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Wednesday, November 13, 2019
Óleo no Nordeste: chega ao fim a primeira etapa da expedição na Costa dos Corais
por
Camila Doretto e Marcelo Laterman
Percorremos 226 quilômetros e realizamos mergulhos a 20 metros de
profundidade, em um esforço coletivo de aprofundar o conhecimento do
real impacto na região
Óleo no Nordeste: pesquisadores fazem mergulho para estudar impactos do óleo na APA Costa dos Corais. Foto: Max Cavalcanti
Terminamos hoje a primeira etapa da expedição marinha
por regiões do Nordeste atingidas pelo maior derramamento de petróleo
em extensão já ocorrido no país. Embarcamos no último dia 8 de novembro,
em Recife, e passamos por regiões compostas por vastos ecossistemas
recifais onde pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)
e da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais mergulharam e
coletaram amostras de água e sedimentos.
Felizmente não encontramos manchas ou óleo acumulado no fundo do mar, mas o objetivo foi identificar se há presença de óleo diluído no ambiente e seu nível de toxicidade. Só
com informações qualificadas será possível buscar medidas eficazes de
mitigação do óleo na região, tanto em termos de biodiversidade como na
saúde das populações.
No total, percorremos 226 quilômetros e os mergulhos foram feitos
numa profundidade de até 20 metros, em um esforço coletivo de aprofundar
o conhecimento do real impacto na região. Veja o percurso que fizemos:
“Há algumas semanas, coletamos amostras de sedimentos de praias
afetadas e quando analisamos essas amostras, detectamos pequenas
gotículas de óleo, o que quer dizer que ele estava presente mesmo não
sendo perceptível a olho nu”, diz Mirella Costa, pesquisadora e
professora da UFPE.
No caso da análise da água de superfície e dos sedimentos do fundo do
mar coletados durante a expedição, a presença do óleo será detectada
através de uma metodologia que analisa a relação carbono / nitrogênio.
“A matéria orgânica particulada suspensa na água do mar exibe uma
característica de carbono/nitrogênio que na presença de óleo fica
significativamente elevada”, explica o professor Marius Muller, da UFPE,
que também participa da pesquisa. Mirella
Costa, pesquisadora da UFPE, faz coleta de água e sedimentos na Costa
dos Corais. Foto: Luiza Sampaio /WWF e Kalangoo Imagens
Ainda segundo Mirella Costa, apesar da maior parte dos esforços para
combater o óleo estar concentrada nas regiões de praia e mangue também é
importante fazermos análise das regiões submersas como essas onde estão
os recifes de corais. A logística para fazer esse tipo de
análise é complexa, mas é fundamental para termos uma ideia abrangente
do impacto em toda a vida na região.
Max Cavalcanti, cinegrafista e fotógrafo
subaquático, é um dos integrantes desta expedição. Morador da praia do
Janga, litoral norte de Pernambuco, acompanhou de perto esse crime
contra a vida. “Eu mergulho há uns 10 anos e uma das coisas que mais me
atrai no mar é também o que atrai as pessoas com quem eu convivo: a
vida.” E completa: “A gente sabe que esse óleo vai deixar sequelas”. Max
Cavalcanti, cinegrafista e fotógrafo subaquático, mergulha na APA Costa
dos Corais. Foto: Luiza Sampaio /WWF e Kalangoo Imagens
Nós também sabemos disso. E nessa crise percebemos a
incapacidade do governo em lidar com os impactos associados ao petróleo,
como é o caso desse grande derramamento, num momento em que há a
intenção de aumentar a exploração, inclusive em áreas sensíveis. Será que vale a pena colocar em risco nossas riquezas naturais enquanto temos um dos maiores potenciais em fontes limpas e renováveis no mundo?
Em breve, iniciaremos uma segunda etapa, com novos mergulhos para mais pesquisas em outras regiões afetadas pelo óleo. Assine a nossa petição e
nos ajude a pressionar o governo brasileiro para investir em fontes de
energia limpas e renováveis e a parar com esta destruição ambiental.
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