Um ano após a apresentação da proposta ao Congresso Nacional, lei do
Desmatamento Zero começa a tramitar e cria ambiente para debater
retrocessos ruralistas
Porta-voz do Greenpeace, Cristiane Mazzetti, da campanha da Amazônia, abriu o debate (© Alan Azevedo / Greenpeace)
Em meio a uma onda sufocante de retrocessos agenciada pelo governo Michel Temer em aliança com a Bancada Ruralista,
a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado
promoveu um importante momento de respiro para a pauta ambiental ao
colocar em debate a proposta de lei pelo Desmatamento Zero para o
Brasil.
Entregue há mais de um ano ao Congresso Nacional, o projeto conta com
a assinatura de 1,4 milhão de brasileiros, além do apoio de diversas
organizações e movimentos da sociedade civil. Ao colocar a matéria em
discussão nesse contexto de domínio ruralista das pautas parlamentares, a
comissãa mostra que está disposta a dialogar sobre o fim do
desmatamento no Brasil e a refletir sobre o momento em que o país se
encontra, onde importantes direitos socioambientais estão sendo
ameaçados.Ao lado de Cristiane Mazzetti, da campanha de Amazônia do Greenpeace, participaram da mesa de trabalho Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, Fabíola Zerbini, da Tropical Forest Alliance, Ima Vieira, do Museu Emílio Goeldi e Raoni Rajão, da UFMG.
A porta-voz do Greenpeace abriu o debate contextualizando o cenário político. “É um momento complicado. Estamos vivendo a escalada da violência no campo, o aumento do desmatamento, o desmonte das leis trabalhistas… isso faz parte de um amplo pacote de medidas ruralistas que o governo faz avançar em tempo recorde”.
Mazzetti seguiu explicando a importância de acabar com a destruição florestal, tanto para o país como para o mundo. Segundo ela, o desmatamento zero contribui não apenas para a recuperação dos serviços ambientais da floresta Amazônica, onde o desmatamento voltou a avançar com força, ou para a funcionalidade do ciclo de chuvas da América do Sul. A proposta é fundamental para a luta global contra as mudanças climáticas, que tem o desafio de não deixar o planeta aquecer mais que 1,5ºC.
“O desmatamento é o maior nos últimos oito anos e coloca em risco os compromissos internacionais do Brasil com o clima”, afirmou Mazzetti.
O debate incluiu também o pacote de medidas retrógradas
ruralistas que avançam sobre os direitos socioambientais (© Alan Azevedo
/ Greenpeace)
O texto segue em debate da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, até que o relator e proponente da audiência, João Capiberibe (PSB/AP), conclua seu parecer. Se aprovada na comissão de legislação participativa, a matéria seguirá tramitando em outras comissões do Senado
Conectando as pessoas contra os retrocessos
O senador Capiberibe leu, durante a audiência, nota
no jornal sobre a criação da frente da resistência ao governo Temer e
seus aliados ruralistas, composta até o momento por mais de 100
organizações e movimentos da sociedade civil. “Essa carta é um diagnóstico preciso do drama e do retrocesso político que estamos vivendo”.
Cristiane Mazzetti destacou que a carta das
organizações é apenas o começo. “Esse é o caminho. Precisamos mobilizar,
conectar as pessoas para resistirem contra os retrocessos’’.
No comments:
Post a Comment
Note: Only a member of this blog may post a comment.