Tuesday, June 3, 2014

Enquanto São Paulo seca

Greenpeace pede ao governador Geraldo Alckmin melhor gestão dos recursos hídricos e implementação da Política Estadual das Mudanças Climáticas


Greenpeace foi ao Palácio dos Bandeirantes para pedir ao governador melhor gestão dos recursos hídricos (©Otávio Almeida/Greenpeace)

A torneira gigante do Greenpeace fez uma outra parada em São Paulo hoje: o Palácio dos Bandeirantes. Depois de ter passado pela Praça da Sé e pela Avenida Paulista, a torneira foi até o Morumbi para que o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, pudesse receber sua caneca de banho – visto que a previsão é de que o sistema Cantareira entre em colapso entre agosto e outubro de 2014 – e uma carta que exige o comprometimento do governo do Estado com uma melhor gestão dos recursos hídricos associada às mudanças climáticas.
O documento entregue à Alckmin expõe a gravidade do cenário de escassez de água que atinge o Estado desde o começo do ano, o mais próximo que São Paulo viveu da situação atual ocorreu há dez anos. Da última grande crise para cá, pouco foi feito para melhorar a situação. “A crise é seríssima e, até agora, a única atitude tomada foi a de usar o volume ‘morto’ do sistema Cantareira. Trata-se de uma medida paliativa e que não tem estudos aprofundados que subsidiassem a sua adoção ”, disse Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas.
Os banners com a mensagem “Alckmin: pare de secar São Paulo” reforçaram o pedido ao governador para que combata o desperdício, reduza os índices de perda, promova a eficiência do uso dos recursos hídricos e recupere e proteja florestas e matas ciliares no entorno das represas, criando áreas protegidas. Para dimensionar a má gestão paulista basta o exemplo do baixíssimo total de florestas protegidas em dois dos principais mananciais de São Paulo: 3% na bacia da Guarapiranga e 2% na da Billings.
Além de todos esses problemas, eventos climáticos extremos, decorrentes  das mudanças climáticas,  colocam um novo desafio na gestão dos recursos naturais. Os altos e baixos no padrão do regime de chuvas serão cada vez mais frequentes e intensos e precisam ser levados em consideração no planejamento e gestão pública e privada. “Não dá para esperar que as chuvas resolverão a escassez de água. Se nada for feito para se adaptar a nova realidade que o regime climático impõe, as crises com certeza se repetirão”, continuou Leitão.

 É nesse sentido que o Greenpeace também pede que a Política Estadual de Mudanças do Clima (PEMC), criada em 2009, saia do papel e seja transformada em realidade. A Política tem como uma de suas diretrizes a necessidade de implementar ações de prevenção e adaptação às alterações produzidas pelos impactos das mudanças climáticas e após quase cinco anos da sua criação, ela continua na gaveta.
A inação de agora vai cobrar um preço cada vez maior à medida que os anos passem. As mudanças climáticas já são uma realidade e seus efeitos são sentidos em diversas partes do planeta, intensificando problemas preexistentes e afetando negativamente todos, principalmente as populações que já são mais vulneráveis. “Precisamos de políticas e metas ambiciosas voltadas à redução de gases do efeito estufa. Além disso, medidas de adaptação devem ser planejadas e implementadas imediatamente, a fim de evitar a exposição a eventos climáticos extremos”, concluiu o diretor.

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