Um novo semestre começou e você não pode perder a oportunidade de levar a defesa do meio ambiente para as futuras gerações em sala de aula Um bairro afastado do centro de Manaus, onde os jovens buscam revitalizar um igarapé que foi canalizado e aterrado, e que hoje se tornou uma lixeira a céu aberto na região. Uma escola em Guaíba, no Rio Grande do Sul, em conflito com um empresa de celulose local que afeta a saúde dos moradores com a emissão de gases poluentes. Como agir nessas regiões para que a população local possa defender seus interesses e garantir melhores condições de vida a partir da preservação ambiental?
Nossos voluntários e voluntárias têm a resposta!
O Projeto Escola, iniciativa do grupo de voluntários do Greenpeace ao redor do Brasil, busca ampliar a importância de uma nova consciência ambiental para as futuras gerações. Para isso, levamos a discussão de temas como aquecimento global, desmatamento na Amazônia, importância da reciclagem e do consumo consciente para dentro das salas de aula e comunidades do país.

ALÉM DOS MUROS DA ESCOLA

“As sementes foram plantadas. Talvez nem todas germinem, mas com certeza dali sairão crianças, jovens e adultos mais conscientes”. A frase da facilitadora do Greenpeace em Manaus Paola Guidobono resume os objetivos do Projeto Escola. Ela participou, junto a outros voluntários, de uma atividade realizada na Colônia Antônio Aleixo, bairro com altos índices de violência e que sofre historicamente com o descaso do poder público.
“O bairro foi criado para receber pessoas com Hanseníase e, durante 30 anos, foi apelidado de ‘leprosário’. Hoje é um bairro esquecido da cidade, com pobreza visível, tráfico de drogas e onde vivem 70% das crianças que se encontram em situação de risco em Manaus”, conta Paola.
As crianças participaram ativamente das atividades na Colônia Antônio Aleixo. (Foto: Reprodução)
O convite surgiu a partir do grupo Desbravadores, que reúne jovens e crianças de uma Igreja Batista local. O objetivo era revitalizar um igarapé aterrado que, com a construção de moradias ao longo dos anos, propiciou a formação de uma lixeira a céu aberto. A princípio, a ideia era apenas de realizar o plantio de mudas na área do igarapé para frear a formação das lixeiras.
Porém, ao chegarem no local, os voluntários e voluntárias perceberam a possibilidade de levar o Projeto Escola para a região, com informações e atividades sobre a campanha Desmatamento Zero e outras ameaças para o meio ambiente. “Inúmeras crianças da comunidade foram prestigiar, algumas tímidas, mas todas curiosas em saber o que é o Greenpeace. Teve lama nos pés, tinta nas mãos, muitas camisetas pintadas. A comunidade nos recebeu com muito carinho”, explica Paola sobre a atividade.
Grupo de voluntários junto com as crianças e moradores que participaram da atividade na Colônia Antônio Aleixo. (Foto: Reprodução)
O Greenpeace somou com os moradores no plantio de mudas para revitalizar o igarapé de seu bairro. (Foto: Reprodução)

ATIVISMO DIÁRIO

Paola tomou conhecimento do trabalho realizado pelo Greenpeace aos 11 anos, quando ganhou um moletom da organização. O tempo passou e aquela ideia de ajudar a construir um futuro mais verde nunca saiu da cabeça. “Um dia, já morando em Manaus, eu passei pelo escritório e a lembrança deste desejo me veio à cabeça. Fiz meu cadastro no Greenwire (plataforma de mobilização do Greenpeace) e passei a curtir a página de Manaus. Fiquei sabendo da seleção de voluntários e compareci. Hoje, sou voluntária ativa e facilitadora”.
Mas nem tudo aconteceu da forma que Paola esperava e foi aos poucos que ela compreendeu a importância do trabalho de base realizado pelos voluntários. “Como eu romantizava o Greenpeace inicialmente eu fiquei um pouco perdida, imaginava atividades mais arriscadas, e o trabalho de ‘formiguinha’ não fazia sentido na minha cabeça. Conforme as atividades foram passando eu me dei conta da real importância que é estar no meio da sociedade, em interação com a população e as crianças, que sempre nos surpreendem com interesse sobre as campanhas, perguntas inteligentíssimas e suas preocupações”, conta a voluntária sobre o início de sua participação no Greenpeace.
Tenda do Greenpeace durante as atividades realizadas na Colônia Antônio Aleixo, em Manaus. (Foto: Reprodução)
Depois das primeiras experiências, Paola não parou mais. Hoje, seu marido também é voluntário e os filhos do casal acompanham as atividades realizadas por eles. Essa consciência que tenta passar aos filhos é também o que Paola observa de mais relevante nas atividades do Projeto Escola. “Recebemos o retorno de alunos e professores, que enviam fotos mostrando a criação de hortas e lixeiras seletivas na escola, confeccionadas pelos próprios alunos. Essa é a maior prova de impacto que poderíamos ter. A mudança de pensamento, julgamento e atitude.”

NAS ESCOLAS, NAS UNIVERSIDADES

No outro extremo do país, Valdeci de Souza organiza o Grupo de Trabalho do Projeto Escola com os voluntários do Greenpeace em Porto Alegre. “Quando entrei para o Greenpeace em 2011, o GT Escola do grupo estava meio paralisado e, percebendo a importância da conscientização ambiental em sala de aula, resolvi tomar para mim a responsabilidade de ativá-lo.”
O voluntário do Greenpeace, Valdeci de Souza, em palestra no RS. (Foto: Reprodução).
Ele se tornou voluntário inspirado pelo filho, que já participava de ações da organização desde 2008. Desde então, não parou mais de levar discussões e atividades visando a construção de um futuro mais verde para os mais variados espaços e públicos. “Tenho realizado palestras em instituições de ensino, empresas, cursos profissionalizantes, hospitais e onde nos chamarem. Aqui em Porto Alegre conseguimos fazer mais de 250 palestras, atendendo a um público de mais de 17 mil pessoas nos últimos seis anos.”
Uma dessas atividades recentes aconteceu em Guaíba, na região metropolitana de Porto Alegre. O convite veio através da professora Maria Eunice, da Escola Estadual de Ensino Fundamental Itororó, e foi logo aceito por Valdeci. Os voluntários de Porto Alegre já realizavam um trabalho junto à comunidade local, que se encontra em conflito com uma empresa de celulose na região por conta da alta emissão de gases poluentes que prejudicam à saúde da população na cidade.
Diante dos problemas locais, as atividades realizadas focaram nos impactos das mudanças climáticas, como nos conta Valdeci em seu relato sobre a ação. “Fizemos uma palestra sobre ‘Os Desafios das Mudanças Climáticas’, com exibição de vídeos e um debate bastante interessante sobre várias questões, trazendo também o conteúdo das campanhas do Greenpeace. Participaram da palestra 60 alunos e 8 professores que irão multiplicar estes temas com os demais estudantes da instituição que não estiveram presentes.”
Todas as perguntas enviadas pelos alunos da escola foram respondidas pelos voluntários do Greenpeace. (Foto: Reprodução)
Ao final do dia, os alunos elaboraram 57 perguntas por escritos, todas respondidas por Valdeci e os voluntários, e enviadas de volta para a escola para serem entregues aos jovens. “As maiores dúvidas eram sobre as atividades do Greenpeace no Brasil e no mundo, o trabalho dos voluntários e questões como desmatamento na Amazônia, mau trato aos animais e como eles podiam ajudar a reverter o processo do aquecimento global”.
Mas não são apenas as crianças que podem receber as atividades do Projeto Escola. Valdeci conta que recentemente o grupo de Porto Alegre realizou uma palestra no Campus Canoas do Instituto Federal do RS. Com os jovens universitários, as dúvidas que apareceram foram outras. “A grande questão dos alunos era: como ter ‘desenvolvimento sustentável’ num mundo capitalista selvagem que valoriza o dinheiro e o progresso a qualquer custo?”.
Públicos diferentes exigem abordagens diferentes. “Nas universidades, eles são mais contestadores, mas é difícil mudar seus conceitos e paradigmas. Alguns não aceitaram meus argumentos e rebateram minhas respostas com outras perguntas. Foram debates acalorados e, por vezes, foi preciso a intervenção dos professores.”
Palestra realizada com jovens universitários no Campus Canoas do Instituto Federal do RS. (Foto: Reprodução)
Atividade realizada com as crianças da Escola Estadual de Ensino Fundamental Itororó, em Guaíba. (Foto: Reprodução)
A partir das inúmeras palestras realizadas pelo grupo de voluntários na região Sul do país, Valdeci propõe uma reflexão em cima do que observou dentro dos locais em que realizou as ações do Projeto Escola. “Por incrível que pareça, os alunos dos anos iniciais do ensino fundamental estão mais preocupados com estas questões que os alunos do ensino médio, por exemplo. E alunos do ensino público também são mais conscientes sobre temas ambientais que alunos do ensino particular. Interessante isso, não?”

E NÃO PARA POR AÍ…

Independente da idade, da região do país ou das condições sociais dos jovens, Valdeci resume a importância do Projeto Escola na vida das pessoas que participaram das atividades. “Eu acredito que esta geração é mais consciente nas questões ambientais que a minha, por exemplo. Eles estão mais interessados em discutir estas questões. O Projeto Escola tem este propósito: incutir no jovem este compromisso com a construção de um mundo mais sustentável e um lugar legal de se viver. Se o futuro é deles, nada mais natural do que convocá-los a se juntarem a nós e serem, eles também, protagonistas dessas mudanças”.
Atividade de pintura durante a ação do Projeto Escola em Manaus. (Foto: Reprodução)
A realização de atividades e palestras como as de Valdeci em Porto Alegre, e de Paola em Manaus, podem ser replicadas em todas as regiões do país. O Projeto Escola já está presente em 15 cidades do Brasil e, tornando-se um voluntário do Greenpeace através da plataforma Greenwire, você também pode montar um grupo de ativistas na sua região.
Para levar o Greenpeace para a sua instituição, é muito fácil! Professores, diretores, gestores ou quaisquer interessados podem preencher o formulário neste link.

Você também pode fazer a diferença na sua escola, empresa ou na comunidade local. Saiba mais sobe o Projeto Escola!