Greenpeace Brasil
Chuva na região amazônica contribuiu para a queda dos focos de calor no bioma, mas está longe de mitigar o estrago causado pelos 1.000 dias de governo antiambiental de Bolsonaro
Segundo dados do Inpe Queimadas, divulgados hoje, em setembro foram registrados 16.742 focos de calor no bioma Amazônia, todos ilegais, já que o Decreto nº 10.735, que proibiu o uso do fogo no Brasil desde 28 de junho de 2021, segue vigente.
Em setembro de 2021 os focos se concentraram nos estados do Acre 24%, Pará 23% e Mato Grosso 17%. Houve redução de 48% do número de focos de calor no bioma Amazônia, que está provavelmente relacionada à maior concentração de chuvas na região quando comparada ao mesmo mês em 2020. Regiões críticas que costumam queimar nesse período tiveram aumento expressivo de precipitação no último mês, segundo dados do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia), o que dificulta ou inviabiliza o uso do fogo, como é o caso da região da AMACRO (sul do Amazonas, norte de Rondônia e Acre), terra do meio e sul do estado do Pará.
“A queda pontual nos focos de calor, em um mês com maior ocorrência de chuvas, não muda a grave realidade do que vem ocorrendo no chão da floresta, fomentada por Bolsonaro em mil dias de governo. Não há motivo para celebrar, tendo em vista que nos últimos anos a destruição ambiental atingiu patamares muito elevados e não existe por parte do governo federal qualquer plano capaz de reverter a situação”, afirma Cristiane Mazzetti, gestora ambiental do Greenpeace.
Os municípios de Porto Velho (RO), Colniza (MT) e Lábrea (AM), registraram os maiores números de focos de calor em setembro. Juntos, os três municípios concentraram 24% dos focos do período.
O fogo e o desmatamento contribuem negativamente com a crise do clima e, portanto, com a ocorrência de extremos climáticos como secas severas e enchentes recordes. Além disso, a destruição empurra a Amazônia cada vez para mais perto do seu limite, comprometendo seu papel de aliada no enfrentamento à crise climática.
Isso já está se tornando realidade em alguns lugares, a exemplo do
estudo liderado pela pesquisadora do Inpe, Luciana Gatti, que mostrou
que a região sudeste da Amazônia está emitindo mais carbono do que
absorvendo, como efeito das mudanças climáticas e intensificação do
desmatamento na região, que estressam o ecossistema e o deixam mais
vulnerável ao fogo.
“Somente Lábrea, Sena Madureira e Porto
Velho, municípios da região conhecida como AMACRO, concentraram 23% dos
focos de calor registrados agora em setembro. Este avanço da destruição
em novas fronteiras como sul do Amazonas, norte de Rondônia e Acre
preocupa, pois chega cada vez mais perto de áreas de florestas
conservadas da Amazônia. Áreas que são vitais para conter a emergência
climática e a perda de biodiversidade”, conclui Cristiane.
A Amazônia segue sob intensa ameaça e a ilegalidade e destruição continuam devastando grandes áreas, conforme mostram as imagens registradas em sobrevoo recente pela região. Veja as imagens.
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