrupadas em três gêneros, com base em suas diferentes distribuições geográficas. O gênero Callicebus são encontrados no leste do Brasil. Os Cheracebus ocorrem nas bacias do rio Orinoco, rio Negro e na bacia Amazônica superior.  Já os macacos do gênero Plecturocebus, habitam o sul da Amazônia e a região do Chaco paraguaio.
As duas novas espécies da família descobertas recentemente são o Plecturocebus grovesi, descrito por pesquisadores em 2018 e encontrado no interflúvio rio Juruena com o rio Teles Pires (MT), próximo de Alta Floresta. O outro é o Plecturocebus miltoni, descoberto em 2014, que habita o interflúvio do rio Roosevelt e rio Aripuanã (MT e AM).
Em 2019, só na área do Plecturocebus miltoni, foram detectados 59 focos de calor, que destruíram o lar desses macacos em um raio de 20 km do local do seu primeiro avistamento, sendo o mais próximo a menos de 2 km (mapa abaixo).
Mapa mostra os focos de calor no entorno do habitat do Plecturocebus Miltoni.
“O ICMBio estará promovendo um workshop para a reavaliação periódica das espécies de primatas ameaçadas de extinção. O evento acontecerá no período de 23 a 27 de setembro em João Pessoa. Estas espécies serão reavaliadas. Elas já estão na categoria mais severa em termos de conservação (Criticamente Ameaçadas). Depois da avaliação, certamente irão integrar a lista vip das mais ameaçadas”, conta o pesquisador José Silva Jr.

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Jornalista do Greenpeace Brasil em Manaus. Adora acampar e o cheiro da floresta depois da chuva. Ama sua filha, dormir, cozinhar e contar histórias, nessa ordem.

Greve Global pelo Clima acontecerá em todas as regiões do Brasil

por Greenpeace Brasil
 elo menos 38 cidades já confirmaram mobilizações, segundo o Fridays For Future (Sextas pelo Futuro)
Voluntários do Greenpeace em Brasília, em manifestação pela Amazônia, dia 23/08/2019 © Felipe Vieira Da Silva
Já é nesta sexta-feira, 20 de setembro, o primeiro dia de grandes mobilizações pelo mundo, a Greve Global pelo Clima, liderada pelo Fridays For Future e com o apoio de diversas organizações, como o Greenpeace. Até o final da próxima semana, 27, 4.685 eventos já foram confirmados em 142 países, em todos os continentes. E aqui no Brasil não será diferente.
Pessoas de todas as partes do mundo se juntarão aos jovens estudantes nas ruas, exigindo justiça climática e ações urgentes para enfrentar a urgência climática e pedir pela proteção da Amazônia. Descubra o local mais próximo de você na programação abaixo e chame seus amigos, conhecidos e familiares. Muuuuita gente vai estar lá pra conversar e trocar ideia sobre como podemos agir para defender o nosso planeta e o nosso futuro.
Confira a programação no Brasil:









ALAGOAS
Maceió | 13:30 | Em frente à prefeitura
AMAZONAS
Manaus | 17:30 | Aula pública “Amazônia e Mudanças Climáticas” | Largo de São Sebastião
AMAPÁ
Macapá | 16:00 | Parque do Forte
BAHIA
Feira de Santana | 15:00 | Pista de Skate – R. Barão de Cotegipe, 964
Salvador | 9:00 | Concentração na Praça 2 de Julho, Largo do Campo Grande | https://www.facebook.com/events/1045156652344376/
Vale do Capão | 8:30 | Escola Brilho do Cristal
CEARÁ
Fortaleza | 07:30 | Ação da Escola Vila na Praça da Igreja Nossa Senhora de Fátima
Fortaleza | 8:00 | Marcha pelo Clima na Praça Luíza Távora – Av. Santos Dumont, 1589 | https://www.facebook.com/events/1108212612701090/
DISTRITO FEDERAL
Brasília | 08:00 | https://www.facebook.com/events/964085870642101/
Brasília | 16:00 | Concentração na plataforma inferior da Rodoviária (escadas do metrô) para em seguida sair em marcha até o Congresso Nacional.
GOIÁS
Goiânia | 9:00 | Parque Flamboyant
MARANHÃO
São Luís | 15:00 | Praça Deodoro
MINAS GERAIS
Belo Horizonte | 17:30 | Igreja Nossa Senhora da Paz, Rua Nilo Aparecido, 341
Uberlândia | 15:00 | Em frente à prefeitura
PARÁ
Belém | 16:00 | Escadinha do Cais do Porto | https://www.facebook.com/events/384605235768002/
PARANÁ
Campo Mourão | 9:00 | Praça são José
Curitiba | 17:30 | Praça Santos Andrade
Maringá | 19:00 | Praça da Catedral, em frente à catedral de Maringá
Ponta Grossa | 12:00 | Calçadão
PERNAMBUCO
Recife | 16:00 | Praça do Derby
PIAUÍ
Teresina | 12:00 | Em frente ao IFPI Central | Praça da Liberdade
RIO DE JANEIRO
Rio de Janeiro | 10:00 | Em frente à ALERJ – R. Primeiro de Março, S/n – Praça XV
Rio de Janeiro | 16:00 | Em frente ao IBAMA – R. Primeiro de Março, S/n – Praça XV | https://www.facebook.com/events/488051532050189/
RIO GRANDE DO NORTE
Mossoró | 15:00 | Praça do PAX | Rua Coronel Gurgel, 191
Natal | 15:00 | Praça Cívica (Praça Pedro Velho)
RIO GRANDE DO SUL
Porto Alegre | 15:00 | Redenção
SÃO PAULO
Bauru | 17:00 | Em frente à Câmara Municipal | https://www.facebook.com/events/483451652508609/
Bertioga | 9:00 | Forte São João Bertioga. Av. Vicente de Carvalho, s/n
Campinas | 16:00 | Largo do Rosário | https://www.facebook.com/events/506501516828721/
Cotia / Granja Viana | 8:00 | Em frente à escola Sidarta, Estrada Fernando Nobre, 1332
Guaratinguetá | 14:00 | EMEIEF Profª Aliete Ferreira Gonçalves, Rua Geraldo Nunes, 304 – bairro São Manoel
Guarujá | 17:00 | Praça Horácio Lafer
Ilhabela | 10:00 | Praça da Mangueira
Limeira | 13:00 | Praça Toledo Barros
Peruíbe | 09:00 | Praia de Peruíbe, Avenida da Praia Peruíbe
Santos | 14:00 | Estação da Cidadania (Av. Ana Costa) | https://www.facebook.com/events/497300227732652/
São Carlos | 15:30 | Praça XV de Novembro | https://www.facebook.com/events/458105461439678/
São João da Boa Vista |10:00 |  Praça José Pires
São Paulo | 16:00 | MASP – Museu de Arte de São Paulo, Av. Paulista, 1578 | https://www.facebook.com/events/2291378324446212/
SANTA CATARINA
Atalanta | 9:00 | Em frente à prefeitura
Florianópolis | 15:00 | Largo da Catedral de Florianópolis | https://www.facebook.com/events/973151036363680/
Jaraguá do Sul | 17:30 | Museu da Paz
SERGIPE
Aracaju | 15:00 | Calçadão da João Pessoa
(Fonte: Fridays for Future Brasil)

Wednesday, September 18, 2019

Junte-se a nós no Dia Mundial da Limpeza

Voluntários em São Luis, no Maranhão, recolheram uma grande quantidade de resíduos no evento do ano passado © Cynthia Carvalho/Greenpeace São Luís
O Dia Mundial da Limpeza, ou World Clean Up Day, em ingles, é o dia em que gente de todas as idades e do mundo todo se reúne para limpar praças, parques, praias, mangues, rios ou ruas. No ano passado 17 milhões de pessoas de 158 países se mobilizaram, seja enfrentando o frio de menos 10 graus Celsius no Canadá ou o calorão de 48 graus no Iran. Aqui no Brasil, nós do Greenpeace apoiamos e participaremos desta iniciativa em várias cidades com nossos voluntários. E queremos que você se junte a nós.
A limpeza de ruas, praças, praias e mangues é uma atividade que apoiamos e fazemos regularmente com os nossos voluntários. Este ano, estaremos juntos em Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Bertioga (SP), Salvador (BA), Macapá (AP) e Manaus (AM).
A participação é a melhor lição que podemos dar, pelo exemplo, de que a responsabilidade de cuidar do lugar em que vivemos é de todos nós, seja o nosso bairro ou o nosso planeta.  O consumismo e a quantidade imensa de resíduos que ele gera tem causado enorme pressão sobre vários ecossistemas, mas nenhum deles tem sofrido tanto quanto os nossos oceanos, com as toneladas diárias de lixo que chegam aos mares, especialmente o plástico.
Este ano, o Dia Mundial de Limpeza acontecerá um dia depois da Greve Global pelo Clima. É mais um dia de conscientização, confraternização e também de ativismo, ao mobilizar as pessoas para que sejam mais responsáveis e cuidadosas, e sinalizar para as empresas e o poder público que precisamos de mais soluções e incentivos que favoreçam o reúso e a reciclagem de produtos e materiais.
Confira abaixo alguns momentos do ano passado:
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Saturday, September 14, 2019

O futuro do Brasil depende da Amazônia em pé

por Greenpeace Brasil

É hora de exigir que as empresas e os mercados assumam – e cumpram – compromissos com a proteção da Amazônia
Floresta queimando registrada durante sobrevoo realizado no início de setembro pelo Greenpeace. © Chico Batata/Greenpeace
Os recentes incêndios na Amazônia revelaram para o mundo que a destruição da floresta segue em ritmo acelerado e também evidenciaram outro fato importante: cada vez mais consumidores estão exigindo produtos livres do desmatamento e estão pedindo para as grandes empresas se adequarem, sob pena de perderem mercado. Pressionadas pelos consumidores, as corporações mundiais precisam parar de associar suas marcas com a destruição da maior floresta tropical do planeta e pedir ao governo brasileiro que pare a destruição da Amazônia.
“A destruição da Amazônia acontece para garantir o lucro de alguns grupos: madeireiros, grileiros e políticos locais e multinacionais de diversos setores, muitas delas com sede em outros países. Não podemos proteger a Amazônia e o clima do mundo se não exigirmos também que estas empresas se posicionem contra o grave aumento da destruição da floresta. Elas devem eliminar produtos que venham dessa destruição da sua cadeia de suprimento”, explica Rômulo Batista, da campanha Amazônia do Greenpeace.
Perto de 2,5 milhões de hectares – incluindo florestas e áreas recém-desmatadas – foram queimados na Amazônia brasileira em agosto, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe). O número de incêndios na Amazônia aumentou em 111% desde o início do mandato do presidente Bolsonaro.
Há muito tempo se sabe que destruir a Amazônia faz mal para a biodiversidade, para o clima e para as populações que dela dependem, mas cada vez mais fica provado que também faz mal para economia brasileira. Cientistas e também iniciativas práticas têm evidenciado que utilizar a biodiversidade de forma sustentável, como já fazem os indígenas há milhares de anos, além de preservá-la em pé é muito mais lucrativo do que derrubá-la para colocar pasto – e ainda há muito o que avançar em termos de conhecimento e uso de todo esse potencial.
É justamente com o propósito de expor as empresas que, de algum modo, lucram com a destruição da Amazônia, que o Greenpeace Internacional iniciou neste mês uma campanha para que gigantes do setor de fast food, como Burger King, McDonald’s e KFC, rejeitem mercadorias – como carne bovina e soja – vinculadas à destruição ambiental da Amazônia e de outras biomas do Brasil. Há nove anos estas empresas adotam políticas de desmatamento zero, mas não cumprem esses compromissos.
“O governo Bolsonaro precisa parar de incentivar a destruição da Amazônia e o ataque às populações indígenas e cumprir o seu dever constitucional que é promover a proteção da Amazônia. As empresas que compram produtos do Brasil devem cobrar dele uma política ambiental que garanta que suas mercadorias não estejam sujas pelas queimadas e cinzas da floresta e nem carreguem em si a dor dos seus povos”, conclui Rômulo.
Países realizam protestos pela proteção da Amazônia
Desde que as queimadas na Amazônia chamaram atenção, muitos protestos aconteceram em diversos países. Ativistas do Greenpeace ao redor do mundo, em locais como Argentina, Chile, Colômbia, Áustria, Espanha, Nova Zelândia, Suécia, Israel e Turquia, também pediram o fim da destruição da floresta.
Empresas já suspenderam compras
É pela pressão dos consumidores que algumas empresas internacionais anunciaram a suspensão de compras de couro do Brasil, segundo o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), associação que representa as empresas produtoras do setor.
O estreito vínculo das queimadas na região Amazônica com o agronegócio foi o motivo alegado para esta suspensão. Tanto a agência espacial estadunidense Nasa, quanto o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) evidenciaram que os incêndios deste ano na Amazônia estão relacionados com a alta do desmatamento na região.
Em seguida, a maior produtora de salmão do mundo, a norueguesa Mowi, também anunciou que poderia interromper as aquisições de soja do Brasil caso o país não reduzisse o desmatamento na Amazônia.
Como em um efeito dominó, a gigante do setor de alimentos, Nestlé, que atua há quase cem anos no Brasil, anunciou que deverá reavaliar as práticas de seus fornecedores na região, especialmente em relação à carne e cacau. A companhia também compra óleo de palma e soja produzidos na Amazônia. Em 2010, a fabricante assumiu compromisso de que seus produtos não estivessem associados ao desmatamento, porém em recente relatório publicado pelo Greenpeace Internacional a multinacional não conseguiu comprovar que nenhuma das suas cadeias produtivas eram de fato livre de desmatamento.
Atualmente cada vez mais consumidores do mundo todo exigem respeito a critérios socioambientais por parte das empresas, independente da posição que elas ocupem na cadeia de produção. Mercados e empresas globais têm responsabilidade sobre os produtos que compram e não podem aceitar ter seus produtos associados a esse tipo de atividade destruidora. Por isso, devemos cobrar que as empresas se posicionem em defesa da Amazônia.