O monitoramento precário de petroleiros em nossa costa é reflexo da falta de recursos, informação, capacidade técnica e liderança do Estado brasileiro para enfrentar as consequências de um derramamento como o que tem afetado o Nordeste do país
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O exemplo mais claro desta falta de monitoramento foi a necessidade da Polícia Federal de receber ajuda de terceiros para chegar a uma lista de suspeitos. Porém, o caso segue em aberto e sem definição da origem do óleo e dos culpados do crime ambiental.
Atualmente, o fluxo de navios carregados de combustíveis fósseis destinados ao consumo interno e às exportações brasileiras ou de países vizinhos é enorme e sem controle. Para se ter uma ideia, nesta última terça-feira, 12 de novembro, 70 petroleiros navegavam pela costa do Brasil, entre o Amapá e o Espírito Santo, segundo imagens dataset de radar do Sentinel-1 (imagem acima).
Na última semana foram identificados dois casos de descarga irregular de óleo ou água oleosa feitas por navios na costa do Nordeste. Uma dessas descargas aconteceu no litoral potiguar e a outra, no paraibano. “É fato que estas duas descargas apenas não poderiam responder por todo o óleo que impacta as praias do litoral nordestino. Mas se torna necessário pesquisar mais em que frequência estas descargas tem acontecido. Isso pode ser feito gratuitamente utilizando as imagens de radar do sistema Sentinel e um dos sistemas de controle de tráfego de navios existentes”, diz Ricardo Baitelo, coordenador de Clima e Energia do Greenpeace.
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A segunda descarga aconteceu no dia 24 de julho. A mancha de óleo aparenta ter atingido 85 km de extensão sobre o mar, na altura do município de São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte. Bem no meio do rastro de óleo estão localizados bancos de corais como a Coroa das Lavadeiras, Urca da Cotia, São Miguel do Gostoso, Touros, Baixio da Cioba e Baixio do Cação.
Ambientes oceânicos ao redor dos recifes profundos da borda da plataforma continental, como os recifes João da Cunha e adjacências, localizados em frente ao município de Areia Branca (RN) até a divisa com o Ceará, podem ter sido expostos a esta descarga. A região é considerada como detentora de um dos maiores recifes do norte do Brasil.
Em outubro, a SkyTruth, uma plataforma independente de sensoriamento e análise para monitorar ameaças ao meio ambiente por meio de imagens de satélite, já tinha identificado outra mancha de óleo nas águas brasileiras.
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É fundamental que o Estado realize um monitoramento amplo e coiba a prática de despejo de óleo no mar, com mais comando e controle. Este tipo de prática altamente poluidora é mais uma faceta de como os combustíveis fósseis, que têm origem em animais extintos, está nos aproximando da extinção.
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