No fim de semana, o Seminário Socioambiental – O Amapá que Queremos Ver reuniu a sociedade civil para promover debates sobre os principais vetores de destruição dos ecossistemas locais
Cacique Jackson, do povo Karipuna, uma das terras indígenas perto do Oiapoque (AP).
Ele teme o plano de empresas estrangeiras de explorar
petróleo na costa do Amapá. “Todo o impacto que vem do mar afeta nossa
vida. Se acontecer um vazamento, o que será dos peixes? O que será da
floresta?”, disse. (Foto: ©Mídia Ninja)
Um Amapá assim só é possível diante da mobilização e participação de movimentos socioambientais e da sociedade civil, como foi visto no primeiro Seminário Socioambiental – O Amapá que Queremos Ver, que aconteceu nos dias 12 e 13 de maio, na capital Macapá.
Raimunda é moradora do município de Ferreira Gomes.
Desde a construção de uma barragem na região, em 2014, foram
registradas três vezes uma alta mortandade de peixes no rio Araguari,
afetando a vida da população local, principalmente dos que dependiam da
pesca. (Foto: ©Mídia Ninja)
Essas pessoas são aqueles diretamente impactados pela expansão do agronegócio e de grandes obras de infraestrutura na Amazônia e, dificilmente, encontram canais para dar vazão às suas demandas e denúncias sobre a atuação do poder público e de empresas pelo estado.
“Esse é o povo brasileiro que só tem acesso ao ônus do modelo de desenvolvimento adotado pelo país. E esse modelo é usado como justificativa para concretizar a destruição da floresta e continua concentrando renda e terras nas mãos de poucos e, que de desenvolvimento mesmo para a população local, não traz nada”, disse Carolina Marçal, da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.
José Ayrton trabalha há 40 anos no garimpo.
Hoje sofre com os efeitos do contato com o mercúrio e com a
falta de apoio do governo. “A maioria dos pequenos garimpeiros não
consegue trabalhar na formalidade porque o governo não nos dá amparo
algum”. (Foto:©Mídia Ninja)
Todos os temas abordados se agravam diante da incapacidade do poder público de assegurar transparência e participação social. O seminário e a alta adesão a ele mostraram um forte senso de união entre a população, que mesmo de diferentes origens, tem em comum o desejo de um futuro melhor para o estado e seus habitantes. O evento marcou a retomada do diálogo e da mobilização entre essas pessoas. E os próximos passos estão sendo planejados. O Amapá que queremos está diante de nós.
Dona Dercy Guimarães veio da comunidade de Boa Esperança, no Pará.
Ela compartilhou a história de seu povo. “A gente discute lá
o crédito de carbono, problemas da expansão da soja e das madeireiras.
Nunca tinha me passado pela cabeça que outros tinham os mesmos
problemas. Por isso precisamos nos unificar, para que os movimentos não
sejam isolados. É juntos que vamos construir uma sociedade justa”.
(Foto: ©Mídia Ninja)
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