Friday, March 12, 2021

10 anos de Fukushima: lições não aprendidas

Greenpeace Brasil  

10 anos após o desastre nuclear de Fukushima, no Japão, o Brasil caminha na contramão ao voltar a apostar em usinas nucleares

Na véspera do 25º aniversário do desastre nuclear de Chernobyl, em 2011, ativistas do Greenpeace simularam um acidente nuclear em frente ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES. Eles pediam ao banco que parasse de financiar Angra III. © Ivo Gonzalez / Greenpeace

Em 2011, quatro dos seis reatores da usina nuclear de Fukushima derreteram após um terremoto e um tsunami. Até hoje a região convive com os impactos do desastre, enquanto o governo japonês e a empresa de energia Tepco parecem incapazes de lidar com o problema. Novo relatório do Greenpeace Japão denuncia que 85% da Área de Descontaminação Especial permaneceu contaminada.  

Fukushima e Chernobyl são duas das maiores provas dos riscos da energia nuclear e das consequências de um acidente. Além da contaminação de pessoas e do meio ambiente, há sérios impactos sociais e econômicos. Ainda assim, aqui, no Brasil, a ameaça nuclear segue com Angra 3 e aumenta com os planos de construção de novas usinas nucleares e mineração de urânio.  

Para além dos riscos já mencionados, Angra 3 também terá impacto no bolso do consumidor. As estimativas são de que o custo para finalizar a usina pode chegar a R$17 bilhões. O preço da energia elétrica da usina será de R$ 480/MWh, muito maior do que o custo das fontes solar e eólica, fontes renováveis – a nuclear não o é – e verdadeiramente limpas. Basicamente, o consumidor pagará mais caro por uma fonte de energia que carrega enormes riscos. 

Vale lembrar que, de acordo com estudo publicado

em abril de 2015, entre 1946 e 2013 foram 174 acidentes e incidentes em usinas nucleares em todo o mundo. Mais assustador: existe 50% de chance de um novo acidente como o de Chernobyl nos próximos 27 anos e um como o de Fukushima nos próximos 50.

E não para por aí. Enquanto boa parte do mundo abandona a energia nuclear – por exemplo, a Alemanha começou a descomissionar suas usinas nucleares e seu objetivo é abandonar totalmente a fonte em 2022, e a China se tornou o país que mais investe em fontes como a solar -, o governo quer construir usinas nucleares pelo Brasil, no rio São Francisco, e em especial em Pernambuco, onde também quer realizar mineração de urânio. Os impactos da mineração são bastante conhecidos em Caetité, na Bahia

“Sabemos que o mundo vive uma Crise Climática e que precisamos acelerar a transição para uma matriz energética renovável e verdadeiramente limpa. Essa crise afeta principalmente as pessoas em situações de maior vulnerabilidade, justamente as que menos contribuem para as mudanças climáticas. Mas não podemos apostar nessas falsas soluções que colocam a vida em risco e são desnecessárias. O investimento nas fontes solar e eólica, com menores custos para o consumidor, pode inclusive ajudar o Brasil no momento em que precisamos de uma recuperação econômica justa e que preserve o meio ambiente”, afirma Thiago Almeida, da campanha de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil.

Depois de exemplos como o de Fukushima e todas as suas vítimas, não podemos permitir que o país siga caminhando na contramão e apostando na energia nuclear. Outros caminhos, como as fontes eólica e solar, já são uma realidade melhor, mais segura e mais barata. Informe-se e cobre nossos governantes por ações de combate às mudanças climáticas, como a transição para uma matriz energética limpa e renovável.

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