No documento “Cumplicidade na Destruição: como consumidores e financiadores do (hemisfério) Norte sustentam o ataque à Amazônia brasileira e seus povos” a ONG mostra as cadeias comerciais que beneficiam seis políticos membros da bancada ruralista: Nelson Marquezelli, Alfredo Kaefer, Adilton Sachetti, Jorge Amanajás, Sidney Rosa e Dilceu Sperafico. Todos, com exceção de Sperafico, tentam a reeleição este ano.
Os seis foram escolhidos por seu histórico de corrupção e retrocessos no campo dos direitos trabalhistas, indígenas e ambientais, além de suas ligações com grandes empresas americanas e europeias. São fieis defensores das políticas ruralistas que promovem o desmatamento da Amazônia, reduzem as proteções ambientais e minam os direitos dos povos indígenas do Brasil, beneficiando, ao mesmo tempo, seus próprios negócios.
Adilton Sachetti, deputado e candidato a senador pelo Mato Grosso, por exemplo, se moveu para retirar direitos indígenas de acesso à terra da Constituição, enquanto sua produção de soja e algodão depende de laços estreitos com a família do “rei da soja” Blairo Maggi, que se tornou ministro da Agricultura. Outro exemplo é o paulista produtor de laranjas Nelson Marquezelli que, por sua vez, pressionou para reduzir as proteções florestais e tem sido ligado a práticas de trabalho escravo, enquanto fornece indiretamente a gigantes da indústria de bebidas como a Coca-Cola e a Schweppes.
“Conduzimos este projeto de pesquisa inovador para chamar a atenção para a agenda destrutiva dos ruralistas e fornecer novas e eficazes formas de influenciar seu comportamento imprudente, focando nas relações econômicas globais que os sustentam”, diz Christian Poirier, da Amazon Watch. “Enquanto nossos parceiros brasileiros resistem ao ataque brutal contra a Amazônia e seus povos, liderado pela bancada ruralista, nos solidarizamos oferecendo ferramentas para apoiar seus esforços críticos”, complementa.
“Nós, povos indígenas, sabemos que grandes bancos e empresas de fora do Brasil, incluindo holandeses e chineses, estão apoiando os ruralistas em seus esforços para destruir comunidades indígenas e tradicionais e nossas florestas e rios”, disse Alessandra Korap Munduruku, coordenadora da associação indígena Pariri. “Eles vêem as árvores e a água como dinheiro, mas é nosso lar – não temos outro jeito de viver. Nós, e toda a humanidade, dependemos da Amazônia e temos a responsabilidade de defendê-la.”
“Como o governo brasileiro e os líderes políticos ruralistas promovem os interesses econômicos acima de tudo, os mercados internacionais e os consumidores globais têm um papel fundamental a desempenhar”, declara Tica Minami, coordenadora da Campanha da Amazônia do Greenpeace Brasil. “Cidadãos de todo o mundo podem deixar claro que não aceitam mais consumir produtos contaminados com destruição de florestas e abusos de direitos, comprometendo assim a reputação global dos interesses do agronegócio brasileiro”.
Confira o relatório completo (em inglês): https://amazonwatch.org/news/2018/0911-complicity-in-destruction
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