Veja porque mesmo mais caros eles já valem a pena

Único veículo 100% elétrico, da BYD, atualmente em teste nas ruas de São Paulo. A frota paulistana tem quase 15 mil ônibus e a licitação que contratará as novas empresas do transporte público é a oportunidade de incentivar a sua adoção. Foto: Heloísa Ballarini/Secom
  Eles não emitem poluentes no ar e são muito mais silenciosos, o que beneficia a saúde, o ambiente e o clima. Mas a adoção desta nova tecnologia tem sido evitada sob a desculpa de que é muito cara. Apesar de um ônibus elétrico custar o dobro de um similar a diesel, investir neles já vale a pena, financeiramente, a despeito de qualquer vantagem para os seus pulmões e coração. Veja porquê:
1. Financiamento para compra
O investimento para a compra dos veículos pode ser facilitado por vários fundos específicos voltados a financiar infraestrutura e tecnologias que ajudem a combater o aquecimento global. E isso inclui os ônibus elétricos. Banco Mundial, Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e BNDES, que estão entre os principais financiadores de políticas de mobilidade urbana no mundo, já anunciaram planos de reduzir drasticamente os recursos disponíveis para projetos que envolvam combustíveis fósseis, como o diesel.
2. Bateria por leasing
As baterias duram em média cinco anos e são o item que mais pesa no preço de um ônibus elétrico. Mas em vez de comprá-las, a alternativa seria alugá-las, por meio de contratos de leasing com os próprios fabricantes. Isso reduziria o custo inicial em 60%, tornando o preço próximo aos convencionais a diesel. Detalhe: ao final da vida útil, as baterias são devolvidas para serem recicladas.
3. Economia no abastecimento
A eletricidade é mais barata que o diesel. O custo médio para abastecer as baterias pode ser 64% menor do que um tanque beberrão de óleo, segundo testes operacionais*. Essa economia seria ainda maior se considerarmos que a energia consumida pode vir do sol, por meio da instalação de painéis fotovoltaicos em garagens e terminais de ônibus da cidade. Motores elétricos têm eficiência de 90% contra cerca de 30% dos motores a combustão, o que significa também um rendimento maior.
4. Menor custo de manutenção
Com baterias arrendadas por leasing, o custo de manutenção é 25% a 50% menor, segundo testes operacionais*. Em comparação ao motor à combustão, os elétricos são compostos de menos peças que exigem revisão constantes.
5. Duram 50% mais
Enquanto a vida útil dos ônibus a diesel é de 10 anos, os elétricos são autorizados a rodar por 15 anos – um mecanismo adotado na licitação justamente para que o custo de novas tecnologias seja amortizado. Ao final deste período, os ônibus elétricos revelam que o investimento compensa: o custo operacional de mantê-los rodando é 15% menor do que os fumacentos a diesel.
6. Estímulo à produção nacional
Atualmente há três fabricantes de ônibus elétricos e híbridos no país: a brasileira Eletra, a chinesa BYD, e a alemã Volvo. Todas afirmam que poderiam ampliar sua produção – e assim gerar mais empregos e capacitação técnica –, se a demanda por pedidos aumentar. Isso incentivaria uma nova cadeia produtiva mais moderna e alinhada ao enorme potencial de geração de energia limpa do Brasil, por meio de solar, eólica e biomassa, que podem complementar os 65% da geração hidrelétrica já existente.
7. Menos pressão na Saúde
Se toda a frota dos ônibus de São Paulo fosse elétrica a partir de 2020, seriam evitadas 13 mil mortes precoces até 2050. Isso representa, por baixo, R$ 45 milhões de economia apenas com internações públicas e privadas, como estimou um estudo produzido pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade. Uma gestão eficiente precisa ser integrada. Atualmente, a área da Saúde, já sobrecarregada, é quem paga a conta pelas más escolhas da área de Transporte, como o uso do diesel.
 
*Fonte: Dossiê Ônibus Limpo – Benefícios de uma transição para combustíveis renováveis na frota de São Paulo.