Davi Martins, da campanha de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil
Cansada da falta de ação dos líderes mundiais, sociedade civil se une e faz um plano para evitar que ultrapassemos o aumento de 1,5 °C
Junto com mais de 120 organizações da sociedade civil
, o Greenpeace assinou o Acordo de Glasgow, que reconhece que não podemos mais esperar a ação de governos para nos salvar e, por conta disso, seria importante formar uma aliança global por justiça climática. A intenção é exigir que governos e organizações internacionais assumam seus papéis para conter a crise climática e reconheçam as exigências e os direitos das pessoas mais atingidas.
O acordo também reconhece a necessidade de segmentar a redução das emissões de gases de efeito estufa considerando as características de cada região e respeitando as realidades locais. Este acordo não substitui o Acordo de Paris, mas tem o objetivo de complementá-lo, uma vez que os líderes mundiais estão falhando em agir para garantir que não ultrapassemos a marca do aumento 1,5 °C da temperatura do planeta até 2100.
Em novembro deste ano, teremos a Conferência das Partes, COP26, e o posicionamento da sociedade civil será decisivo para deixar claro que os governos não podem mais colocar o lucro acima da vida, que os investimentos precisam chegar a quem mais precisa e que nossas florestas precisam ser protegidas.
E como tudo isso se conecta com o nosso cotidiano? As pessoas já estão tendo o rumo de suas vidas alteradas
por secas intensas, aumento da frequência e da intensidade de chuvas – o que faz com que muita gente perca a própria casa, que seja potencializado o risco para quem já vive em situação de insegurança alimentar, entre tantos outros impactos que já fazem dos eventos extremos uma realidade. E quem paga o maior preço? Os mais vulneráveis, ou seja, aqueles que já vivem sem saneamento básico, com menos recursos financeiros e sem acesso a direitos básicos para uma vida digna.
Infelizmente, este é um cenário que se torna ainda mais grave por conta de duas outras crises, a crise de saúde e econômica. Todas elas, juntas, estão assolando vidas e escancarando os muros de uma sociedade desigual. As pessoas que deixam de dormir pelo medo de perderem a própria casa após a próxima tempestade são as mesmas que temem o dia seguinte em tempos de pandemia, pois são obrigadas a sair de casa e pegar o ônibus lotado para garantir a sobrevivência da família simplesmente porque não têm outra escolha e nem amparo do poder público.
Os problemas estruturais da nossa sociedade estão cada vez mais expostos. A crise climática e a crise de saúde são consequências de um sistema insustentável apartado do meio ambiente e socialmente excludente, com um sistema econômico que depende das desigualdades para existir e se retroalimenta delas.
Como preparação para a COP26, no dia 19 de março, quando acontece a Greve Global pelo Clima, estaremos ao lado de jovens ativistas de todo o Brasil para cobrar o governo pela falta de ação política para frear o aquecimento global e também por fracassar no combate à pandemia de Covid-19, que já tirou a vida de mais de 261 mil pessoas no país. Precisamos expor este sistema perverso que desencadeia graves consequências por conta da desigualdade, e exigir a transição para um novo sistema que se baseie no respeito à natureza e na justiça social.
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