Como e onde o Greenpeace está agindo por um mundo sem petróleo
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Há
um ano, foram publicadas as primeiras imagens dos Corais da Amazônia no
fundo do mar. Voluntários de várias cidades do Brasil fizeram
atividades no dia 28 de janeiro, com quebra-cabeças gigantes para chamar
atenção à ameaça que os corais sofrem da indústria do petróleo. @Kamila
Oliveira / Greenpeace
Em todo o mundo, as pessoas estão se manifestando contra a indústria de combustíveis fósseis e pedindo por ações que combatam a emergência climática.
Substituir o petróleo por uma matriz energética mais limpa é um caminho
urgente e necessário para atuarmos nesse combate. E nós, do Greenpeace,
estamos trabalhando ao lado de comunidades de vários países para que
possamos alcançar uma economia que se baseie em uma nova matriz
energética, não-fóssil, com menos emissões de CO2, renovável e limpa do
ponto de vista socioambiental.
É evidente que enfrentar a poderosa indústria de combustíveis fósseis
não é tarefa fácil: apenas 100 empresas do setor são responsáveis por
mais de 70% das emissões mundiais de gases de efeito estufa desde 1988.
Mas em um momento em que o mundo caminha para um aquecimento médio
catastrófico de 3 a 5 graus Celsius, precisamos agir com urgência para
enfrentarmos uma indústria que coloca em risco a vida de milhões de
pessoas ao redor do mundo.
Acompanhe um tour por alguns dos lugares onde o Greenpeace e
apoiadores estão lutando por uma transição do petróleo para energias
limpas e renováveis:
Brasil e Guiana Francesa
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Cientistas
a bordo do navio Esperanza na região dos Corais da Amazônia para
estudar a biodiversidade que existe ali. Foto: © Pierre Baelen /
Greenpeace
No norte mais norte do Brasil, na bacia da Foz do Amazonas, região onde o Rio Amazonas encontra o mar, existe um tesouro natural:
um sistema recifal de esponjas, rodolitos e corais escondido em uma
região onde ninguém imaginaria ser possível. Quando esses incríveis
recifes foram revelados na bacia da Foz do rio Amazonas, mais
especificamente entre o Brasil e a Guiana Francesa, ficou claro que ele
precisava ser protegido. A empresa francesa Total estava interessada em
perfurar petróleo, mas o Greenpeace, junto a cientistas, à população do
Amapá e a mais de 2 milhões de pessoas que assinaram uma petição online
para destacar os riscos que a exploração de petróleo poderia trazer aos
Corais da Amazônia entraram em ação e o governo brasileiro negou a
licença da Total. No entanto, ainda existem leilões de petróleo na costa
brasileira, o que faz com que o Greenpeace Brasil siga monitorando esse
descaso com a biodiversidade e populações locais.
Reino Unido
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Ativistas escalando a plataforma de petróleo da BP onde abriram um banner com os dizeres “Emergência climática” © Greenpeace
Apesar da petroleira BP dizer que quer reduzir suas emissões e
alinhar seus negócios aos objetivos do Acordo de Paris, a empresa
continua avançando com a extração de petróleo. A empresa ameaça explorar ao lado dos Corais da Amazônia, no Brasil, mas também pretende explorar no Mar do Norte. Em junho deste ano, uma plataforma de petróleo de 27.000 toneladas foi instalada próxima ao largo da costa da Escócia, e o Greenpeace esteve lá
para chamar a atenção para o problema para garantir que esta não
passasse despercebida. Por cinco dias, três grupos de alpinistas
impediram que a plataforma da BP deixasse o Cromarty Firth, na Escócia. E
a ação não parou por aí: no Mar do Norte, o navio do Greenpeace
Internacional, o Arctic Sunrise, tentou impedir que a sonda chegasse ao
local da perfuração. Além disso, os ativistas entregaram um processo
movido pela população pedindo à BP e à indústria que “imediatamente
encerrem a busca por novos combustíveis fósseis e iniciem uma transição
rápida e justa para se tornarem empresas de energia 100% renovável”.
Filipinas
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Oito
ativistas subiram em das unidades de armazenamento da gigante de
combustíveis fósseis Shell, ao sul de Manila, exibindo um banner com as
palavras “Shell, pare de queimar o nosso futuro”. © Geric Cruz /
Greenpeace
As comunidades nas Filipinas estão desafiando as empresas de
combustíveis fósseis a mostrarem responsabilidade por seu papel na crise
climática. Em setembro, ativistas do Greenpeace e representantes de
populações impactadas pelo clima bloquearam uma refinaria da Shell na
cidade de Batangas.
Os filipinos também pediram para a Comissão de Direitos Humanos do
país iniciar uma investigação histórica sobre a responsabilidade de 47
grandes produtores de combustíveis fósseis por violações de direitos
humanos relacionados ao clima após o tufão Yolanda (Haiyan), de 2013,
que matou mais de 6.300 pessoas e afetou milhões. Os resultados da
investigação são esperados para este ano ainda.
Estados Unidos
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Vinte
e dois alpinistas do Greenpeace EUA bloquearam a ponte Fred Hartman em
Baytown, Texas, fechando a maior via de combustível fóssil dos Estados
Unidos, antes do terceiro debate democrata nas proximidades de Houston.
Os alpinistas impediram o transporte de todo o petróleo e gás pelo
Houston Ship Channel, lar do maior complexo petroquímico dos Estados
Unidos. © Greenpeace
Nos Estados Unidos, Greenpeace está em campanha por um “Green New
Deal”, que pode ser traduzido livremente para o português como “Um
Grande Acordo Verde”, um acordo que inclui uma transição justa para
energias renováveis, criando milhões de empregos e interrompendo os
principais projetos de expansão de petróleo, gás e carvão.
Junto a grupos locais, o Greenpeace EUA se opôs às propostas de novos
oleodutos, bloqueou a maior via de combustível fóssil do país e se
levantou contra leis injustas e anti-protesto promovidas por empresas de
petróleo.
Austrália
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Espécie
de dragão-marinho (Phycodurus eques) na costa da ilha Kangaroo,
Austrália do Sul, onde o Greenpeace Austrália-Pacífico está em campanha
para defender a “Grande Baía Australiana”, uma área onde a empresa
norueguesa Equinor pretende explorar petróleo. © Richard Robinson /
Greenpeace
O Greenpeace Austrália-Pacífico está em campanha para defender o
“Great Australian Bight”, ou “Grande Baía Australiana”, uma área ao
largo da costa sul da Austrália onde a empresa norueguesa Equinor
pretende perfurar para explorar petróleo. O Bight é um terreno fértil
para baleias francas ameaçadas de extinção. Além disso, ele contém o que
é chamado de Grande Recife do Sul, um lugar que abriga grande
diversidade de vida, das quais, 85% não são encontradas em nenhum outro
lugar do mundo. Em agosto, foram suspensos os estudos sísmicos – feitos
com forte “explosões” submarinas que podem inclusive ensurdecer cetáceos
-, que teriam como objetivo mapear a área. Lideranças dos povos
tradicionais da região apelaram ao governo da Austrália pedindo a
proibição permanente da exploração de petróleo na região.
Alemanha
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Sob
o lema “Saia do motor de combustão – recuperação do tráfego agora!”,
mais de 20.000 pessoas protestaram em Frankfurt em frente ao Salão
Internacional do Automóvel (IAA). Os manifestantes pediram uma mudança
nas políticas de transporte para que o clima permaneça dentro da meta de
1,5o C do Acordo de Paris. © Kevin McElvaney / Greenpeace
Em setembro, durante o Salão Internacional do Automóvel, em
Frankfurt, o Greenpeace Alemanha trabalhou com outros grupos que atuam
na área de transporte ambiental e sustentável para organizar um protesto
maciço contra o motor de combustão interna. Cerca de 25 mil pessoas
participaram (18 mil, de bicicleta), destacando o papel da indústria
automobilística na condução da emergência climática. Na Europa, o
Greenpeace está pedindo às montadoras que eliminem gradualmente os
carros a diesel e a gasolina até 2028 e que os governos invistam em
infra-estrutura de transporte público movido a energia renovável
Rússia

Fyodor
Moldanov, nativo de Numto, é contra a perfuração de petróleo nas zonas
úmidas de Numto, perto de sua casa. No dia 17 de março de 2019, um
feriado tradicional de pastores de renas na vila de Numto, na Sibéria,
as pessoas se reuniram com representantes do governo russo e a companhia
petrolífera russa Surgutneftegas, pois se opõem ao plano da companhia
de perfuração de petróleo na área. © Daria Karetnikova / Greenpeace
Na Rússia, o Greenpeace está apoiando comunidades indígenas que se
opõem ao impacto da exploração de petróleo em seus meios de subsistência
e cultura. A maioria dos moradores de Nenets e Khanty, na Sibéria, não
foram devidamente consultados quando a companhia petrolífera russa
Surgutneftegas fez planos para perfurar as áreas úmidas da região. Para o
povo indígena Khanty, a extração de petróleo significa veículos pesados
destruindo terras, possíveis derramamentos de óleo envenenando a água e
menos lugares para as renas se alimentarem de plantas ou ervas
selvagens, uma vez que os Khanty vivem da caça, da pesca e da criação de
renas.
Canadá

Funcionários
do Greenpeace, voluntários, artistas, ativistas e membros da comunidade
pintando um grande mural nos arredores do Terminal Marítimo de West
Ridge, Burnaby. © Amy Romer / Greenpeace
Os impactos da exploração das areias betuminosas do Canadá são
globalmente significativos. Essas areias são como uma espécie de
petróleo em estado semissólido e a exploração do material é responsável
por emissões significativas de gases que intensificam o aquecimento
global. De acordo com um estudo de 50 países realizado pela Universidade
de Stanford, a indústria canadense de petróleo é a quarta maior
emissora de gases de efeito estufa (GEE) do mundo. O Canadá também é o
nono maior emissor na escala global de emissões.
O Greenpeace juntou-se à luta contra oleodutos que aumentariam a
exploração de areias betuminosas e levariam o óleo tóxico para a costa
do Pacífico, onde seria carregado em superpetroleiros para exportação –
cujo tráfego crescente ameaça os ecossistemas marinhos. O Greenpeace do
Canadá está apoiando ativistas e Protetores Indígenas da Água que estão
dizendo “não” a esse tipo de exploração.
Nova Zelândia
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Ativistas
com cartazes do lado de fora do escritório da empresa petrolífera
austríaca OMV, em Wellington © Greenpeace / Marty Melville
Embora o governo da Nova Zelândia tenha demonstrado algum avanço ao
proibir novas licenças de exploração de petróleo e gás em alto mar no
ano passado, as licenças de exploração que haviam sido concedidas até
então não foram canceladas. Por esse motivo, a gigante petrolífera
austríaca OMV ainda possui 17 licenças que, se colocadas em prática,
serão catastróficas em termos de impacto sobre o clima e representarão
mais riscos de derramamentos desastrosos de petróleo nas águas da Nova
Zelândia.
Em agosto deste ano, os ativistas do Greenpeace na Nova Zelândia
escalaram a sede da OMV em Wellington, onde ficaram por 10 horas e
fizeram um chamado aos neozelandeses para participarem de uma
mobilização em massa no mesmo local, três semanas depois. A chamada foi
respondida por mais de 100 pessoas que, juntas, entregaram uma petição à
OMV.
Noruega
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Uma
morsa em um bloco de gelo em Svalbard, local que fez parte da primeira
etapa de uma das maiores expedições de todos os tempos do Greenpeace: um
pólo de quase um ano de viagem do Ártico à Antártica para destacar as
muitas ameaças que os oceanos enfrentam e fazer campanha por uma Global
Tratado do Oceano que abrange todos os mares fora das águas nacionais. ©
Denis Sinyakov / Greenpeace
O governo norueguês está abrindo uma nova fronteira de petróleo no
Ártico. Aproveitar o derretimento do gelo para perfurar mais, não só
contraria os compromissos climáticos como viola a Constituição da
Noruega que diz que o Estado deve garantir a todos, incluindo as
gerações futuras, o direito para um ambiente seguro e saudável. Por
isso, o Greenpeace Nórdico e a Nature and Youth entraram com um processo
contra o governo norueguês.
Escrito por: Jesse Firempong, do Greenpeace Canadá.
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