Alemanha põe fim às garantias de crédito para energia nuclear devido aos
riscos relacionados à fonte e dá sinais de que preza por segurança
nacional e internacional
Ativistas do Greenpeace estendem banners na frente da rampa do Palácio
do Planalto, para pedir à presidenta Dilma Rousseff que suspenda os
investimentos em energia nuclear. (©Felipe Barra/Greenpeace)
A Alemanha decidiu parar de emitir garantias de crédito – conhecidas
como garantia Hermes - para as exportações de equipamentos utilizados na
geração de energia nuclear. A declaração veio do ministro da Economia,
Sigmar Gabriel, que afirmou ontem que “a Alemanha abandonou a energia
nuclear devido aos riscos significativos e incontroláveis que apresenta.
Estes riscos existem em outros países e, portanto, é lógico pararmos de
promover usinas nucleares em outros países.”
Basicamente, as garantias ofereciam segurança para os exportadores e
os bancos que negociavam nos mercados emergentes, como o Brasil, onde
havia risco de não pagamento. “O governo alemão dá provas de que preza
pela segurança nacional e internacional ao por fim definitivo à garantia
Hermes”, disse Barbara Rubim, coordenadora da campanha de Clima e
Energia.
Parceiros atômicos desde a década de 1970, Brasil e Alemanha
acordaram um valor equivalente a 41,4% do custo da usina de Angra 3,
cujo financiamento viria de uma associação de bancos europeus justamente
com garantia de empréstimo dada pela Hermes, agência estatal de crédito
alemã.
No entanto, em 2012, o governo alemão prorrogou a decisão sobre o empréstimo alegando que o estudo de segurança da usina era insuficiente e incompleto. E quando desistiu do acordo, em 2013, a
Eletrobras assinou um contrato de financiamento com a Caixa Econômica
Federal no valor de R$3,8 bilhões, investindo em energia perigosa quando
poderia utilizá-lo para a construção de casas próprias e programas de
saneamento básico da Caixa. A tecnologia utilizada em Angra 3 não apenas
não é segura, como também defasada uma vez que projeto da usina foi
concluído há quatro décadas e não passou por atualização.
Após essa clara sinalização de que a energia nuclear traz riscos
imprevisíveis e incontroláveis, torna-se óbvio que os planos brasileiros
de expandir ainda mais a participação nuclear em sua matriz, como
alardeado em recentes declarações do governo brasileiro, são levianos e
incompatíveis com a tendência internacional de abandonar essa fonte e
investir em novas renováveis.
Segundo Rubim, “em um país com potenciais extraordinários para
energia solar, e no qual a energia eólica já possui preços absolutamente
competitivos - chegando a ter contratação recorde em 2013, não há
justificativa para um planejamento que insista na expansão de térmicas e
nucleares.”
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