por
Camila Doretto e Marcelo Laterman
Em oito dias, realizamos mergulhos, documentamos impactos e
coletamos amostras para avaliar a extensão dos danos do petróleo, que
deixa manchas, mas também marcas invisíveis aos olhos
Praia do Cupe, litoral sul de Pernambuco, onde encontramos óleo submerso no recife de corais. © Fernanda Ligabue / Greenpeace
Depois de 15 mergulhos e 340 quilômetros navegando em regiões de
recifes de corais na costa do Nordeste impactada pelo óleo, chega ao fim
a expedição de pesquisa marinha do Greenpeace em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Projeto Conservação Recifal.
Durante os oito dias em que permanecemos no mar, fizemos mergulhos
desde áreas costeiras até 11 quilômetros de distância do continente, e
além da coleta de amostras de sedimentos e água que serão analisados em
laboratório, documentamos em vídeo e foto os ecossistemas recifais. A
análise do que foi coletado será feita pelos laboratórios de
Oceanografia Química e Geológica da UFPE. Além das grandes manchas, o
maior desastre ambiental em extensão por derramamento de óleo já
ocorrido no país também tem deixado marcas que não são visíveis a olho
nu.
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Oficiais da Marinha e ativistas do Greenpeace na
coleta do óleo encontrado dos recifes de coral da Praia do Cupe (PE). ©
Max Cavalcanti / Greenpeace
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No último dia 16 de novembro, encontramos óleo submerso, preso em sedimentos nos recifes de corais da
Praia do Cupe, no município de Ipojuca, litoral sul de Pernambuco. Além
do trabalho que já vínhamos fazendo de coleta e documentação
subaquática, informamos imediatamente à Capitania dos Portos de
Pernambuco, responsável por essa remoção.
Dois dias depois, em 18 de novembro, voltamos à Praia do Cupe e
encontramos com oficiais da Marinha mergulhando nos recifes em busca do
óleo. Segundo os oficiais presentes na praia, eles tinham ido ao local
por conta do contato que havíamos feito com a Capitania dos Portos. No
mesmo dia, efetuamos juntos a busca pelo óleo no ponto indicado.
Corais
da espécie Mussismilia harttii mortos no fundo do mar em região próxima
a Maracaípe, litoral sul de Pernambuco. © Max Cavalcanti / Greenpeace
O petróleo é mais uma das grandes ameaças aos corais , que já vêm sendo impactados pelo aumento da temperatura do mar, sobrepesca, poluição da água e turismo. Durante um dos nossos mergulhos numa região próxima à costa de Maracaípe, também no município de Ipojuca,
encontramos
uma colônia morta de corais da espécie Mussismilia harttii, que hoje
está na categoria “Em Perigo” da Lista Vermelha das espécies ameaçadas
no Brasil. A espécie já foi uma das mais abundantes nos recifes
brasileiros, mas desde a década de 1960 tem sido registrado o declínio
de suas populações.
“
Criar áreas de proteção é uma das medidas para amenizar esses impactos que nós, humanos, estamos provocando. Nós
não conseguimos atuar para excluir totalmente os impactos gerados, por
exemplo, pelas mudanças climáticas, para isso precisamos de uma política
global. O que a gente consegue é tirar o impacto local do turismo feito
de forma inadequada ou a sobrepesca e, através dessas ações locais,
diminuir os danos e favorecer a recuperação natural desses
ecossistemas”, explica Mirella Costa, pesquisadora e professora da UFPE.
Veja no mapa o percurso da nossa embarcação na segunda etapa da expedição:
Vivemos em um país com um dos maiores potenciais de energias limpas e renováveis do mundo . Será que vale a pena colocarmos em risco toda a riqueza de vida existente e continuar insistindo em uma fonte fóssil e suja?
Participe do abaixo-assinado e nos ajude a pressionar o governo brasileiro a parar com a destruição ambiental.
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