por
Rosana Villar
Hoje é o Dia de Proteção das Florestas, uma data para lembrar que
existem pessoas que lutam todos os dias para defender tesouros
insubstituíveis
A Amazônia é tão grandiosa que é difícil imaginar que uma força da
natureza deste tamanho possa ser afetada pela ação humana. “Uma árvore a
menos não vai fazer diferença”, diriam. “Oito mil quilômetros quadrados
de desmatamento são insignificantes”, disse de fato o atual Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Mas, na verdade, a Amazônia tem um limite e, segundo estimativas recentes, estamos bem perto de atingi-lo.
É o que os cientistas chamam de “ponto de não retorno”, quando a
floresta não será mais capaz de exercer suas funções básicas, iniciando
um processo de reação em cadeia irreversível, que mudará para sempre a
paisagem e o clima no mundo.
Pesquisas recentes, que levam em consideração as mudanças que já
podemos ver no clima, sugerem que este ponto seria alcançado caso o
desmatamento da Amazônia chegue 25% de sua área. Estamos bem próximos
disso: só nos últimos 50 anos já perdemos quase 20% da floresta.
E a situação deve piorar rapidamente,
segundo os últimos dados de alertas do desmatamento na Amazônia,
divulgados pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), houve
um aumento de 88% no número de alertas em junho de 2019, em comparação
com o mesmo mês do ano passado. Embora não sejam os dados consolidados
do desmatamento, eles apontam um cenário alarmante. Apenas no último
ano, cerca de 1 bilhão de árvores foram derrubadas, uma área equivalente
a mais de 5 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Quase tudo, de
forma ilegal.
A Amazônia é fundamental para a distribuição de umidade pelo
continente e para o controle do clima em todo o mundo. Isso não é fake
news, é algo que vem sendo provado e comprovado pelos mais diversos
ramos da ciência. Mas negar sua importância é bom para os negócios de
quem lucra com a destruição da floresta. Ou você achou que eles estavam
preocupados com o seu futuro?
Para estas empresas e políticos vale a pena desmatar, vale a pena
colocar em risco a vida das futuras gerações, vale a pena criminalizar
quem trabalha para proteger a floresta. Mas, para nós, não.
Estou há cinco anos nessa missão de tentar “salvar as florestas”
junto do Greenpeace e a verdade é que trabalhar como ambientalista não
tem “mamata” nenhuma, como gostam de dizer políticos e ruralistas. Nossa
vida não tem almoço grátis de lagosta pago com o dinheiro do
contribuinte. Na maior parte do tempo é só estrada de lama, mosquito e
noites acordada preparando as histórias e denúncias que contaremos ao
mundo. Sem contar a violência a que estamos expostos: nos últimos dois
anos, o Brasil foi considerado o país mais perigoso do mundo para lutar pela defesa da terra, da água e das florestas.
Não há glamour em proteger a floresta. Mas não há um só dia na minha
vida que eu não sinta que estou onde deveria estar, fazendo o que
deveria fazer. Proteger a floresta importa e nós devemos fazer tudo o
que estiver ao nosso alcance. Todos nós.
Faça parte do abaixo-assinado e exija que empresas e governos tomem uma atitude.
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