Governo Temer repete orçamento do ano passado e interrompe crescimento de crédito para produção familiar
Pouco mais de um ano após a extinção do Ministério do Desenvolvimento Agrário pelo governo Temer, pasta voltada para os
direitos da agricultura familiar e para a promoção de modelos mais
sustentáveis de produção, foi anunciado ontem (31) o Plano Safra da
Agricultura Familiar 2017/2018. O valor de crédito a ser liberado aos
pequenos trabalhadores rurais é de R$ 30 bilhões, a mesma quantia do ano
passado, o que interrompe um crescimento sucessivo neste orçamento
desde 2013.
Os juros das linhas de crédito variam entre 2,5% e
5,5% ao ano, sendo a taxa mais baixa voltada para a produção de
alimentos orgânicos. O plano também contempla um seguro-agrícola com
proteção de 80% da renda bruta esperada.
“A agricultura familiar é a verdadeira responsável
pela produção de alimentos no país. Incentivar esses produtores, que já
adotam sistemas mais sustentáveis de produção, é fundamental”, defende
Marina Lacorte, da campanha de Agricultura e Alimentação do Greenpeace.
“Porém, é tudo que o governo não vem fazendo. No ano passado, a
diferença de investimento entre a agricultura convencional e a
agroecológica foi de 75%. Independente de quem seja presidente, o
governo federal é um dos principais responsáveis pela expansão desse
modelo que aplica veneno em nossa comida”.
“Se hoje o agronegócio é tão importante para a
economia brasileira, como gostam de afirmar os ruralistas, isto se deve
aos enormes incentivos que vem recebendo ao longo de anos, tanto da
esfera pública quanto da privada”, acrescenta Lacorte.
Durante o discurso de lançamento do Plano Safra
ontem, o presidente Michel Temer pediu celeridade na aprovação da Medida
Provisória 759/2016, conhecida como a MP da Grilagem,
que transfere terras da União a especuladores fundiários e anistia
grileiros, gerando mais desmatamento e violência. Na mesma noite, o Senado Federal aprovou o texto, que agora segue para sanção do presidente.
A dobradinha Bancada Ruralista e Michel Temer é
responsável por um pacote de medidas conservadoras que acabam com os
direitos e o meio ambiente. A redução de áreas protegidas de floresta já
foi aprovada, assim como a MP da Grilagem. Mas outras propostas iguais
ou piores vêm aí, como a flexibilização do Licenciamento Ambiental,
liberação do uso de novos agrotóxicos, venda de terra para estrangeiros,
enfraquecimento das leis que regulam a atividade mineradora, o fim da
demarcação de Terras Indígenas, entre outros.
“A atual meta do governo parece ser garantir a maior
quantidade de estragos possíveis para a sociedade brasileira enquanto se
mantém no poder. Conforme temos visto todos os dias, o que está ruim
sempre pode piorar”, conclui Lacorte.
Fique ligado nos canais do Greenpeace e no movimento #Resista para nos ajudar a combater todos esses retrocessos.
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