Projeto que prevê estender o diesel nos ônibus da capital paulistana
por mais dez anos terá pontos revistos, como a adoção de sanções para
empresas que descumprirem as metas de redução de emissões
A poluição dos ônibus a diesel na cidade de São Paulo está
relacionada a 4600 mortes por ano. Foto: Fabio Arantes/ Secom
Nesta quarta-feira (30/08), representantes do Cidade dos
Sonhos, Idec, Minha Sampa, Greenpeace e Rede Nossa São Paulo se reuniram
com Milton Leite, vereador e presidente da Câmara Municipal, para
discutir a proposta de alteração da Política de Mudança do Clima da
cidade de São Paulo (Lei 14.933/2009), que colocava 2018 como prazo
final para que todos os ônibus da cidade fossem movidos a energia limpa,
o que já não pode ser cumprido.
As organizações presentes na reunião apresentaram dados sobre a
poluição dos ônibus em São Paulo e propuseram mudanças no projeto de lei
que o presidente da Câmara pretende colocar em votação. Além disso,
ressaltaram a necessidade e a viabilidade de se promover a transição
completa para ônibus com emissão zero de poluentes no máximo até 2028
(ainda que seja possível promovê-la em 4 anos), a importância de um
controle mais rígido do cronograma de substituição dos ônibus a diesel
por ônibus limpos e a aplicação de sanções para as empresas que
descumprirem a meta.Depois de ouvir as demandas das organizações acima, o vereador Milton Leite se comprometeu a rever diversos pontos de seu projeto de lei, dentre eles:
-
elevar substancialmente as metas de redução de emissões para o período de dez anos, possivelmente diferenciando metas para veículos de maior e menor porte;
-
adicionar sanções firmes para as empresas que descumprirem as metas de redução;
-
incluir a participação da sociedade civil no comitê gestor que vai monitorar a transição e o controle anual da substituição dos ônibus pelas empresas;
-
definir que os relatórios de emissões apresentados pelas empresas serão avaliados por auditorias independentes.
“Avançamos significativamente no diálogo rumo a uma boa revisão da lei, mas ainda é preciso garantir que as metas de corte de emissões e as sanções para caso de descumprimento sejam firmes. Apresentamos estudos que mostram a viabilidade de zerar emissões em até dez anos, e agora aguardamos um novo texto que esteja à altura do desafio”, afirmou Pedro Telles, do Greenpeace.
Para Rafael Calábria, do Idec, “a redução de emissão de poluentes é fundamental para a qualidade de vida na cidade, e entendemos que a participação social e o estabelecimento de soluções para as empresas são bons passos para conseguirmos cumprir a lei, evitando erros que foram cometidos na atual lei de 2009 que não foi cumprida”.
Outros dois substitutivos, dos vereadores Caio Miranda e Gilberto Natalini, tramitam na Câmara sobre o mesmo assunto e ambos, além de trazerem um controle mais rígido do cronograma de transição, preveem o corte total de emissões de poluentes pelos ônibus da cidade, o que não consta no atual texto de Milton Leite. O texto de Caio Miranda prevê a transição completa para combustíveis limpos em até 10 anos, já o de Gilberto Natalini, para 15 anos. Ambos podem ser melhorados.
Em 16/09, às 10h, uma nova audiência pública foi agendada
na Câmara Municipal para discutir a emissão de poluentes pelos ônibus da
cidade e contará com a participação de especialistas, empresas,
vereadores e da sociedade civil.
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