Greenpeace pede ao governador Geraldo Alckmin melhor gestão dos recursos
hídricos e implementação da Política Estadual das Mudanças Climáticas
Greenpeace foi ao Palácio dos Bandeirantes para pedir ao governador
melhor gestão dos recursos hídricos (©Otávio Almeida/Greenpeace)
A torneira gigante do Greenpeace fez uma outra parada em São Paulo
hoje: o Palácio dos Bandeirantes. Depois de ter passado pela Praça da Sé
e pela Avenida Paulista, a torneira foi até o Morumbi para que o
governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, pudesse receber sua
caneca de banho – visto que a previsão é de que o sistema Cantareira
entre em colapso entre agosto e outubro de 2014 – e uma carta que exige o
comprometimento do governo do Estado com uma melhor gestão dos recursos
hídricos associada às mudanças climáticas.
O documento entregue à Alckmin expõe a gravidade do cenário de
escassez de água que atinge o Estado desde o começo do ano, o mais
próximo que São Paulo viveu da situação atual ocorreu há dez anos. Da
última grande crise para cá, pouco foi feito para melhorar a situação.
“A crise é seríssima e, até agora, a única atitude tomada foi a de usar o
volume ‘morto’ do sistema Cantareira. Trata-se de uma medida paliativa e
que não tem estudos aprofundados que subsidiassem a sua adoção ”, disse
Sérgio Leitão, diretor de Políticas Públicas.
Os banners com a mensagem “Alckmin: pare de secar São Paulo”
reforçaram o pedido ao governador para que combata o desperdício, reduza
os índices de perda, promova a eficiência do uso dos recursos hídricos e
recupere e proteja florestas e matas ciliares no entorno das represas,
criando áreas protegidas. Para dimensionar a má gestão paulista basta o
exemplo do baixíssimo total de florestas protegidas em dois dos
principais mananciais de São Paulo: 3% na bacia da Guarapiranga e 2% na
da Billings.
Além de todos esses problemas, eventos climáticos extremos,
decorrentes das mudanças climáticas, colocam um novo desafio na gestão
dos recursos naturais. Os altos e baixos no padrão do regime de chuvas
serão cada vez mais frequentes e intensos e precisam ser levados em
consideração no planejamento e gestão pública e privada. “Não dá para
esperar que as chuvas resolverão a escassez de água. Se nada for feito
para se adaptar a nova realidade que o regime climático impõe, as crises
com certeza se repetirão”, continuou Leitão.
É nesse sentido que o Greenpeace também pede que a Política Estadual
de Mudanças do Clima (PEMC), criada em 2009, saia do papel e seja
transformada em realidade. A Política tem como uma de suas diretrizes a
necessidade de implementar ações de prevenção e adaptação às alterações
produzidas pelos impactos das mudanças climáticas e após quase cinco
anos da sua criação, ela continua na gaveta.
A inação de agora vai cobrar um preço cada vez maior à medida que os
anos passem. As mudanças climáticas já são uma realidade e seus efeitos
são sentidos em diversas partes do planeta, intensificando problemas
preexistentes e afetando negativamente todos, principalmente as
populações que já são mais vulneráveis. “Precisamos de políticas e metas
ambiciosas voltadas à redução de gases do efeito estufa. Além disso,
medidas de adaptação devem ser planejadas e implementadas imediatamente,
a fim de evitar a exposição a eventos climáticos extremos”, concluiu o
diretor.
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