Percorremos 226 quilômetros e realizamos mergulhos a 20 metros de profundidade, em um esforço coletivo de aprofundar o conhecimento do real impacto na região
Terminamos hoje a primeira etapa da expedição marinha por regiões do Nordeste atingidas pelo maior derramamento de petróleo em extensão já ocorrido no país. Embarcamos no último dia 8 de novembro, em Recife, e passamos por regiões compostas por vastos ecossistemas recifais onde pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais mergulharam e coletaram amostras de água e sedimentos.Felizmente não encontramos manchas ou óleo acumulado no fundo do mar, mas o objetivo foi identificar se há presença de óleo diluído no ambiente e seu nível de toxicidade. Só com informações qualificadas será possível buscar medidas eficazes de mitigação do óleo na região, tanto em termos de biodiversidade como na saúde das populações.
No total, percorremos 226 quilômetros e os mergulhos foram feitos numa profundidade de até 20 metros, em um esforço coletivo de aprofundar o conhecimento do real impacto na região.
Veja o percurso que fizemos:
“Há algumas semanas, coletamos amostras de sedimentos de praias afetadas e quando analisamos essas amostras, detectamos pequenas gotículas de óleo, o que quer dizer que ele estava presente mesmo não sendo perceptível a olho nu”, diz Mirella Costa, pesquisadora e professora da UFPE.
No caso da análise da água de superfície e dos sedimentos do fundo do mar coletados durante a expedição, a presença do óleo será detectada através de uma metodologia que analisa a relação carbono / nitrogênio. “A matéria orgânica particulada suspensa na água do mar exibe uma característica de carbono/nitrogênio que na presença de óleo fica significativamente elevada”, explica o professor Marius Muller, da UFPE, que também participa da pesquisa.
Ainda segundo Mirella Costa, apesar da maior parte dos esforços para combater o óleo estar concentrada nas regiões de praia e mangue também é importante fazermos análise das regiões submersas como essas onde estão os recifes de corais. A logística para fazer esse tipo de análise é complexa, mas é fundamental para termos uma ideia abrangente do impacto em toda a vida na região.
Max Cavalcanti, cinegrafista e fotógrafo subaquático, é um dos integrantes desta expedição. Morador da praia do Janga, litoral norte de Pernambuco, acompanhou de perto esse crime contra a vida. “Eu mergulho há uns 10 anos e uma das coisas que mais me atrai no mar é também o que atrai as pessoas com quem eu convivo: a vida.” E completa: “A gente sabe que esse óleo vai deixar sequelas”.
Nós também sabemos disso. E nessa crise percebemos a incapacidade do governo em lidar com os impactos associados ao petróleo, como é o caso desse grande derramamento, num momento em que há a intenção de aumentar a exploração, inclusive em áreas sensíveis. Será que vale a pena colocar em risco nossas riquezas naturais enquanto temos um dos maiores potenciais em fontes limpas e renováveis no mundo?
Em breve, iniciaremos uma segunda etapa, com novos mergulhos para mais pesquisas em outras regiões afetadas pelo óleo. Assine a nossa petição e nos ajude a pressionar o governo brasileiro para investir em fontes de energia limpas e renováveis e a parar com esta destruição ambiental.
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