A Terra Indígena Karipuna foi homologada em 1998, mas é um dos principais alvos dos invasores e grileiros que atuam em Rondônia.
Um dos focos da operação foi a grilagem (apropriação ilegal de terras), o loteamento e a comercialização – também criminosos – de áreas no interior da Terra Indígena (TI) Karipuna, que é de propriedade da União. Segundo a PF, uma associação de produtores e uma empresa de georreferenciamento estavam sendo utilizadas por um grupo de grileiros e invasores com a falsa promessa de garantir a regularização de lotes dentro da TI Karipuna a possíveis compradores.
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Mapa
da TI Karipuna apreendido na empresa de georreferenciamento mostra o
loteamento da área que pretendiam vender. © Divulgação Polícia Federal
“Diante da enorme dimensão do crime ambiental organizado” na Amazônia, operações como a deflagrada hoje devem estar na ordem do dia do governo. Do contrário, continuaremos a conviver com a crescente pilhagem das unidades de conservação e terras indígenas, não só em Rondônia, mas em toda a Amazônia”, avalia Danicley de Aguiar, da Campanha Amazônia do Greenpeace.
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Toras apreendidas no distrito de União Bandeirante durante a Operação SOS Karipuna. © Divulgação Polícia Federal
Múltiplos crimes
No total, mais de 50 mandados de prisão temporária, prisão preventiva e de busca e apreensão foram expedidos, além de mais de 20 medidas como quebras de sigilo bancário, suspensão das atividades e lacração de estabelecimentos, e o sequestro de mais de R$ 46 milhões de bens dos investigados. Estes poderão responder por crimes de estelionato, incitação ao crime, invasão de terras da União, desmatamento ilegal, constituição e participação em organização criminosa, furto ilegal de madeira, estelionato, receptação, falsificação e uso de documento falso, diversos crimes ambientais, lavagem de dinheiro, crimes contra a ordem tributária, com penas que variam de 21 a 60 anos de prisão.“O povo Karipuna tem sofrido muito com as invasões do seu território sagrado e a destruição da floresta, para além das ameaças que recebem dos invasores. Eles é que protegem a terra, não podem sofrer retaliações por isso. A Funai, a Polícia Federal, o Exército e os outros órgãos precisam cumprir a determinação do juiz federal e proteger este território. Cada árvore derrubada é um pouco do próprio sangue do povo Karipuna que é derramado”, lamenta Volmir Bavaresco, coordenador do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Regional Rondônia.
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Caminhão e trator flagrados dentro da TI Karipuna durante sobrevoo realizado em fevereiro de 2019. © Chico Batata/Greenpeace
Segundo o MPF, a perspectiva é de replicar o modelo de atuação da Ação SOS Karipuna na defesa das demais áreas protegidas do estado de Rondônia, como é o caso da TI Uru Eu Wau Wau, que sofrem constantemente com exploração ilícita e grilagem por organizações criminosas.
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