Friday, June 13, 2014

Adeus à garantia Hermes

Alemanha põe fim às garantias de crédito para energia nuclear devido aos riscos relacionados à fonte e dá sinais de que preza por segurança nacional e internacional


Ativistas do Greenpeace estendem banners na frente da rampa do Palácio do Planalto, para pedir à presidenta Dilma Rousseff que suspenda os investimentos em energia nuclear. (©Felipe Barra/Greenpeace)

A Alemanha decidiu parar de emitir garantias de crédito – conhecidas como garantia Hermes - para as exportações de equipamentos utilizados na geração de energia nuclear. A declaração veio do ministro da Economia, Sigmar Gabriel, que afirmou ontem que “a Alemanha abandonou a energia nuclear devido aos riscos significativos e incontroláveis que apresenta. Estes riscos existem em outros países e, portanto, é lógico pararmos de promover usinas nucleares em outros países.”
Basicamente, as garantias ofereciam segurança para os exportadores e os bancos que negociavam nos mercados emergentes, como o Brasil, onde havia risco de não pagamento. “O governo alemão dá provas de que preza pela segurança nacional e internacional ao por fim definitivo à garantia Hermes”, disse Barbara Rubim, coordenadora da campanha de Clima e Energia.
Parceiros atômicos desde a década de 1970, Brasil e Alemanha acordaram um valor equivalente a 41,4% do custo da usina de Angra 3, cujo financiamento viria de uma associação de bancos europeus justamente com garantia de empréstimo dada pela Hermes, agência estatal de crédito alemã.
No entanto, em 2012, o governo alemão prorrogou a decisão sobre o empréstimo alegando que o estudo de segurança da usina era insuficiente e incompleto. E quando desistiu do acordo, em 2013, a Eletrobras assinou um contrato de financiamento com a Caixa Econômica Federal no valor de R$3,8 bilhões, investindo em energia perigosa quando poderia utilizá-lo para a construção de casas próprias e programas de saneamento básico da Caixa. A tecnologia utilizada em Angra 3 não apenas não é segura, como também defasada uma vez que projeto da usina foi concluído há quatro décadas e não passou por atualização.
Após essa clara sinalização de que a energia nuclear traz riscos imprevisíveis e incontroláveis, torna-se óbvio que os planos brasileiros de expandir ainda mais a participação nuclear em sua matriz, como alardeado em recentes declarações do governo brasileiro, são levianos e incompatíveis com a tendência internacional de abandonar essa fonte e investir em novas renováveis.
Segundo Rubim, “em um país com potenciais extraordinários para energia solar, e no qual a energia eólica já possui preços absolutamente competitivos - chegando a ter contratação recorde em 2013, não há justificativa para um planejamento que insista na expansão de térmicas e nucleares.”

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