Abrimos a Semana de Mobilidade com um “enterro” das 11 vítimas diárias dos coletivos a diesel da maior metrópole do país
Na manhã desta segunda-feira (18/9), a morte passou pela Câmera
Municipal de São Paulo. Trazia com ela as 11 vítimas dos ônibus a
diesel. O ato, bastante simbólico, foi um protesto de nossos ativistas
para marcar a média diária de pessoas que morrem precocemente por
doenças geradas ou agravadas pela poluição do ar resultante da queima
desse combustível – 2.871 pessoas no acumulado deste ano.
Para lembrar a importância disso, colocamos uma lápide em frente ao portão central. Ela simboliza a própria morte da cidade de São Paulo, que perde conhecimento, experiências e afetos junto com essas vidas.
Com banners, nossos ativistas enviaram uma mensagem forte diretamente
a quem cabe enfrentar o problema: “Milton Leite e Dória, essa conta é
de vocês”. O presidente da Câmara tenta aprovar um projeto de lei que
prorroga os ônibus a diesel na cidade sem um plano claro para zerar as
emissões no futuro; e o prefeito da cidade, João Doria, pode exigir que
as empresas adotem veículos menos poluentes na próxima licitação do
transporte público.
“Nesta Semana da Mobilidade, muito se defende o transporte público de
qualidade como opção ao carro particular, mas essa qualidade passa por
garantir que ele seja saudável para as pessoas e para o ambiente, por
meio de combustíveis renováveis e não poluentes. É possível e necessário
zerar as emissões dos ônibus em menos de uma década, mas vereadores e a
Prefeitura ainda se recusam a definir um prazo para isso, prolongando
as mortes por poluição”, afirma Davi Martins, especialista de mobilidade
urbana do Greenpeace.
Segundo o patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, a cada duas horas exposto ao trânsito de São Paulo equivale a fumar um cigarro. Se fomos capazes de combater o fumo em locais fechados, é hora de enfrentar a poluição do ar causada pelo diesel.
Embora crianças e idosos sejam os mais afetados, esta fuligem atinge a
todos, mas quem sofre mais são aqueles que têm menos recursos para
gastar com saúde e remédios. Um relatório do Instituto Saúde e Sustentabilidade (ISS),
lançado em abril deste ano, calculou que, se nada for feito, 178 mil
pessoas morrerão precocemente até 2050. Por outro lado, a adoção de
ônibus elétricos em toda a frota a partir de 2020 poderá salvar 13 mil
vidas – uma por dia, durante todo esse período.
E porque começar a limpar o ar pelos ônibus? Eles representam menos
de 4% da frota de veículos que rodam pela cidade, mas são responsáveis
por quase metade (47%) desta fumaça preta que encobre a cidade. As
tecnologias mais limpas e renováveis já estão disponíveis e mostramos em
nosso Dossiê Ônibus Limpo que elas já são viáveis técnica e financeiramente.
Um "cemitério" foi montado na Câmara dos Vereadores de São Paulo © Barbara Veiga / Greenpeace
Para lembrar a importância disso, colocamos uma lápide em frente ao portão central. Ela simboliza a própria morte da cidade de São Paulo, que perde conhecimento, experiências e afetos junto com essas vidas.
A morte de pessoas também representa a morte da cidade © Barbara Veiga / Greenpeace
Cobrança a quem cabe solucionar o problema © Barbara Veiga / Greenpeace
Segundo o patologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Paulo Saldiva, a cada duas horas exposto ao trânsito de São Paulo equivale a fumar um cigarro. Se fomos capazes de combater o fumo em locais fechados, é hora de enfrentar a poluição do ar causada pelo diesel.
Diversas doenças cardíacas, respiratórias, câncer, e
prematuridade estão relacionadas diretamente à poluição do ar causada
pelo diesel © Barbara Veiga / Greenpeace
Conscientizar a população é uma das formas de ampliar a
pressão pública por um ar mais limpo © Barbara Veiga / Greenpeace
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