No dia 3 de julho, em entrevista ao canal GloboNews, o Ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, deu um show. E foi de mágica. Em quase uma hora e meia de sabatina, Salles desfilou números e conceitos inexistentes para enganar o público espectador, tentando assim justificar a injustificável agenda antiambiental que o governo implementa no país (acesse aqui a tabela com a lista de retrocessos do governo)
No auge de sua surreal participação, o ministro chegou a dizer que os quase 8 mil km2 de desmatamento ocorridos na Amazônia entre 2017 e 2018 eram insignificantes e beiravam o zero. Para chegar a tal raciocínio, o genial ministro calculou o número do desmatamento pelo tamanho total da Amazônia, e então criou o seu conceito de insignificância das atuais taxas de destruição da floresta.
Utilizando o mesmo raciocínio do ministro, poderíamos também dizer que não existem homicídio no Brasil, visto que se comparados com o tamanho total da população (63 mil homicídios para cerca de 200 milhões de brasileiros), aqueles que foram mortos representam percentual próximo de zero. Um absurdo!
Ainda na esteira da matemática criativa de Salles, se por acaso você tiver um empréstimo de aproximadamente R$ 10 mil com algum dos maiores bancos em funcionamento no país, poderia se aproveitar e tentar alguma vantagem financeira. Basta calcular o valor percentual de sua dívida de acordo com o patrimônio do seu banco. O resultado seria provavelmente um valor irrisório. Pela lógica do ministro, sua dívida estaria zerada.
Apesar das inconsequentes declarações, a Amazônia brasileira corre sério risco. Cerca de 20% da floresta já foi desmatada ao longo da história e, apenas no período passado (faixa de tempo usada pelo ministro para fazer o tal cálculo), cerca de 1 bilhão de árvores foram derrubadas, uma área equivalente a mais de 5 vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Quase tudo, de forma ilegal.
Estas e outras realidades paralelas criadas pelo Ministro de meio ambiente durante a entrevista foram analisadas pelo Observatório do Clima e ainda pela jornalista Miriam Leitão.
Apenas como referência, vale lembrar que Salles foi condenado pela justiça de São Paulo por fraude ambiental quando exerceu o cargo de secretário de Meio Ambiente da Gestão de Geraldo Alckmin no Estado. Nada mais revelador.
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